Brasil terá seu primeiro cacique indígena para cargo-chave

RIO DE JANEIRO (AP) – O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou quinta-feira que Sônia Guajajara chefiará um novo Ministério dos Povos Indígenas, com mandato para supervisionar políticas que vão desde a demarcação de terras até a saúde.

Guajajara foi eleito para o Congresso em outubro. Ela é amplamente conhecida como a líder do principal grupo guarda-chuva de muitas tribos indígenas no Brasil e é membro da Amazônia Guajajara. Este ano, ele fez parte da lista anual da revista Time das 100 pessoas mais influentes do mundo.

“Isso é mais do que uma conquista pessoal”, disse Guajajara. “É uma conquista coletiva dos povos indígenas, um momento histórico de reparação no Brasil.” A criação do ministério é “uma confirmação do compromisso de Lula conosco”, disse ele em um tuíte.

Lula prometeu criar o gabinete indígena durante sua campanha presidencial. Em 1º de janeiro, ele volta ao poder, depois de ter governado o Brasil de 2003 a 2010.

A nomeação de Guajajara para esse cargo marca uma virada de 180 graus para o atual governo brasileiro. O ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado em outubro, é um opositor da terra e dos direitos indígenas com um histórico de comentários racistas. Em 1998, ainda um legislador marginal, ele falou no Congresso brasileiro elogiando a Cavalaria dos EUA por ter “dizimado seus índios” e lamentou que o Brasil não tivesse feito o mesmo.

As promessas de Bolsonaro de desenvolver a Amazônia e seu desmantelamento da aplicação da lei ambiental levaram a uma onda de madeireiros ilegais, garimpeiros e ladrões de terras no território nativo do Brasil. Segundo organizações indígenas locais, cerca de 20.000 garimpeiros ilegais agora operam ilegalmente apenas no território indígena Yanomami.

Guajajara se opôs ferozmente às tentativas de legalizar essas políticas, e essa oposição foi amplamente bem-sucedida. Ele também experimentou os assassinatos de 2019 e 2020 de cinco membros da tribo que lutaram contra madeireiros ilegais.

Após o anúncio oficial de sua nomeação e de outras 15 pessoas na capital Brasília na quinta-feira, várias organizações indígenas, incluindo a Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, a parabenizaram nas redes sociais pela indicação.

Uma organização de funcionários que trabalham com assuntos indígenas também parabenizou o futuro ministro e o movimento social indígena em geral pela indicação.

As terras onde vivem os povos indígenas do Brasil constituem um dos maiores sumidouros de carbono do mundo. A floresta amazônica atua como um amortecedor contra as mudanças climáticas, absorvendo grandes quantidades de dióxido de carbono.

Cerca de 13% do território brasileiro é demarcado como área indígena, aproximadamente o tamanho da Colômbia. A maior parte está na Amazônia e é coberta por floresta tropical.

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A cobertura ambiental e climática da Associated Press é apoiada por várias fundações privadas. Veja mais sobre a iniciativa climática da AP aqui. O AP é o único responsável por todo o conteúdo.

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