BC do Brasil mantém taxas, sinaliza preocupações fiscais de Lula

BRASÍLIA, 7 Dez (Reuters) – O Banco Central do Brasil manteve nesta quarta-feira as taxas de juros em 13,75% pela terceira decisão de política monetária consecutiva, destacando as incertezas fiscais decorrentes de um aumento planejado nos gastos do presidente eleito de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva .

A decisão do comitê de fixação de taxas do Copom do banco foi a primeira desde a vitória eleitoral de Lula em 30 de outubro.

Embora se esperasse que o banco mantivesse as taxas estáveis, seu alerta sobre os planos de gastos de Lula e seu possível impacto sobre a inflação aumenta o coro crescente de preocupação dos investidores que venderam ativos brasileiros.

“O comitê acompanhará de perto a evolução futura da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços dos ativos e nas expectativas de inflação, com potenciais impactos na dinâmica futura da inflação”, disse o banco central em comunicado, observando que a incerteza fiscal agora é “ aumentou”.

José Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, disse que a ênfase do banco nas preocupações fiscais foi o “maior sinal” de sua declaração, embora tenha dito que talvez tenha sido menos dura do que o esperado, dada a grande quantidade de gastos adicionais que aguardam o novo governo. . .

“Nosso cenário base após a proposta do governo de transição é de alta de juros em 2023, provavelmente no segundo semestre, porque a taxa de inflação deve subir”, afirmou.

Após 12 altas consecutivas que elevaram a taxa básica de juros do Brasil para a maior alta em quase seis anos, de uma mínima recorde de 2% em março de 2021, o banco central interrompeu seu ciclo de aperto em setembro em meio a sinais de que a inflação estava começando a ficar sob controle.

Desde então, as atenções se voltaram para quando o banco poderia começar a afrouxar a política monetária na maior economia da América Latina, apesar dos alertas das autoridades de que eles poderiam retomar os aumentos se os preços não caíssem como o esperado. Essa mensagem foi reforçada na declaração de quarta-feira.

No entanto, após a vitória de Lula e sua proposta multibilionária de aumento dos gastos sociais, as apostas em cortes de juros tornaram-se mais conservadoras.

O projeto de lei de gastos de Lula, que deve ser votado no Senado na quarta-feira, deve pressionar a dívida pública, implicando em custos de financiamento mais altos para a lei de juros altos do governo e ameaçando uma mudança na política monetária.

O banco central falou positivamente sobre a melhoria das perspectivas de inflação no Brasil, depois de cair das altas recentes de dois dígitos, mas também apontou a política fiscal do país sob Lula como uma fonte de incerteza.

A inflação brasileira desacelerou para 6,17% nos 12 meses até meados de novembro, ainda acima da meta de 3,5% para este ano.

O banco central elevou sua projeção de inflação neste ano para 6,0%, ante 5,8% anteriormente.

Para 2023 e 2024, que constituem o horizonte de política do banco, as projeções de inflação situam-se agora em 5,0% e 3,0%, respetivamente, face a 4,8% e 2,9% anteriormente. As metas oficiais são de inflação de 3,25% no ano que vem e de 3% em 2024.

A decisão do banco de manter a taxa básica de juros Selic era esperada por 31 dos 32 economistas ouvidos pela Reuters.

Reportagem de Marcela Ayres; Editado por Alistair Bell e Sam Holmes

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