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Folhapress

O filme tenta retratar a desigualdade em SP, mas tem um roteiro superficial

FOLHAPRESS) – Ainda é madrugada quando Adriana Ramos sai de casa com a filha. Depois de deixar a menina na casa da mãe às 5h50, ela se dirige ao ponto de ônibus para pegar o ônibus para o trabalho. É o primeiro único: seu deslocamento diário consiste em sete percursos, que a levarão a percorrer 55 km da cidade, do Jardim Helena, na zona leste de São Paulo, ao Jardim São Luís, na zona sul, em três horas. Apenas para ir. Sentados no sofá de casa, cansamos de ouvi-la descrever o caminho, nas cenas que abrem “São Paulo, uma cidade segregada” e resumem, de forma poderosa e eficaz, seu tema: a expansão desordenada da megalópole. O documentário de João Farkas aborda todos os principais aspectos do assunto. Não se consideram apenas as viagens longas, mas também os efeitos na qualidade de vida das pessoas a elas forçadas; preconceito contra quem mora longe, nos confins da cidade; o custo por metro quadrado nas regiões com melhor infraestrutura; a ameaça ambiental. Nesse sentido, é uma abordagem bem-vinda a uma questão que aflige todos os dias quem vive na periferia da cidade e que é varrida para debaixo do tapete de quem vive no seu centro todos os dias. Exibido em plataformas de TV e transmissão (o formato e o tempo do programa ainda não estão definidos), pode servir de porta de entrada para o telespectador perceber que, por mais que se pareça com uma cidade compacta e cinza, São Paulo, na verdade, não é muito densa, e essa baixa densidade cobra um preço alto de seus habitantes. O problema é tentar resolver essa questão provisória em menos de 40 minutos. A tentativa de contornar esse retrocesso ocorre, em termos estéticos, pela sobreposição de informações visuais e faladas. As camadas de informações retratam, de certa forma, a sinfonia da megalópole; mas nem sempre funciona para o todo. As cenas aéreas em que são projetadas as opiniões dos entrevistados impressionam até quem conhece São Paulo. Funcionam como recurso de transição entre diferentes testemunhos, para dar unidade ao filme. Por outro lado, no entanto, as imagens acabam sendo um pano de fundo um tanto disperso. Além da música e da abundância de informações que vão sendo colocadas em “voice over”, sem localizar o locutor, acabam criando um efeito dissonante. Os gráficos são mais eficientes, visualmente bem resolvidos, o que poderia ter sido mais explorado como um recurso de apoio à assimilação de informações. Colagens de imagens de reportagens de jornais e narrativas de televisão não funcionam da mesma forma, uma palavra falada sobre uma palavra escrita resulta em cacofonia. Em vez de fazer um corte vertical, que aprofunda o assunto, o filme, como São Paulo, se espalha, sobrevoando diversos assuntos, sem realmente mergulhar neles. A cidade precisa engrossar; Os recursos audiovisuais do filme, por outro lado, funcionariam melhor com uma pausa entre eles.

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