Primeiro, a maior preocupação era a liberdade de expressão e a capacidade de hipertrofia do poder das plataformas digitais como moderadoras de conteúdo. Agora, o grande problema é a enorme coleta de dados pessoais que o Fakes News PL pode promover, se o suposto texto do relator, senador Angelo Coronel (PSD-BA), que circulou na tarde desta sexta-feira, 6/19, se faça o próximo Segunda-feira, 22/6.
No debate realizado sexta-feira pelo CEDIS – IDPPouco antes da circular, Angelo Coronel reconheceu que o projeto é polêmico e reafirmou alguns pontos sobre os quais tem falado ultimamente para jornalistas da INCLINAÇÃO, Jornal e Rádio Senado. Entre eles, o de exigir que plataformas de mensagens, como o WhatsApp, mantenham os registros da cadeia de encaminhamento de volta à sua origem, para que possam identificar a origem de uma mensagem difamatória ou difamatória ou que contenha informações incorretas, através de uma ordem judicial. “O WhatsApp deve ser retroativo para chegar à origem”, disse ele, para que as autoridades possam descobrir quem foi o criminoso que fez a publicação que se tornou viral nos grupos do WhatsApp.
“Precisamos chegar ao bandido, porque, de outro modo, não faz sentido lutar contra as notícias falsas”, defendeu o senador. “Queremos que o WhatsApp forneça o telefone celular que foi colocado quando a conta foi aberta [que originou a mensagem]. Não queremos o nome da pessoa ou qualquer outra informação. Isso será de responsabilidade de [companhia] telefone, que coletará os dados ativando o chip do telefone celular “, explicou.” Também não haverá descanso, porque se eu sou a vítima, vi a dica, com meu advogado, a dica [do recebimento] da mensagem Caberá ao juiz pedir ao WhatsApp para encontrar a data desse vídeo e o telefone celular que o originou. “
Presente no debate, Dário Durigan, diretor de Políticas Públicas do Facebook Brasil para mensagens privadas, argumentou que, para tornar essa rastreabilidade, seria necessário alterar todo o design do produto WhatsApp. “Não é apenas um problema de engenharia. É um problema que ataca os valores com os quais o WhatsApp foi criado. Ao exigir a manutenção dessas informações, todas as mensagens devem ter uma etiqueta de autoria”, disse ele, lembrando que isso é contra o princípio minimizar a coleta de dados prevista em legislação como o Marco Civil da Internet e o LGPD, além dos marcos regulatórios internacionais.
Nesse momento, os membros da sociedade civil alertam que “manter a referência está grampeando sistematicamente TODAS AS PESSOAS para uma possível investigação possível de um crime”. O que me lembrou que, na época do Marco Civil, um dos argumentos das operadoras de telefonia contra os serviços de mensagens era que eles já eram obrigados, por compromisso regulatório, a manter o histórico das comunicações telefônicas. Portanto, os serviços de courier podem fazer o mesmo.
Outras discussões históricas que o senador Angelo Coronel pode reviver do texto são a obrigação dos provedores de redes sociais e serviços de comunicação interpessoal (incluindo não apenas mensageiros, mas também serviços de webmail) de manter o “banco de dados no Brasil com informações sobre usuários brasileiros e para o armazenamento de conteúdo em situações previstas em lei “. Este trecho está no texto que circulou após o debate, que ainda não é oficial, mas que muitos entendiam como o rascunho que o senador, em seus comentários finais, prometeu circular até sexta-feira.
O projeto”
Este texto diz que “o registro de contas em redes sociais e serviços de comunicação interpessoal deve exigir que o usuário tenha um documento de identidade válido, um número de telefone celular registrado no Brasil e, no caso de um número de celular estrangeiro, um passaporte ” Ele também afirma que “os provedores de redes sociais e serviços de comunicação interpessoais são obrigados a suspender as contas de usuários cujos números são desativados pelas operadoras de telefonia”, com a condição de que “os provedores de redes sociais e serviços de comunicação interpessoal” eles devem solicitar os números desativados às operadoras de telefonia, que eles disponibilizarão de acordo com o regulamento “.
Seria bom se esse regulamento viesse tão rápido quanto a proposta e a ação penal contra esse Fake News, porque a definição de serviço de comunicação interpessoal, conforme o texto, é “aplicativos da Internet que fornecem serviços disponíveis na Internet, principalmente destinados a à comunicação privada entre seus usuários, incluindo ferramentas de e-mail e criptografia “.
Também existem artigos completos que parecem ter sido importados das últimas decisões do Tribunal Superior Eleitoral sobre propaganda política (e seu momento) na Internet; Multas de até R $ 10 milhões para candidatos que se beneficiam de publicidade com conteúdo manipulado para atacar adversários durante as eleições e “10% da receita do grupo econômico no Brasil em seu último ano” para plataformas de rede social, se aplicável, não cumpre as regras para identificar os responsáveis pela divulgação de notícias falsas; Além de uma série de mudanças nas classificações criminais de crimes contra honra na Internet, ampliando as punições existentes hoje.
Infelizmente, o texto faz pouco progresso em relação à transparência das plataformas, traz até uma idéia que precisa ser amadurecida, para criar um Conselho de Transparência e Responsabilidade na Internet, na linha do atual Conselho de Comunicação Social. O que daria ao Congresso _ e, principalmente, ao Senado_ a liderança no processo de desenvolvimento de códigos de conduta e boas práticas para provedores de redes sociais e serviços de comunicação interpessoal, para garantir a transparência dos processos de moderação, bem como suas Termos de uso.
Por mais de duas semanas nas negociações entre os senadores, o relatório que será apresentado na próxima semana será o resultado da colaboração de vários autores, segundo o próprio Angelo Coronel, incluindo deputados, representantes da academia, sociedade civil, plataformas e empresas de telefonia. . .
Espero que ainda haja tempo para rever alguns pontos. Na avaliação de muitas pessoas que tiveram acesso ao texto, ele inclui novas propostas e dificulta o amadurecimento do debate. “Este relatório não é o resultado de uma colaboração, como disse o senador. Parece depois de semanas de diálogos que não parecem ter sido considerados no ponto principal: que seu ensaio deve ser examinado, não idéias. O papel democrático do Legislativo é discussão transparente e aberta dos textos “, disse um membro da academia.
O histórico de processamento de outras leis na Internet e na Proteção de dados mostra que é necessário buscar o máximo consenso, para uma rápida aprovação do que você insiste em procurar. O melhor, de fato, seria expandir ainda mais o debate.
Comentários
Durante o debate CEDIS-IDP, o senador Angelo Coronel ouviu as considerações e preocupações de pessoas que acompanharam de perto a questão, como o congressista Orlando Silva (PCdoB-SP), Clara Iglesias, doutora em Direito pela UERJ e Bia Barbosa , membro da Online Rights Coalition.
Orlando Silva lembrou que o senador, em seu relatório, enfrentará três desafios principais: calibrar bem o que se deseja regular; lidar com conceitos que não estão bem estabelecidos, não estão totalmente maduros; e criar uma lei principiológica e conceitual.
“Acabamos de votar para agravar os crimes contra a honra naquele pacote anti-crime enviado pelo ex-ministro Sérgio Moro”, refletiu o deputado. “Mas seguimos a lógica da proporcionalidade na sentença em relação ao crime já tipificado”, disse ele, e lembrou que, para escapar da proporcionalidade, seria necessário criar uma nova classificação criminal. “Os crimes contra a honra merecem ser regulamentados neste assunto, ou eles merecem uma abordagem própria, típica do Código Penal”, questionou.
Você também deve analisar cuidadosamente o período de 90 dias da vacatio legis. Nesse sentido, Orlando Silva e Clara Iglesias enfatizaram que, para a aplicação efetiva dos artigos de PL no Fake News, seria importante ter a Lei Geral de Proteção de Dados em sua totalidade (para impedir o abuso) e a Autoridade Nacional para Proteção de dados. Funcionamento.
Embora o próprio LGPD não lute contra notícias falsas, seria um farol para o tipo e volume de dados que as plataformas terão que armazenar para cumprir a lei para combater notícias falsas e os requisitos de segurança para armazenar esses dados.
Bia Barbosa pediu ao senador que não atrasasse a publicação do texto de substituição do PL Fake News, para que haja tempo suficiente para a apresentação de emendas. “A discussão que tivemos aqui mostra quão complexa é a questão”, disse ele, lembrando a magnitude dos desafios que o mundo inteiro enfrentou ao regular essa questão. “Ainda corremos o risco de votar na próxima semana que não permita o debate necessário sobre o relatório do senador”.