Uma floresta amazônica em pé pode criar uma bioeconomia de US$ 8 bilhões: estudo

  • A Amazônia brasileira poderia criar uma bioeconomia de US$ 8 bilhões a cada ano preservando a floresta tropical, promovendo práticas agrícolas sustentáveis ​​e comercializando produtos regionais, de acordo com um novo estudo.
  • Se as tendências atuais de desmatamento e emissões continuarem, a Amazônia enfrentará uma degradação irreversível que devastará o Brasil e além, alertam os especialistas.
  • O crescimento da bioeconomia depende da elevação do conhecimento indígena e do fornecimento às comunidades locais de ferramentas para produzir e vender centenas de produtos florestais.
  • Um investimento de mais de US$ 500 bilhões será necessário até 2050 para implementar uma nova economia, mas os custos de não fazê-lo “podem ser muito maiores”, dizem os autores do estudo.

Perseguir o crescimento econômico às custas do meio ambiente tem sido uma estratégia míope de desenvolvimento na floresta amazônica, levando o bioma à beira de uma degradação irreversível. Mas há uma alternativa. Reduzir o desmatamento a zero e descarbonizar a economia poderia não apenas manter a floresta em pé, mas também transformar a região em uma bioeconomia bilionária até 2050, segundo um estudo recente.

Ele estudar, conduzido pelo World Resources Institute (WRI) e pelo New Climate Economy e publicado em junho, descobriu que preservar a floresta, fazer a transição para práticas agrícolas de baixo carbono e fortalecer a bioeconomia geraria um PIB adicional de 40 bilhões de reais (US$ 8,3 bilhões) por ano. na Amazônia Legal, região administrativa que abrange os nove estados brasileiros localizados na Bacia Amazônica. A transformação também criaria 312.000 empregos adicionais que beneficiariam particularmente as comunidades negras e indígenas.

Um cenário de “business as usual” baseado nas tendências de desmatamento e emissões nos últimos 10 anos levaria a danos ambientais irreparáveis, colapso econômico e falha no cumprimento das metas de redução de emissões, deixando o destino do país na balança. : “Não há futuro para o Brasil sem a Amazônia”, o os autores do estudo alertaram.

“Uma nova abordagem para a Amazônia pode salvá-la da destruição enquanto impulsiona um crescimento robusto e equitativo para a economia brasileira”. twittou Ani DasguptaPresidente do WRI.

Esta nova abordagem também traria benefícios ambientais. o brasil teria 81 milhões de hectares (200 milhões de acres) mais floresta em pé graças a uma combinação de esforços de restauração e redução do desmatamento, e a Amazônia emitiria 94% menos gases de efeito estufa, colocando o Brasil no caminho para cumprir as metas internacionais de mudança climática.

“Isso mostra que acabar com o desmatamento e manter a floresta em pé não vai parar o desenvolvimento da Amazônia brasileira. Muito pelo contrário: é uma oportunidade”, segundo um Declaração do WRI.

O açaí é colhido de forma sustentável na floresta amazônica, no estado do Amapá. O açaí constitui um segmento chave da bioeconomia. Seu status de “superalimento” impulsiona uma grande demanda internacional pelo produto. Imagem © Diego Baravelli/Greenpeace.

cenário atual

“Negócios como sempre não podem continuar” Especialistas do WRI alertaram. Quase um quarto da Amazônia Legal no Brasil já foi desmatado para atividades econômicas, contribuindo fortemente para as emissões de gases de efeito estufa. Em 2021, as emissões do uso da terra e da agricultura na Amazônia representaram mais de dois terços das emissões totais do país nesses setores.

Nos últimos 30 anos, o Brasil emitiu 67 gigatoneladas de dióxido de carbono (GtCO2), dos quais 36 gigatoneladas vieram da Amazônia Legal. Para cumprir as metas do Acordo de Paris, as emissões do Brasil não podem ultrapassar 7,7 GtCO2 de 2020 a 2050, segundo o estudo, que concluiu que, se as tendências atuais de desmatamento e emissões da última década continuarem, a Amazônia Legal perderá parteoutros 59 milhões de hectares (145,8 milhões de acres), uma área quase o dobro do tamanho da Itália, até 2050 e produzirá cinco vezes o limite de gases de efeito estufa do país.

Isso levaria a Amazônia ao seu ponto crítico, onde a floresta tropical deixaria de ser um sumidouro de carbono para uma fonte de emissões de carbono. As chuvas iriam secar, o que teria um efeito devastador na agricultura de sequeiro do país: “97% de todas as terras agrícolas e 100% das pastagens são de sequeiro porque não temos uma alternativa de irrigação”, Rafael Feltran-Barbieri, economista sênior no WRI Brasil e um dos autores do estudo, disse ao Mongabay por telefone.

Apesar de tanto desmatamento, muitas comunidades dependentes da floresta não obtêm nenhum benefício econômico da exploração dos recursos. Mais de 83% do desmatamento na Amazônia está ligado a demandas externas do resto do Brasil e do exterior, principalmente de carne bovina, soja e mineração.

O mel é coletado nas comunidades do estado do Amapá. O estudo identificou o mel como um dos principais produtos que contribuirão para o desenvolvimento da bioeconomia na região amazônica. Imagem © Diego Baravelli/Greenpeace

Aproveite o conhecimento existente

A expansão da bioeconomia existente, um modelo econômico sustentável que utiliza recursos biológicos renováveis ​​para produzir alimentos, bens industriais e energia, poderia mudar o perfil socioeconômico da Amazônia ao alavancar o conhecimento existente na região. Uma das principais maneiras de fazer isso é permitir que as comunidades indígenas liderem a produção e comercialização de produtos regionais.

“Ninguém poderia ser mais qualificado do que os povos tradicionais e indígenas”, disse Feltran-Barbieri. “O conhecimento indígena inclui centenas de produtos e substâncias que poderiam ser explorados na nova bioeconomia”.

Os povos indígenas da Amazônia usam cerca de 270 itens à base de plantas na culinária diária e comem cerca de 30 espécies de insetos – “a comida do futuro”, de acordo com o WRI.

El estudio analizó solo 13 de estos productos primarios, como el açaí, el cacao y la miel, y concluyó que incluso esta pequeña porción de bienes potenciales podría hacer crecer el PIB de la bioeconomía en al menos 38.500 millones de reales (8.000 millones de dólares ) por ano.

“A bioeconomia permanece subestimada ao comparar seu impacto atual e seu potencial futuro”, constatou o estudo. “[It] Deve ser muito maior.”

A Reserva Extrativista Chico Mendes no estado do Acre. Esta unidade de conservação permite que as comunidades locais extraiam e coletem produtos como borracha e nozes, preservando a floresta tropical. Imagem © Marizilda Cruppe/Greenpeace.

Pioneira na bioeconomia

A bioeconomia na Amazônia é atualmente desigual, disse Feltran-Barbieri. “Alguns estados estão caminhando para uma nova economia, principalmente aqueles que já têm o programa de restauração e bioeconomia”, afirmou. “Outros estão se movendo na direção oposta.”

O Pará é pioneiro no desenvolvimento da bioeconomia amazônica, segundo Feltran-Barbieri, tendo criou uma estratégia Tornar o estado neutro em carbono para uso da terra e da floresta em 15 anos, investindo na cadeia de suprimentos bioeconômica, linhas de crédito e educação em serviços ambientais.

“O Pará deixará de ser o estado com as maiores emissões de carbono do Brasil —em grande parte devido às mudanças no uso da terra e ao desmatamento— para estar na vanguarda de uma nova bioeconomia, onde as florestas e a biodiversidade sejam fonte de renda, inclusão social e mitigação das mudanças climáticas”, de acordo com um declaração do governo do estado.

O Pará já está obtendo resultados de sua estratégia, incluindo uma Queda de 49% nas emissões de gases de efeito estufa no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os estados do Amazonas e Rondônia estão caminhando na direção oposta, disse Feltran-Barbieri, ambos com níveis vertiginosos de desmatamento, desigualdade social marcante e sem um plano claro para desenvolver uma bioeconomia. “O estado de Rondônia é o pior; está ficando cada vez mais pobre sem saneamento”, acrescentou.

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O’ de Almeida, discute o Plano de Bioeconomia do Estado do Pará, o primeiro do gênero no Brasil, durante a Conferência Pan-Amazônica de Bioeconomia, realizada em junho em Belém. Imagem © Emanoelle Cecim/Ascom Semas.

uma perspectiva otimista

Custará ao Brasil mais de 2,6 trilhões de reais (US$ 541 bilhões) até 2050 para implementar um novo modelo econômico na Amazônia, mais 3,4 trilhões de reais (US$ 707 bilhões) para continuar normalmente. Esse investimento adicional seria “menos da metade dos custos de não promover a transição”, alertaram os autores do estudo.

Apesar dos desafios, avançar para um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia é altamente viável, dizem os especialistas. “Acredito que o mundo está pronto para aderir à causa de uma nova bioeconomia para a Amazônia. Acho que o investimento e o financiamento social vão fluir para o Brasil”, Jeffrey Sachs, economista americano, dito brasileiro veículo Valor Internacional — Globo.

Alguns especialistas dizem que isso pode acontecer daqui a meia década. “Levará de 5 a 10 anos para esta nova economia atingir um estágio sustentável”, disse Carlos Nobre, especialista em mudanças climáticas e pesquisador florestal, ao Mongabay por telefone. “Estou muito otimista de que esses investimentos realmente motivarão milhões de pessoas na Amazônia a avançar para essa nova economia florestal em pé.”

Imagem do banner: Comunidades locais do Amazonas colhem cacau, matéria-prima para fazer chocolate, para produzir e vender. O cacau constitui uma parte fundamental da bioeconomia da região e tem um enorme potencial comercial. Imagem © Nilmar Lage/Greenpeace.

Citação:

Uma nova economia para a Amazônia brasileira. (2023). Extraído do World Resources Institute, The New Climate Economics site web.

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Chef colombiano lidera uma bioeconomia baseada em alimentos na Amazônia colombiana

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