Um dos focos de desmatamento do Brasil pode se tornar um líder verde?

A AMPPF tem 55 associados, que há três anos vendem a polpa de frutas para o governo federal, que por sua vez a distribui. Esta associação teve um grande progresso: seu contrato com as autoridades este ano aumentou para 351.000 reais (US$ 71.000), ante 231.000 reais (US$ 47.000) em 2022.

No entanto, para escalar e abrir novos mercados, a associação precisa de investimentos. Por exemplo, atualmente conta apenas com uma pequena câmara frigorífica para armazenar seus produtos e um caminhão frigorífico para transportá-los.

Celma de Oliveira diz que a falta de políticas públicas dedicadas inibe a expansão de produtores agroecológicos como a AMPFF, e que um dos principais problemas dessas iniciativas é a dificuldade de acesso ao crédito.

“Existe crédito específico para o sistema agroflorestal, mas os bancos colocam uma série de entraves para que os agricultores não consigam gerar renda suficiente para diversificar sua produção”, diz de Oliveira, que atende a AMPFF por meio do Imaflora. Ele acrescenta que é “muito mais fácil” conseguir crédito para o gado.

O secretário do Meio Ambiente do Pará, José Mauro O’de Almeida, concorda que é preciso criar melhores condições para a comercialização desses produtos: “Temos boas iniciativas em agrofloresta, biojóias, biocosméticos, bioprodutos em geral, mas não estão ganhando escala”.

Para isso, Almeida diz que é preciso melhorar a infraestrutura, a logística e a industrialização, mantendo o processamento do produto na região. “Em Paris você pode comprar açaí em pó liofilizado por 200 euros o quilo. Tem um alto valor agregado, muito superior ao da soja, mas é necessário para que ocorra a industrialização”, afirma.

A expectativa é que o PlanBio responda a algumas dessas demandas na tentativa de limitar a expansão da fronteira agrícola, diz O’de Almeida. O plano destaca a importância de um modelo econômico sustentável e prevê a criação de “centros de empreendedorismo” em cinco regiões do estado, além de um “museu de bioeconomia” e uma “escola de conhecimento florestal”.

Segundo o secretário, alguns dos primeiros financiamentos para essas iniciativas podem vir do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que fornecerá 300 milhões de dólares americanos para os esforços de clima e descarbonização do estado. A primeira parcela está prevista para ser paga em outubro, embora o valor destinado especificamente ao PlanBio ainda não tenha sido definido.

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