O brasileiro está preocupado com a forma como seus dados pessoais circulam na Internet. Segundo o Global Privacy Report 2020 publicado nesta quinta-feira (14) pela empresa de segurança cibernética Kaspersky, 74% tentaram obter suas informações em sites ou redes sociais. Proporcionalmente, é como se três em cada quatro brasileiros tivessem passado por isso.
A pesquisa foi realizada entre janeiro e fevereiro deste ano, com mais de 15.000 pessoas de 23 países. O percentual de 74% visto no Brasil é inferior à média de todos os países consultados: 82%.
Dos brasileiros que relataram tentar remover informações pessoais da Internet, 24% disseram que não sabiam como fazê-lo, em comparação com 39% na média mundial.
São informações importantes, desde que foram aprovadas a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), mas a data efetiva de ambas foi adiada no Brasil, no momento do monitoramento de telefones celulares devido a coronavírus está na agenda.
“Nossa crescente dependência de aplicativos para fazer qualquer coisa, desde compras a socialização, pode ser conveniente, mas o compartilhamento de dados através desses aplicativos também pode abrir janelas para o nosso mundo pessoal. Portanto, é importante manter-se alerta e seguro para que podemos nos beneficiar com segurança dos serviços online “, afirma Kaspersky em seu relatório.
Cuidados e preocupações
Outra preocupação surge fortemente: a família. As informações de 19% dos brasileiros consultados, ou de seus familiares, foram publicadas sem consentimento, palavra-chave em relação à proteção de dados pessoais.
Os brasileiros estão acima da média mundial quando se trata de colocar proteções adicionais na navegação na Internet, já que 58% o fizeram com o objetivo de ocultar dados de criminosos cibernéticos, em comparação com 43% do total de entrevistados.
No caso de atenção contra sites e contra outros usuários em um computador ou telefone celular compartilhado, o usuário brasileiro é mais descuidado: 35% e 33% contra 41% e 47% no resto do mundo, respectivamente.
O relatório também indica que 54% de todos os entrevistados não sabem como verificar se suas senhas vazaram (dica: confira isso no site Eu fui pwned) e 21% – 26% dos brasileiros – estão muito preocupados com a coleta de dados feita por telefones celulares, tablets e outros dispositivos móveis.
Privacidade online, um tópico importante
A privacidade ganhou muita força em 2018, quando o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) entrou em vigor na Europa, uma lei que reforçou as proteções e os direitos dos civis, além das obrigações das empresas e governos europeus, em processamento de dados.
Desde então, o Facebook, Google, WhatsApp e outras plataformas desenvolveram ferramentas para você excluir ou baixar todas as informações que as empresas mantêm sobre você.
Eles também aprimoraram a comunicação sobre como fazer isso e suas políticas de uso, mas essa “educação digital” não era perfeita.
“Educar os usuários como cidadãos digitais pode aliviar a desconfiança e as preocupações com a privacidade. Várias tecnologias podem ajudar a implementar essas camadas de proteção para os usuários”, explica Eline Chivot, analista sênior de políticas do Center for Data Innovation.