SÃO PAULO
O Supremo Tribunal Federal decidiu 4 a 1 para manter a decisão que permite que a equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha acesso às mensagens entre um juiz no escândalo da Operação Lava Jato e promotores estaduais.
Mensagens com um ex-juiz federal e ministro da Justiça, Sergio Moro, teriam sido obtidas e disseminadas ilegalmente em 2019, depois que telefones celulares de membros do Lava Jato foram hackeados.
A polêmica sobre a veracidade das negociações levou o caso de sete anos a ser investigado em uma nova operação.
A lavagem de carros envolvia contratos concedidos a empresas de construção em troca de subornos políticos.
A legislação brasileira proíbe o uso de provas obtidas ilegalmente.
Na audiência de terça-feira, juízes consideraram recurso do Ministério Público da Lula, que questionou a autenticidade das mensagens vazadas e pediram a revogação do acesso e uso da defesa de Lula.
Lula foi condenado à prisão por corrupção, com suspensão de seus direitos políticos.
O ex-presidente, favorito na disputa presidencial de 2018 contra o atual presidente Jair Bolsonaro, foi preso por 580 dias, coincidindo com as eleições.
O juiz Ricardo Lewandowski votou pela manutenção do acesso às mensagens. Ele já havia falado a favor de Lula em uma ordem judicial de dezembro autorizando o compartilhamento de negociações com a defesa.
O voto de Lewandowski foi apoiado pelos ministros Nunes Marques, indicado pelo Bolsonaro, Carmen Lucia e Gilmar Mendes.
O voto contra foi Edson Fachin.
A decisão permitirá que a defesa de Lula use as mensagens como principal estratégia na tentativa de derrubar sua condenação.
Para os advogados de Lula, o fato de Moro e promotores compartilharem informações sobre o caso é um sério sinal de interferência direta no processo, levantando suspeitas sobre o ex-juiz, que chefiou a Justiça de Bolsonaro até abril passado.
Moro criticou a decisão do tribunal. “É lamentável que terceiros possam acessar supostas mensagens obtidas após um delito criminal de dispositivos de aplicação da lei, o que é contrário à jurisprudência que proíbe o uso de provas ilegais em processos”, disse ele em nota.
Moro deixou o governo de Bolsonaro em abril de 2020, citando a interferência do presidente nos assuntos de seu ministério.
A lista de presos durante a Operação Lava Jato inclui os ex-presidentes Lula, do Brasil, Alejandro Toledo, do Peru, e Ricardo Martinelli, do Panamá, além de altos executivos da Petrobras, Odebrecht e várias outras empresas.
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