Suas últimas páginas: Gaia Wilmer celebra Egberto Gismonti

por Lissette Corsa Gaia Wilmer e seu conjunto de 19 peças celebram a genialidade de Egberto Gismonti. A compositora e saxofonista brasileira Gaia Wilmer sente-se em casa numa canção de Egberto Gismonti. “Quando ouço algumas peças dele, lembro de estar na casa do meu pai”, conta Wilmer por telefone de São Paulo, onde mora atualmente. “Lembro-me, tipo, de uma manhã de domingo. Pode até não ser o que aconteceu, mas sinto que pertenço a esse espaço.” Wilmer, que cresceu na cidade de Florianópolis, no sul do Brasil, ouvindo a música do icônico compositor e multi-instrumentista, fecha o círculo nos dois álbuns. Folia: A música de Egberto Gismonti (Sunnyside), seu terceiro álbum como líder de banda. Ele homenageia seu ídolo musical e amigo em 10 faixas selecionadas de sua obra expansiva e que mistura gêneros e as reinventa como suas. Wilmer voltou a compor e arranjar a música para um grande conjunto de 19 peças, selecionando cuidadosamente uma variedade de clássicos, bem como peças mais obscuras, do repertório do prolífico compositor publicado entre o início dos anos 80 e o final dos anos 90, com foco em As canções favoritas do álbum Gismonti de Wilmer, 1981 em família. Surpreendentemente, Wilmer nunca sonhou em se tornar um músico profissional. Ele começou a aprender saxofone depois de se formar na faculdade em estudos internacionais. “Em algum momento, percebi que estava estudando pessoas que falavam sobre arte e sobre algum tipo de impulso e algum tipo de equilíbrio entre racionalidade e emoções”, diz ele, “e pensei: ‘Sabe, talvez eu devesse tentar algo diferente.’ Eu estava ouvindo Paul Desmond e pensei: ‘Talvez eu toque saxofone.'” Em vez de se mudar para a Inglaterra para fazer doutorado em filosofia, Wilmer ficou em Florianópolis e estudou música. Janeiro, onde improvisou o máximo de aulas particulares que pôde e ingressou em uma organização comunitária de artes que patrocinava Corações Futuristas, orquestra de sopros que leva o nome do álbum de Gismonti de 1976 e se especializou em sua música “Egberto adorou”, diz Wilmer. ‘Então ele continuou trabalhando com eles.” Quando a orquestra de tributo a Gismonti se viu sem seu sax alto para um show no Rio, Wilmer foi convidado a substituí-lo. Foi então que ele se cruzou com o enigmático Gismonti. “Eu tinha, tipo, duas semanas para praticar essa música louca e dura”, lembra. Sem ensaios antes do show e apenas uma passagem de som com Gismonti, Wilmer sentiu o peso do momento. Ele praticava sua música 10 horas por dia antes do show. “Quando cheguei à passagem de som, não era como se ele estivesse tocando de forma incrível, era apenas que ele sabia o quão difícil era. Ele apenas olhou para mim e disse: ‘Você praticou’”, diz Wilmer, rindo. “Então, depois disso, ele foi apenas solidário comigo.” Tanto que Gismonti escreveu pessoalmente uma carta de recomendação para Wilmer quando ela se inscreveu na Berklee College of Music de Boston em 2013. Anos depois, como estudante de pós-graduação no New England Conservatory, no que se tornaria o ímpeto para folia, Wilmer começou a arranjar a música de Gismonti para grandes conjuntos como parte de seu curso. Em 2018, com diversos arranjos em mãos, recebeu bolsa do Centro Cultural Banco do Brasil para gravar um disco e executar sua versão da música de Gismonti com o maestro em uma série de 12 shows em quatro cidades brasileiras, por ocasião de sua aniversário de 70 anos. . folia foi gravado no Rio em cerca de três dias entre os shows. “Foi muito emocionante e comovente”, diz Wilmer. “Até o momento em que subimos ao palco, não sabia o que ia tocar, que peça ou que instrumento. Sempre foi um mistério.” Em folia, Wilmer cuidadosamente desconstrói e reinventa Gismonti. Ela investe um senso de reverência e familiaridade lúdica em canções como a abertura cinematográfica do título do álbum e “Infância”, que apresenta o colaborador de longa data de Gismonti, Jacques Morelenbaum, no sublime violoncelo. O próprio Gismonti interpreta duas canções, “7 Anéis”, composta originalmente como choro, e “Karate”. Ambas as peças se tornam mais ousadas, mais líricas, divertidamente irregulares, em camadas e desarticuladas, tudo ao mesmo tempo pelo irreprimível piano de Gismonti. Em uma deslumbrante exposição de arte, Gismonti e Wilmer se reconhecem em uma compreensão compartilhada da fascinante vastidão da música brasileira. “Sempre senti essa ligação com a música brasileira”, diz Wilmer. “É algo que nem estou tentando fazer, é o que faz sentido para mim, de uma forma que sinto que posso ser honesto.” https://open.spotify.com/album/4gePp0VTjXfIW735mrC7OH?si=smfQ_8lqSV2dPmxiy6BQSw Foto destacada por Dani Gurget/Da Pá Virada.

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