A televisão brasileira talvez seja mais conhecida por suas “novelas”, mas outro tipo de programa vem cativando o país e segurando um espelho diante de sua face mutante há 21 temporadas: a franquia de reality show “Big Brother Brasil”.
O “BBB”, como é carinhosamente conhecido, é um fenômeno cultural no Brasil, com ampla cobertura na mídia dedicada a cada reviravolta e uma conversa nacional que tem atraído políticos, celebridades e até o superastro do futebol Neymar, que costuma ficar para trás. na França tweetando. sobre o programa.
A série de madrugada tem audiência média de 40 milhões de telespectadores nesta temporada, 5,1 milhões a mais que no ano passado, e 50% de audiência no seu horário, logo após a novela ou novela no horário nobre que é seguida religiosamente na televisão. Globo, a maior emissora de rádio do Brasil.
Tida como “o maior dos grandes”, a 21ª temporada será a mais longa, com 100 episódios, e também a mais lucrativa.
Logotipos de patrocinadores são onipresentes no aquário nacional transformado em vila, onde os competidores foram filmados 24 horas por dia por 11 câmeras desde 25 de janeiro.
Três comerciais de 30 segundos são tudo o que a Globo precisa para cobrir o prêmio em dinheiro concedido ao eventual vencedor: 1,5 milhão de reais ($ 260.000).
Mas, além dos números, o BBB é uma verdadeira instituição no Brasil, cujos muitos fãs, incluindo celebridades mundialmente conhecidas como Neymar e a cantora Anitta, reagem em tempo real nas redes sociais a cada episódio.
– ‘Como uma Copa do Mundo’ –
“Quando o Big Brother Brasil chega todos os anos, todos veem a mesma coisa e podem falar sobre isso, como uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada”, disse Laurens Drillich, presidente da Endemol Shine Latino, divisão de produção da América Latina. empresa que criou o “Big Brother” na Holanda em 1999.
E assim como quando o Brasil marca um grande gol em uma partida da Copa do Mundo, os fãs do BBB regularmente comemoram na frente de suas telas de televisão quando um competidor favorito é salvo do despejo.
“Temos um público apaixonado que se cativa a cada episódio. Vemos gente comemorando de suas janelas e sacadas por todo o país, e isso nos motiva a receber o programa sete noites por semana”, disse o diretor da série Rodrigo Dourado.
BBB tem sido um salva-vidas para a Globo durante a pandemia do coronavírus, que forçou a emissora a interromper a produção de suas novelas de assinatura e voltar para reprises de maiores sucessos.
“Funciona porque é um reality show que consegue se conectar diretamente com a tradição brasileira de novelas, que sempre refletiu a realidade do país em qualquer momento”, disse Michel Alcoforado, antropólogo e fundador da consultoria de pesquisa de consumo Consumoteca.
“Não dá para entender o BBB sem entender o ‘B’ do Brasil.”
Porém, ao contrário de uma novela, o BBB tem um elemento democrático, sendo o público o poder de votar em quem fica em casa e escolher o eventual vencedor.
– Quebrando o molde do competidor –
Este ano, o programa vai ao ar em um país profundamente dividido, dilacerado por dois anos de confronto contínuo sob o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro e uma pandemia que ceifou mais de 300.000 vidas no Brasil e exacerbou suas desigualdades.
Em um momento tão polarizado, “o BBB reavivou um debate nacional sobre questões fundamentais para a sociedade, como racismo, machismo ou direitos LGBT, que haviam desaparecido das mesas de discussão”, disse Alcoforado à AFP.
O show nem sempre foi uma plataforma para discutir a diversidade.
“Todos los concursantes solían tener perfiles similares: chicos con grandes músculos y mujeres directamente de la portada de una revista”, dijo Felipe Oliveira, concursante de la octava edición de BBB que ahora trabaja en ID_BR, una organización que promueve la igualdad racial en el local de trabalho.
“A força do BBB é que conseguiu se reinventar. A sociedade mudou nos últimos 20 anos e o BBB tem acompanhado a tendência”, acrescentou Oliveira, 34.
“Quando eu estava no programa, provavelmente passei mais de uma hora falando sobre ação afirmativa. Mas eles editaram. Hoje, eles maximizam esse tipo de coisa, como quando Gil (um atual concorrente) falou contra a homofobia” – um dos muitos momentos virais do “BBB21”.