Uma ação coletiva contra a empresa alemã de inspeção de segurança TÜV Süd começou na terça-feira, com os autores buscando indenização por um desastroso rompimento de barragem no Brasil há dois anos.
Cerca de 270 pessoas morreram em 25 de janeiro de 2019, quando uma barragem rompeu na cidade brasileira de Brumadinho, liberando toneladas de lama tóxica que engoliu casas e estradas a jusante.
A TÜV Süd, sediada em Munique, que significa Technischer Überwachungsverein, ou Associação de Inspeção Técnica, foi responsável por realizar as inspeções para a mineradora brasileira Vale, que operava a mina do Córrego de Feijão que desabou.
Pouco antes do desastre, a subsidiária brasileira da TÜV Süd inspecionou as lagoas de retenção da barragem e concluiu que estavam seguras.
Empresa nega responsabilidade
Mas as famílias dos afetados e as autoridades da comunidade estão exigindo que a TÜV e outras sejam responsabilizadas pelo que aconteceu em Brumadinho.
Em fevereiro de 2020, um juiz estadual brasileiro autorizou um processo criminal contra a TÜV Süd e cerca de 16 funcionários da empresa Vale, incluindo o ex-CEO da Vale Fabio Schvartsman.
Ambas as partes são acusadas de homicídio doloso por encobrir intencionalmente problemas com a integridade estrutural da barragem ao longo de vários anos.
Os demandantes da ação coletiva de Munique dizem que representam cerca de 1.200 vítimas, buscando centenas de milhões de euros em indenização.
Os demandantes são o município de Brumadinho e os familiares de um engenheiro da Vale que morreu no rompimento da barragem.
Uma porta-voz dos queixosos disse que não esperava que o tribunal chegasse a uma decisão, pois várias questões técnicas precisam ser avaliadas, o que pode levar a um processo legal complicado.
Por sua vez, a TÜV Süd está lutando contra as acusações. O órgão fiscalizador nega qualquer responsabilidade legal pelo rompimento da barragem, argumentando que foi a Vale que descumpriu as recomendações feitas em seu relatório de segurança.
Vale paga bilhões em indenização
A Vale concordou em pagar quase 6 bilhões de euros (US$ 7 bilhões) em compensação ao estado brasileiro de Minas Gerais, onde ocorreu o desastre. Os fundos foram criados para ajudar a mitigar as consequências sociais e ambientais do desastre da barragem.
Cerca de 1,4 bilhão de euros foram destinados aos afetados diretamente pelo rompimento da barragem e para beneficiar a comunidade de Brumadinho.
Mas um advogado dos queixosos nos casos de Munique chamou a compensação no Brasil de “farsa”, dizendo que nenhum dinheiro foi e não está planejado para ser entregue à população local.
jcg/rs (AFP, dpa)