Os robôs são encontrados em várias frentes para combater o novo coronavírus em todo o mundo. Nas últimas semanas Inclinação relataram a aceleração do seu uso em alguns países, tanto na saúde quanto em outras áreas. Mas quem pensa que o Brasil está desatualizado está errado. O país já possui robôs trabalhando na linha de frente dos hospitais.
Um é o Duplo, um robô de telepresença que tem ajudado pacientes em instituições de saúde em três estados do país. O Hospital das Clínicas, em São Paulo, o maior complexo hospitalar da América Latina, recebeu três desses robôs. Eles são responsáveis pela detecção de alguns pacientes.
O Instituto do Cérebro do Estado Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro, e Mãe de Deus e Moinhos de Vento, ambos em Porto Alegre, também têm a invenção.
À distância, uma enfermeira controla o Duplo e pode se comunicar com o paciente que chega, fazendo a primeira avaliação. Com o robô, a enfermeira pode, por exemplo, identificar sintomas respiratórios sem se expor ao risco de contaminação.
Isso ocorre porque o Double é um tablet com rodas que pode ser controlado remotamente por um computador ou telefone celular. Quem entra em contato com o robô vê, na tela, o rosto da pessoa que o controla.
O robô possui uma câmera tablet, microfones, sensores de presença, alto-falante e boa mobilidade. Ele sobe e desce rampas e tem uma bateria que dura até dez horas. Também é capaz de permanecer na posição “em pé” ou “sentado”, ou seja, a uma altura de 1,50 m ou 1,19 m, respectivamente.
“É como se o médico pudesse ter a mobilidade que ele teria no hospital, mas sem estar fisicamente presente”, disse Melina Yasuda, diretora executiva da Pluginbot, startup responsável por colocar o Double no Hospital das Clínicas.
O Dr. Luciano Eifler, diretor da empresa de soluções de saúde ConceptMed, também é um entusiasta da Double. Em parceria com a empresa Wishbox, implantou o robô em hospitais brasileiros.
“O robô permite que especialistas de qualquer outra área trabalhem nesses hospitais. Conseguimos levar pessoas muito experientes e médicos internacionais para o hospital”, disse ele.
Além disso, o Double permite que o paciente covid-19 seja visitado por familiares e amigos remotamente. Além disso, especialistas em suporte, como psicólogos, também podem ajudar, sem riscos.
Eifler, que trabalha com tecnologia desde 2014, conheceu Double quando o robô ainda não era usado em medicina, mas quando visitava museus. “A pessoa ‘se juntou’ ao robô e foi visitar o Louvre, por exemplo”, disse ele.
O médico gostou tanto que ele usa um na casa de seu pai. Eifler, cirurgião, está trabalhando na linha de frente da luta contra o novo coronavírus. Para não infectar sua família e manter o isolamento social, ele mora em um hotel em Porto Alegre e trabalha em hospitais da cidade.
Mas para visitar seu pai, que é um médico aposentado de 88 anos, Eifler usa um Double. Do hotel, o médico usa o celular para percorrer a casa de seu pai através do robô.
“A telepresença é uma nova forma de comunicação. E não estou falando do Vale do Silício, mas de Porto Alegre”, afirmou.
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