O presidente-executivo da Petrobras deixará a estatal brasileira de petróleo e gás após um breve mandato, antes de uma possível mudança na estratégia corporativa sob o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Petróleo Brasileirocomo é formalmente conhecido o grupo carioca, anunciou nesta terça-feira que Caio Mário Paes de Andrade assumirá a nova gestão do recém-eleito governador do estado de São Paulo.
O homem de 48 anos permanecerá em seu função atual nas próximas semanas, dando “atenção exclusiva à mudança de comando que ocorrerá na empresa”, informou a Petrobras em nota. Uma data de lançamento ainda não foi definida.
Sua saída é última mudança no topo do maior fornecedor de hidrocarbonetos da América Latina, que é um importante pilar da economia brasileira e tem uma cotação na bolsa de 69 bilhões de dólares.
A Petrobras teve quatro presidentes-executivos em menos de dois anos, depois que o presidente Jair Bolsonaro demitiu seus três líderes anteriores após reclamações sobre o aumento dos preços dos combustíveis.
Paes de Andrade, que assumiu o cargo em junho, já foi funcionário do Ministério da Economia do governo Bolsonaro.
A medida abre caminho para que um novo candidato seja selecionado pelo Lulaum esquerdista veterano que retornará à presidência pela terceira vez em 1º de janeiro, após mais de uma década fora do cargo.
Como acionista majoritário da Petrobras, com 37 por cento de participação acionária e maioria dos direitos de voto, o Estado brasileiro pode efetivamente nomear seu chefe.
Lula expressou o desejo de que a Petrobras expanda sua capacidade de refino e tenha um papel maior na transição energética de baixo carbono, com investimentos em áreas como energia renovável e biocombustíveis.
O ex-metalúrgico de 77 anos também criticou sua política de alinhar os preços domésticos da gasolina e do diesel aos preços internacionais.
Muitos investidores, no entanto, temem um retorno à abordagem intervencionista adotada por governos de esquerda anteriores liderados pelo Partido dos Trabalhadores de Lula, ou PT.
A Petrobras esteve no centro de um grande escândalo de corrupção durante o governo do PT chamado lavajatoou Lava Jato, que pegou dezenas de empresários e políticos.
Ele também tomou muitos empréstimos da sucessora escolhida a dedo por Lula como presidente, Dilma Rousseff, já que ela foi pressionada a subsidiar os preços dos combustíveis.
Desde então, o grupo reformou sua governança corporativa, alienou ativos não essenciais, como refinarias e postos de gasolina, e se concentrou na perfuração de petróleo em águas profundas em suas ricas reservas offshore.
No entanto, foi alvo de críticas políticas por lucros inesperados e pagamentos de dividendos.
As ações preferenciais da Petrobras listadas em São Paulo caíram mais de um quinto desde a estreita vitória eleitoral de Lula sobre Bolsonaro no final de outubro, abaixo do índice de ações local.