Nas últimas semanas, o cometa Neowise tem apresentado imagens incríveis durante sua passagem pelo hemisfério norte e deu um show particular aos astronautas na Estação Espacial Internacional. Agora é a sua vez. Espera-se que o cometa seja visto nos céus do Brasil no final de julho, embora sua aparência possa estar comprometida.
De acordo com as previsões atuais, a Neowise estará visível no Brasil entre esta terça-feira (21) e na próxima terça-feira (28). Inicialmente, ele aparecerá apenas para observadores do Norte, depois do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, nessa ordem, “descendo” através de nossos céus. Em São Paulo, faz sua primeira aparição na sexta-feira (24) e, a partir de domingo (26), pode ser vista em todo o país.
Ainda não é possível dizer se será visível a olho nu, pois existem muitos fatores imprevisíveis em jogo, como a composição do cometa, a velocidade com que os gases são expelidos de sua cauda e as condições atmosféricas.
“Acho que, ao passar por aqui, o cometa já terá uma cauda muito fraca, será como um lugar no céu”, diz Júlio Lobo, astrônomo do Observatório Municipal de Campinas.
Segundo ele, o Neowise será baixo em relação ao horizonte e, portanto, só deve ser visto em locais mais altos e sem poluição luminosa. “Acho que nas cidades montanhosas de São Paulo, como Serra Negra e Águas de Lindóia, e no sul de Minas Gerais, há boas possibilidades de vê-lo, mesmo a olho nu. Em grandes centros, com prédios que obstruem a vista e muitos luzes, será difícil “, acrescenta.
Como você verá
O cometa aparecerá logo após o pôr do sol, por volta das 18h30. É necessário olhar para o noroeste, a uma altura de cerca de 15 °, muito perto do horizonte (veja a imagem acima em uma resolução maior)
Um binóculo astronômico ou de longo alcance pode ajudar pelo menos um com especificações de 7×50 ou 10×50 (ampliação x diâmetro da lente).
Encontre um lugar alto, com um céu escuro, sem luzes artificiais por perto e com o horizonte o mais livre de obstáculos possível. Anime-se pela ausência de nuvens e chuva.
Software ou aplicativo de observação do céu (como Skywalk, Mapa estrela ou Stellarium) pode ajudá-lo a encontrar o caminho do cometa.
Tente ver desde o primeiro dia. Será um pouco menos brilhante todas as noites. No início de agosto, ele continuará passando por nossos céus, mas só pode ser visto com a ajuda de telescópios.
O esforço vale a pena: Neowise não nos visitará novamente por 6.765 anos, o período de sua órbita ao redor do Sol.
O cometa mais brilhante dos últimos anos.
Os últimos cometas vistos no céu brasileiro foram Hale-Bopp, em 1997, e McNaught, em 2007. O “C / 2020 F3” (seu nome técnico) foi descoberto em março deste ano, em imagens do telescópio espacial Neowise. . , da NASA. Naquela época, ele ainda tinha um brilho fraco – nem saberíamos se seria visível da Terra a olho nu.
Entendendo o nome
Cometa C / 2020 F3 (NEOWISE):
- C = longo período orbital (> 200 anos)
- 2020 = ano da descoberta
- F = quinzena da descoberta (quinzena 6 do ano)
- 3 = número de objetos descobertos na quinzena (terceiro)
- NEOWISE = nome do descobridor, telescópio ou observatório (explorador de prospecção de infravermelho de campo largo na Terra Próxima)
Em 3 de julho, Neowise se aproximou do Sol pela primeira vez em milhares de anos e ficou cada vez mais brilhante.
“Os cometas são estrelas imprevisíveis. Existem fórmulas e modelos computacionais para calcular seu brilho que são boas referências, mas cada um tem seu próprio padrão. Neowise está dando um programa que não era teoricamente esperado”, diz Lobo.
Mas agora o cometa está desaparecendo lentamente, desaparecendo no Sistema Solar. As passagens potencialmente visíveis no Brasil, de 23 a 30 de julho, devem ter um brilho de magnitude entre 4 e 6, o que é muito baixo em termos astronômicos (quanto menor o número, mais brilhante; o limite da nossa visão é 6) .
De acordo com os cálculos atuais, estará no limite da visibilidade do olho humano em um céu perfeito. Em outras palavras, você provavelmente não pode vê-lo nas grandes cidades brasileiras, mesmo nas melhores condições. “Mas as previsões da magnitude do cometa não são muito precisas, variam muito em brilho e estão sujeitas a muitos fatores”, diz Naelton Araújo, astrônomo do Planetário do Rio.
Afinal, o que são cometas?
Os cometas são basicamente uma bola de gelo suja. Eles são compostos de poeira cósmica microscópica, partículas rochosas maiores e gases congelados em seu núcleo.
Quando um cometa se aproxima do Sol, os gases aquecem e vão diretamente do estado sólido para o estado gasoso (sublimação), sendo expelidos juntamente com os grãos de poeira cósmica: este é o “cabelo” do cometa. Os ventos solares, portanto, fazem com que o cabelo seja jogado para trás do núcleo (na direção oposta ao Sol), criando a característica cauda brilhante.
Um cometa é um objeto muito nublado e irregular, sem superfície fixa. Não há como prever exatamente quanto gás ele emitirá a qualquer momento, ou quanto a órbita mudará devido à pressão do gás e da luz solar.
“Alguns até se dividem ou se desintegram totalmente quando se aproximam do Sol. Não conhecemos a natureza de Neowise em detalhes, então essa passagem é ainda mais imprevisível”, explica Araújo.
Até 23 de julho, os cálculos serão atualizados e teremos uma previsão mais precisa do que a ver no Brasil. Talvez Neowise nunca mais o surpreenda?