População sem-teto do Brasil ultrapassa 200.000 após as consequências econômicas da pandemia

São Paulo, Brasil – Caminhar pelo Parque Trianon-Masp, no coração do centro de São Paulo, é uma experiência de contrastes. A exuberante folhagem verde e as árvores tropicais que se alinham nos caminhos ventosos são ofuscadas pelos imponentes arranha-céus cinzentos e prédios de apartamentos que cercam o parque.

Muitos andares abaixo desses apartamentos ornamentados, no terreno ao redor do Parque Trianon-Masp, acampamentos improvisados ​​para moradores de rua pontilham a paisagem.

A duas quadras do parque, Regiane Cristina Albuquerque, 38 anos, mora em uma barraca de lona com o marido e três cachorros. Ela disse reportagens do brasil que a pandemia forçou sua família a ir para as ruas depois que seu marido, que trabalhava como lavador de carros, perdeu negócios devido às políticas de contenção da Covid-19 durante a pandemia.

População sem-teto do Brasil ultrapassa 200.000 após as consequências econômicas da pandemia
Regiane Cristina Albuquerque em sua loja (Thiago Alves/Brazil Reports)

“A pandemia interrompeu o acesso ao trabalho, a maioria das pessoas não queria oferecer serviços porque tinha medo de pegar Covid”, disse Albuquerque.

Sua situação piorou, ela disse, depois que seu marido sofreu um ataque cardíaco e dois derrames, limitando sua capacidade de fazer trabalhos manuais e tornando-a o principal ganha-pão da família. Atualmente ela trabalha nas ruas vendendo artesanato e limpando casas, ganhando cerca de R$ 200 (US$ 40) por semana.

“Percebemos um aumento estratosférico do número de pessoas em situação de rua, e eram essas pessoas que dependiam do trabalho diário para obter sua renda”, Christian Braga, fundador e presidente do Instituto GAS (Grupo de Atitude Social), organização organização que ajuda os sem-teto, disse reportagens do brasil.

Barracas de moradores de rua em São Paulo (Thiago Alves/Brasil Reports)

Na verdade, Albuquerque e seu marido são dois dos 206.044 brasileiros sem-teto em todo o país, de acordo com um novo relatório do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais.

São Paulo, maior metrópole do país e 17ª cidade mais rica do mundo, tem 52.226 moradores de rua entre seus 12.396.372 população. Para efeito de comparação, a cidade de Nova York, com uma população de cerca de 8,5 milhões, viu quase 69.000 sem-teto passarem por seu principal sistema de abrigos em dezembro de 2022, com outros milhares estimados dormindo em espaços públicos. de acordo com para a Coalizão dos Sem-teto.

No Brasil, a taxa de desabrigados em São Paulo é quatro vezes maior que a do Rio de Janeiro e 4,7 vezes maior que a de Belo Horizonte, a segunda e terceira maiores cidades do país com população de rua.

A pandemia e a falta de moradia no Brasil

Durante o auge dos bloqueios da pandemia em 2020 e 2021, os brasileiros mais atingidos faziam parte da economia informal do país, aqueles que trabalhavam vendendo bens e serviços nas ruas da cidade.

Desde então, a percepção dos brasileiros que vivem em grandes cidades como São Paulo era de que a pandemia e suas consequências econômicas haviam aumentado o número de pessoas em situação de rua.

Esse fato foi confirmado por Priscila Rodrigues, economista da bem da madrugada (Bem no meio da noite), uma ONG que trabalha com moradores de rua no Brasil. Ela disse que o perfil típico de um morador de rua também mudou nos últimos anos.

Priscila Rodrigues da ONG Bem da Madrugada

“A pandemia infelizmente trouxe mais pessoas para as ruas e também mudou o perfil. Antes eram em sua maioria homens com algum tipo de dependência, mas hoje vemos muitas famílias e muitas mulheres, e até bairros onde não havia moradores de rua, agora podemos encontrá-los”, disse Rodrigues. reportagens do brasil.

Em seis anos, a população de rua no Brasil saltou 49% segundo dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua. O número passou de 138.332 em 2018 para 206.044 em 2023.

Há 23 anos, o Bem da Madrugada leva alimentos, roupas e cobertores para moradores de rua de São Paulo. Uma vez por semana, cerca de 400 voluntários se espalham pela cidade para prestar serviços aos sem-teto. Em determinada noite, segundo Rodrigues, a ONG atende entre 800 e 1.000 pessoas e cresceu para outras cidades brasileiras como Curitiba e Belém, e até Washington DC e Orlando, na Flórida, nos Estados Unidos.

inverno e falta de moradia

Os meses de clima frio do Brasil, junho e julho, onde as temperaturas chegam a 14 °C, mas podem cair o suficiente para o aparecimento de geadas, preocupam os voluntários que trabalham com os sem-teto.

Aliás, o frio foi a principal razão pela qual Braga fundou o Instituto GAS depois de anos trabalhando como jornalista.

Christian Braga do Instituto GAS

“Nascemos em 2016 com o objetivo de evitar que as pessoas morressem congeladas porque teve um dia em que quatro pessoas morreram de frio na cidade de São Paulo e foi o fim do mundo para mim”, diz. “Peguei algumas coisas do guarda-roupa, coloquei no porta-malas do carro e saí para entregar.”

Sete anos depois, o Instituto GAS cresceu e expandiu suas atividades para outras cidades próximas a São Paulo junto com o Rio de Janeiro. Uma vez por semana, centenas de voluntários saem às ruas para distribuir alimentos, roupas, itens de higiene pessoal e cobertores.

Apesar do frio iminente, a prefeitura de São Paulo segue com a política de retirar as barracas e outros pertences dos moradores de rua das vias públicas. Enquanto os sem-teto podem armar barracas para dormir à noite, equipes de fiscalização se espalham por São Paulo para retirar as barracas deixadas nas calçadas durante o dia.

A medida, segundo Rodrigues, é cruel, dadas as atuais condições climáticas.

“É um momento muito difícil fazer isso agora”, disse ele. “É uma época em que o frio chega e as barracas são o único refúgio [the unhoused] tem, o que pode oferecer alguma proteção junto com os cobertores.”

O governo da cidade de São Paulo questionou os dados divulgados pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua e argumentou que oferece mais de 23 mil vagas de acolhimento em locais como abrigos, hotéis sociais e lares para adultos.

Declaração enviada ao Brasil Relatórios da Prefeitura de São Paulo

De acordo com um comunicado enviado a Breportagens do brasila prefeitura discorda da metodologia utilizada pela entidade para calcular o número de moradores de rua e diz que há 31.884 pessoas vivendo nessas condições em São Paulo, e não 52.226 como aponta o estudo do observatório.

O governo informou ainda que, antes da chegada do frio, serão instaladas 10 barracas desde que a temperatura seja igual ou inferior a 13°C (55°F), com atendimento das 18h à meia-noite. Nesses locais também serão distribuídos cobertores e alimentos, segundo a assessoria da prefeitura.

No entanto, a cidade não respondeu reportagens do brasil‘ pergunta sobre os motivos da retirada das barracas e pertences dos moradores de rua nas ruas da cidade.

Para Bruno Barbosa, 47, que mora nas ruas de São Paulo há 17 anos e disse reportagens do brasil“Prefiro viver assim… moro na rua, mas não me falta nada”, as ações da cidade durante os meses de inverno podem ser prejudiciais.

Bruno montando sua barraca do lado de fora do Parque Trianon-Masp

“Minha barraca não é à prova d’água”, disse ele. “Tive que comprar uma lona para me proteger da chuva, mas a prefeitura levou minha lona. Estamos passando pelo período de frio e chuva e isso acaba nos prejudicando”.

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