Polícia brasileira invade casa de Bolsonaro em busca de cartões de vacina falsos

RIO DE JANEIRO (AP) – A polícia brasileira invadiu a casa do ex-presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira e confiscou seu celular como parte de uma ampla investigação sobre registros falsificados de vacinação contra a Covid-19 que poderiam ter permitido que ele e seus principais assessores entrassem no país. Estados Unidos. .

As autoridades revistaram mais de uma dúzia de casas no Rio de Janeiro e em Brasília e prenderam seis pessoas, incluindo um dos assessores mais próximos de Bolsonaro e dois de seus seguranças, suspeitos de manipular um banco de dados de vacinação do governo e emitir registros falsificados.

Os cartões de vacinação falsificados podem ter permitido que Bolsonaro e seus assessores contornassem as restrições de viagem aos Estados Unidos impostas no auge da pandemia de coronavírus, disseram os pesquisadores.

Certificados de vacinação falsos podem ter sido emitidos para Bolsonaro, sua filha de 12 anos, Laura, e outros altos funcionários de seu governo, segundo autoridades brasileiras. A polícia disse que os registros de vacinação foram falsificados entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.

Na quarta-feira, Bolsonaro negou ter sido vacinado e disse que as autoridades de imigração dos EUA nunca pediram que ele mostrasse um registro de vacinação.

“Em nenhum momento eu disse que me vacinei e não o fiz”, disse Bolsonaro a repórteres do lado de fora de sua residência em Brasília após entregar seu celular à polícia. Ele disse que a decisão de não se vacinar foi uma “decisão pessoal” e garantiu que a filha também não foi vacinada.

Bolsonaro foi apontado como suspeito na investigação, de acordo com documentos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal na quarta-feira. A Suprema Corte disse em decisão que aprovou as buscas que a conexão investigativa entre o presidente e um possível crime é “plausível, lógica e robusta”.

Durante seu tempo como presidente de direita do Brasil, Bolsonaro, um crítico ferrenho das vacinas contra a Covid, sempre se esquivou de perguntas sobre se havia sido vacinado contra o vírus. Sua situação vacinal se tornou uma polêmica tão grande que, em 2021, o Congresso colocou um selo de sigilo centenário nos registros de vacinação de Bolsonaro.

Bolsonaro viajou aos Estados Unidos pelo menos quatro vezes durante a pandemia, inclusive em setembro de 2021, quando liderou uma delegação à Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Durante a viagem, ele postou uma foto dele e de sua comitiva comendo pizza ao ar livre, gerando especulações de que o grupo havia sido proibido de jantar em ambientes fechados devido às restrições da Covid.

Bolsonaro foi duramente criticado por interromper a compra de vacinas contra a covid e por frequentemente espalhar desinformação sobre elas. A certa altura, ele afirmou que furos poderiam transformar brasileiros em crocodilos.

Uma investigação do Congresso brasileiro concluiu que Bolsonaro deveria ser acusado de “crimes contra a humanidade” por lidar com a pandemia, que já matou 700.000 pessoas no Brasil. Os promotores não prosseguiram com essas acusações.

Esperava-se que a polícia questionasse Bolsonaro sobre os registros de vacinação falsificados ainda na quarta-feira.

Após a batida em sua casa, o normalmente impetuoso Bolsonaro parecia solene ao falar em um programa de televisão de direita. “Durante minhas visitas aos Estados Unidos, em nenhum momento me pediram carteira de vacinação”, disse. “Portanto, não houve fraude da minha parte. Às vezes ele parecia chorar durante a entrevista.

Entre os presos na quarta-feira estava Mauro Cid Barbosa, militar que foi secretário e assessor de Bolsonaro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a má gestão da pandemia por Bolsonaro durante a eleição do ano passado, que ele venceu por pouco. Prometendo levantar o véu do sigilo, Lula começou a revisar centenas de selos de confidencialidade estabelecidos durante o mandato de Bolsonaro.

“Vou deixar os brasileiros saberem por que você esconde tantas coisas”, disse Lula a Bolsonaro durante um debate no ano passado.

Separadamente, Bolsonaro enfrenta uma série de investigações, incluindo uma por espalhar desinformação sobre a eleição e por inspirar a invasão do Congresso, Supremo Tribunal Federal e gabinetes presidenciais do Brasil em 8 de janeiro. A Justiça Eleitoral do Brasil deve decidir este mês em um caso no qual Bolsonaro é acusado de abusar de sua posição ao criticar o sistema de votação do Brasil em um discurso a diplomatas estrangeiros antes da eleição do ano passado.

Ele também é objeto de várias investigações da Suprema Corte, inclusive sobre como lidou com a pandemia; acusações de espalhar desinformação; e um vazamento de informações classificadas quando ele discutiu um hack da agência eleitoral do país para apoiar suas alegações infundadas de que o sistema de votação do Brasil não é seguro.

Se for considerado culpado em qualquer uma das investigações, Bolsonaro pode ser considerado inelegível para concorrer à presidência nas próximas eleições.

Flávia Milhorance noticiado no Rio de Janeiro e Ana Ionova Reportagem de Toronto.

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