Publicado em 20 de abril de 2022 09:11
O Brasil ganhou o campeonato mundial de avião de papel duas vezes, em 2006 e 2009.
RIO DE JANEIRO (AFP) – Mais de um século depois de seu querido compatriota Alberto Santos-Dumont ter feito história na aviação, os jovens brasileiros estão subindo aos céus em busca de sua própria glória internacional… com aviões de papel.
Oito finalistas participaram de uma disputa acirrada no Rio de Janeiro nesta segunda-feira para escolher os inscritos brasileiros para o campeonato mundial de aviões de papel em Salzburg, na Áustria, em maio.
Agora em sua sexta edição, o Red Bull Paper Wings 2022 colocará representantes de 62 países uns contra os outros em competições para decidir quem são os melhores pilotos de avião de papel do mundo em distância e tempo de antena.
As eliminatórias brasileiras foram realizadas no Museu do Amanhã, uma elegante estrutura inaugurada no período que antecedeu as Olimpíadas do Rio 2016 cujas exposições incluíram homenagens a Santos-Dumont (1873-1932), herói nacional que ganhou o prêmio Deutsch em 1901 por ser a primeira pessoa a voar em um dirigível ao redor da Torre Eiffel.
Voando na cara dos historiadores da aviação, muitos brasileiros também insistem que o lendário bon vivant foi o primeiro a pilotar um avião, não os irmãos Wright.
Seus pretensos herdeiros enfrentam o que alguns podem considerar um desafio igualmente quixotesco: usar uma folha de papel A4 padrão de 100 gramas para criar e pilotar os aviões de papel de melhor desempenho do mundo.
O Brasil ganhou dois campeonatos mundiais, em 2006 e 2009, ambos na categoria airtime.
– Foguetes e planadores –
Oito estudantes de áreas tão diversas como engenharia, medicina veterinária e nutrição participaram das finais de segunda-feira, depois de sobreviverem às eliminatórias preliminares com um campo inicial de 2.500 participantes.
De pé em um trecho de competição coberto pintado como uma pista de aeroporto, eles lançaram artisticamente suas criações de papel à luz do sol que brilhava através da cúpula alta e arejada do museu.
José Silva, 24 anos, estudante de ciência da computação da cidade de Goiânia, centro-oeste, disputava sua segunda eliminatória.
“Aviões construídos para distâncias são como foguetes”, explicou.
“As aeronaves construídas para o tempo de antena são como planadores, com asas largas.”
Sua própria entrada no tempo de antena foi de 2,11 segundos, perdendo para Pedro Cruz Capriotti, de 19 anos, em 7,61 segundos, e bem abaixo do recorde mundial de 27,9 segundos do japonês Takuo Toda.
A categoria de distância foi vencida por Isaac Queiroz Leite, 19, com um voo de 40,3 metros (132 pés).
Ele vai perseguir o recorde mundial de 69,1 metros, detido por Joe Ayoob dos Estados Unidos.
O terceiro colocado Richard Amorin, de 23 anos, estava confiante de que a seleção brasileira brilharia na Áustria.
Assim como Santos-Dumont, “os brasileiros sempre dão um jeito”, disse.