Você usa pijama para dormir ou tem roupas mínimas embaixo do cobertor? Dependendo da sua preferência, as noites de inverno podem ser muito mais (ou muito menos) confortáveis. Isso ocorre porque cada uma das duas combinações acima tem efeitos muito diferentes.
Se quiser ficar o mais quente possível, use uma combinação de pijama e um cobertor. Se a idéia é ter conforto térmico, usar apenas o cobertor pode ser a melhor opção.
A explicação para isso está na área da física chamada termodinâmica, que estuda as causas e efeitos de eventos como trocas de calor, variações de temperatura e transformação de energia.
Perda constante
A idéia de que pijamas e cobertores (ou uma combinação de ambos) os aquece não é totalmente correta. O corpo humano basicamente funciona como uma usina de transformação de energia. E pijamas e cobertores agem como barreiras que limitam a perda de calor do corpo.
“Quando comemos algo, estamos consumindo uma fonte de energia. Nosso corpo a transforma em trabalho, que pode estar caminhando para as funções mais básicas do corpo. Boa parte dessa energia, que pode chegar a 70%, acaba sendo desperdiçada.” forma de calor “, explica Adriano Alencar, professor de Física do Corpo Humano da USP (Universidade de São Paulo).
Existem diferentes maneiras pelas quais o corpo perde calor:
- Transpiração: o processo de evaporação da água através da pele. Em exercícios intensos, o corpo perde 85% de seu calor devido à transpiração;
- Dirigindo: Quando o calor é perdido através do contato com objetos ou substâncias. Em temperaturas abaixo de 20 ºC, o corpo perde aproximadamente 2% de sua temperatura através da condução do ar. Outro caso ocorre na água, que, aliás, conduz o calor muito melhor que o ar;
- Convecção: é a resposta ao movimento natural do ar quente que tenta subir e roubar o calor do corpo. Normalmente, o corpo perde 10-15% de sua temperatura dessa maneira;
- Radiação: é a forma principal, especialmente quando a temperatura do ar está abaixo de 20 ºC. Isso ocorre devido à emissão de radiação infravermelha, responsável por 65% da perda de calor do corpo.
Essa perda de calor não é uma coisa ruim: é essencial para o corpo funcionar corretamente. Nossa anatomia é “projetada” para maximizar a remoção de calor do ambiente.
“O corpo humano normalmente está acima da temperatura ambiente e isso já faz com que perca calor o tempo todo. Essa perda de calor também é essencial para garantir que o corpo permaneça dentro de uma faixa muito restrita de temperaturas, algo necessário para a manutenção da nossa vida “, explica Leandro Russovski Tessler, professor de física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Parando o processo
Pijamas e cobertores funcionam limitando a perda de calor do corpo. “A idéia é evitar os processos de evaporação, radiação, condução e convecção”, diz Tessler.
Para isso, eles usam materiais com maus condutores térmicos, como lã e tecidos sintéticos, o que reduz o efeito da perda de calor por condução. Ao manter o ar quente próximo ao corpo, o processo de convecção também é afetado. Ao mesmo tempo, ter uma superfície intermediária entre você e o meio ambiente também diminui a eficiência do processo de radiação.
Materiais que conduzem mal o calor são mais comuns, mas existe outra maneira: o uso de metal. Apesar de ser um ótimo condutor térmico, esse material é eficiente para reter a radiação emitida pelo organismo.
“É por isso que é usado na forma de cobertores metálicos para manter as pessoas aquecidas durante resgates de acidentes. Ou, até, em sacos de dormir e roupas quentes para temperaturas extremas”, diz Alencar.
Você pode experimentá-lo em casa: deixe um pedaço de papel alumínio com o lado reflexivo na frente da pele por alguns minutos na mão. A região deve ser mais quente que o resto do corpo.
Qual é a melhor maneira de dormir?
A combinação de um pijama e um cobertor funciona melhor para aquecer o sono, porque quanto mais superfícies intermediárias entre seu corpo e o ambiente, menos calor será perdido.
Mais quente, no entanto, não significa mais confortável. Isso ocorre porque a temperatura do “sistema” de envolvimento do corpo pode aumentar além da temperatura do corpo.
“Uma vez que não há troca de calor suficiente entre o corpo e o ambiente, ele começa a esquentar e pode estar acima da temperatura normal. Nesse caso, há uma sensação de desconforto”, diz Alencar.
Um dos mecanismos para esfriar, neste caso, é o suor. Se você remover o cobertor após suar (a água é um excelente condutor térmico, lembra?) Você sentirá mais frio novamente, ele se cobrirá e assim por diante. Isso pode causar um ciclo muito desconfortável.
Muitas vezes, é mais confortável dormir com algumas camadas de roupa (ou mesmo sem elas) e embaixo de um bom cobertor. Assim, garante que a temperatura do “sistema” seja agradável, sem impedir que o corpo realize a troca de calor natural.
Muitas pessoas evitam isso por medo de “choque térmico” quando deixam os cobertores para ir ao banheiro à meia-noite ou quando acordam. Aqui, haveria risco em casos mais extremos.
“O simples fato de pisar no chão frio ao se levantar é improvável que cause danos ao organismo, exceto quando há exposição de uma grande área do corpo”, diz Fábio André Santos Pampolha, médico e supervisor médico, familiar e comunitário da região. Centro de Pesquisa e Pesquisa Dr. João Amorim (Cejam).
Segundo Pampolha, diante de uma variação súbita e extrema de temperatura, o corpo reage alterando o calibre dos vasos sanguíneos. “Isso pode causar desde desconforto leve a condições graves de arritmias cardíacas, distúrbios metabólicos e pulmonares”, explica ele.
Embora seja improvável que isso aconteça em sua casa, uma boa opção, mesmo em termos de conforto, para quem deseja tirar o pijama em noites frias é ter uma roupa por perto para vestir assim que sair da cama.