SÃO PAULO, 2 Mar (Reuters) – O presidente-executivo da Petrobras (PETR4.SA) disse nesta quinta-feira que a estatal brasileira de petróleo continuará pagando dividendos “robustos” em 2023, já que planeja continuar reportando lucros elevados.
Jean Paul Prates, que já havia criticado a atual política de dividendos da empresa, disse em teleconferência com analistas que uma fórmula equilibrada para pagamentos seria aquela em que conselho, acionistas e administração decidem a favor de investir bem e remunerar os acionistas. ao mesmo tempo.
“Estamos todos em uma situação de ‘trade-off’. Você me deixa dinheiro e eu mostro projetos marcantes…, um portfólio bem composto de coisas sustentáveis no curto, médio e longo prazo, e o investidor decide se ele quer ficar conosco ou se você quiser manter o dinheiro garantido de dividendos de curto prazo”, disse ele.
A Petrobras divulgou na quarta-feira um aumento de 38% acima do esperado no lucro do quarto trimestre, mas propôs cortar um dividendo de US$ 6,9 bilhões, em meio à pressão do governo para aumentar o investimento.
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“Onde houver uma oportunidade em território brasileiro ou mesmo no exterior, iremos buscá-la. E quem vai decidir isso não é um imperador, nem uma pessoa só, é a diretoria, é uma diretoria competente, é um diálogo aberto até com investidores e pessoas que acreditam na Petrobras”, disse o executivo.
Prates também disse duvidar da necessidade de regras muito rígidas quanto ao pagamento de dividendos.
“Mudam-se as circunstâncias, muda-se a situação, mudam-se os projetos, e estamos a construir esta relação juntos através do diálogo com os investidores”, afirmou, acrescentando que “é possível ter um diálogo antes de tomar decisões que os investidores podem não gostar”.
Prates, ex-senador nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para liderar a gigante do petróleo, assumiu o cargo em janeiro com a expectativa de supervisionar uma mudança estratégica em direção a mais projetos de energia renovável e investimentos renovados em refino.
Logo após seus comentários, Lula criticou o pagamento de dividendos da empresa e disse que a Petrobras deveria ter investido mais no crescimento do país.
Mais cedo, Prates defendeu que a empresa deve se preparar para uma transição energética “inevitável” e quer ter um papel de liderança nisso.
“Vamos manter nosso papel de liderança na produção de petróleo e gás enquanto trabalhamos para financiar e construir esse novo futuro”, disse Prates, acrescentando que seu objetivo é tornar a Petrobras uma empresa equilibrada para que desempenhe um papel de liderança na transição energética.
As ações da empresa caíram 0,9% na quinta-feira, abaixo do índice Bovespa.
Reportagem de Gabriel Araujo, Roberto Samora e Marta Nogueira; Editado por Steven Grattan e Marguerita Choy
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