“Pense nos outros”: tecnologia e pandemia alteram o comportamento dos médicos

Navios Zach / Unsplash

O homem disse que tinha que ir antes que ele quisesse me ensinar algo muito importante:

– Você quer saber o segredo de ser uma criança feliz pelo resto da vida?

“Eu quero”, eu disse.

O segredo é resumido em três palavras, que ele pronunciou com intensidade, as mãos nos meus ombros e os olhos nos meus olhos:

– Pense nos outros.

“O garoto no espelho” – Fernando Sabino

Por Paulo Schor *

Uma das categorias profissionais mais convencionais e lentas é avançar aos trancos e barrancos: os médicos.

Durante décadas, problemas éticos coexistem com o mercado e a demanda da população na área da saúde. Associações para a defesa da classe, pacientes, proprietários de clínicas, etc. Eles não foram entendidos porque nem sempre os interesses comuns foram explicitados.

Como obter lucros com internações e exames compatíveis com o acesso universal aos serviços de saúde? Ou estabelecer estruturas de serviço antes que haja demanda efetiva e retorno financeiro privado?

A tecnologia (e a economia, como a inflação médica) vinha promovendo mudanças, e esperávamos antecipar novos comportamentos que beneficiariam os pacientes, como medicina baseada em valores, promoção do bem-estar e capacitação dos pacientes. pacientes. por tecnologia frugal.

O vírus deu um impulso a tudo. Um mal maior e um tempo muito menor foram colocados à frente dos detalhes que anteriormente dominavam a cena. E a mitigação do sofrimento (e, finalmente, a luta contra a morte) retornou ao seu lugar central no cuidado de outras pessoas.

Uma das discussões mais rapidamente resolvidas foi a da telemedicina, que até agora havia sido arquivada para estudos futuros. Agora, ele ressurge com inúmeros rostos, desde a certificação digital de profissionais, que hoje assinam prescrições de medicamentos controlados e os enviam para os telefones celulares dos pacientes, para liberar plataformas institucionais que registram e compartilham informações com confidencialidade e qualidade.

Hoje treinamos acadêmicos e residentes para operar telas. Como interpretar o discurso do paciente, uma emoção que fornece ao médico experiente inúmeros dados da história médica? Nós resgatamos a história! Rico o suficiente para permitir o encaminhamento e suposições robustas na maioria das vezes.

O velho hábito de solicitar inúmeros testes complementares e aprofundar os diagnósticos é questionado. Voltamos à mais pura origem da prática médica, ouvindo. Revalorizamos o raciocínio clínico, investigativo, crítico e científico.

Participei de várias experiências de serviço remoto, desde o monitoramento de auto-exames (como EyeNetra), passando por relatórios teleftalmologia, a orientação de refração – exame de óculos – à distância. Recentemente, entrei para o grupo de trabalho que iniciou consultas de orientação ao paciente em Conselho Brasileiro de Oftalmologiae hoje eu uso plataformas institucionais para meus pacientes

O custo direto dessas tecnologias é baixo em comparação com o custo fixo envolvido no atendimento presencial. Há o custo do treinamento, as limitadas redes de dados nos extremos, a instabilidade dos sistemas e o entendimento de como as plataformas funcionam, nem sempre, mas cada vez mais amigáveis.

Evidência, e já publicamos artigos sobre a eficácia das práticas mediadas por tecnologia. Pacientes afetados com angústia reduzida traduzem esses dados qualitativamente.

As empresas investem em mais ferramentas que analisam expressões durante encontros virtuais, permitindo que os jovens interpretem os sentimentos dos outros com mais rapidez e precisão. Os algoritmos procuram padrões nas imagens. e evite receitas de grandes erros que os humanos estão sujeitos a cometer. Hoje, o uso da máquina, como interface com o ser humano, é essencial e talvez salvador.

Vejo aqui uma imensa oportunidade de resgatar uma joia nacional, voltada para a população que mais precisa, o SUS.

Essa enorme inovação nas políticas públicas originárias do Brasil, denominada Sistema Único de Saúde, nunca pode ser totalmente implementada, também devido à falta de recursos suficientes. Apesar dos preceitos detalhados, o treinamento médico era (e ainda é) voltado para a medicina reparadora e não preventiva. Os graduados ainda estão procurando por turnos especializados e aglomerados em clínicas especializadas, com o sonho de “cuidar de apenas um paciente particular” algum dia.

O modelo de remuneração de médicos e hospitais baseado no pagamento de clientes por planos de saúde, que por um lado beneficiam quanto mais menor a taxa de perdas (demanda por atendimento) e, por outro lado, quanto mais ganham, mais hospitalizações e procedimentos, ele não fecha.

No contexto atual da pandemia, com detalhes afogados por eventos catastróficos, podemos pensar em passos mais amplos. Vemos uma ação estatal óbvia e a necessidade de reduzir as desigualdades, e o SUS leva isso ao conceito central de equidade. Acrescentamos a essas ferramentas centradas no usuário, voltadas para essa necessidade, que se referem ao conceito de integralidade, e concluímos com um modelo de sustentabilidade presente na universalização do cuidado.

Todos os requisitos estão agora sobre a mesa e vigorosamente validados. Profissionais experientes e treinados agora podem trabalhar em vários locais em momentos diferentes, aumentando exponencialmente a produtividade e a acessibilidade.

Temos como, podemos e devemos pensar nos outros!

* Paulo Schor Ele é médico e professor de oftalmologia na Escola Paulista de Medicina e Einstein; e diretor de inovação tecnológica e social da UNIFESP.

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About the Author: Edson Moreira

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