Desta vez, não foram os looks engraçados nem os gadgets malucos que Quinze dias apareceu no noticiário. O motivo foi diferente: retirado da App Store tanto quanto na Google Play Store. Só para resumir, a Epic, a produtora do jogo, decidiu colocar uma função de compra no jogo que desse um desvio nos sistemas de cobrança da Apple e do Google. Era óbvio que se tratava de uma violação dos termos de uso das plataformas e, sem surpresa, ambas tiraram o jogo das lojas, apesar de toda a popularidade que tem.
Este episódio parece um outro, de 2018. Nessa altura, a própria Epic decidiu que iria distribuir o jogo a outras lojas do Android (neste sistema existem outras lojas de aplicativos além do Play) e, novamente, sem surpresa, isso abriu uma lacuna de segurança crítica ao instalar o jogo que poderia ser explorada por criminosos. Ok, não é a mesma situação hoje, mas o fato de a Epic decidir subverter as regras de duas lojas principais acaba sendo um importante lembrete de por que essas regras existem em primeiro lugar.
Quando uma empresa assume a responsabilidade de distribuir conteúdo tão popular quanto um jogo, ela enfrenta um enorme desafio de segurança. Os cibercriminosos estão procurando ativamente por oportunidades de explorar falhas em produtos como o Fortnite, porque sabem que podem afetar milhões de dispositivos, roubando informações pessoais de detalhes de cartões e fraudando transações de compra. E, como acontece com qualquer serviço em nuvem, a entrega de aplicativos vem com uma responsabilidade compartilhada para a segurançaEm outras palavras, se uma vulnerabilidade do lado da loja for explorada e gerar perdas, você certamente terá que responder legalmente junto com o produtor do aplicativo.
Do ponto de vista empresarial, além de se beneficiarem da distribuição de conteúdo, empresas como Google e Apple querem ser recompensadas por oferecer essa tranquilidade ao usuário e ao desenvolvedor, e isso é muito justo. Destaco que o foco aqui não é julgar se a Epic errou ou não ao burlar o sistema de pagamento das lojas, mas sim destacar a importância de seguir as regras de publicação e distribuição, para a segurança do usuário e da própria empresa.
Para se ter uma ideia de como os riscos móveis são um problema sério, em junho Trend Micro Fast Facts, nossa pesquisa mais recente, vimos um total de 421.399 malwares diferente para o sistema. Além disso, na mesma pesquisa, o Brasil ficou em quinto lugar entre os países com mais detecções desse tipo de perigo. O que isso significa para o usuário? Que todos os cuidados sejam bem-vindos e necessários. Evite baixar arquivos de fontes não confiáveis, use senhas fortes e mantenha sua segurança móvel sempre atualizada para que você possa desfrutar de tudo o que o mundo móvel tem a oferecer, incluindo os melhores jogos, sem ser vítima dos maus.
***
Marisa Travaglin é gerente de marketing da Trend Micro Brasil.