Os governos estaduais calculam uma perda mensal de R $ 14 bilhões em receita devido à desaceleração econômica com o avanço do novo coronavírus no país e solicitam ajuda à União nesse valor. O pedido de liberação emergencial para viabilizar a “travessia da crise” foi feito em carta assinada por todos os secretários de finanças do Estado ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em outro documento, os estados também solicitam ao governo federal a transferência de R $ 5 bilhões para que possam reforçar suas ações na área da saúde. Este aplicativo é suportado pelo conselho de secretarias estaduais de saúde. Segundo o texto, a liberação desse valor seria feita em três meses, aproximadamente R $ 1,66 bilhão por mês. O dinheiro seria distribuído de acordo com o critério da população, ou seja, os Estados com maior número de habitantes receberiam uma proporção maior de recursos.
Nesta quinta-feira, 19, em entrevista à rádio CBN, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, indicou que haverá recursos para ações de saúde nos estados e municípios. “Precisamos garantir que qualquer município ou estado tenha um apelo, independentemente de sua situação tributária. Podemos fazer transferências de fundo a fundo ”, disse Mansueto. “Tudo o que for necessário estará disponível, através do Ministério da Saúde, para estados e municípios”, acrescentou.
Os governos estaduais pedem oficialmente ajuda desde o início da semana. Segundo as contas das Secretárias de Fazenda, as perdas podem chegar a 20% da arrecadação com o ICMS, o Fundo Estadual de Participação (FPE, que recebe parte da receita federal com impostos), royalties e participação especial relacionada ao exploração de ativos naturais, como petróleo Os primeiros sinais de queda na demanda já estão começando a chegar aos cofres do estado, tendência que deve se acentuar nos próximos dias.
“Como a renda deles depende muito da economia real, mesmo em um estágio muito inicial da quarentena dos cidadãos, os estados já começaram a registrar o reflexo esperado da demanda reduzida, que é uma queda na a atual cobrança de impostos, com o fluxo de mercadorias indicado nos sistemas de pontos de controle interno e fronteiriço, é claro, com uma contração muito maior nos próximos dias “, alerta a carta.
Existem vários fatores que contribuem para a queda na cobrança de impostos no momento. A circulação reduzida de pessoas, seguindo as recomendações de saúde para tentar conter a infecção pelo novo coronavírus, leva a uma menor demanda por bens e serviços, o que reduz a arrecadação de impostos.
Essa menor demanda também se reflete em combustíveis, o que afetou a demanda por petróleo no mercado internacional, o que levou a uma queda abrupta no preço do produto. Portanto, o ICMS sobre combustíveis cai porque menos é comprado e o valor do litro sobre o qual o imposto é cobrado é menor. A perda é grave porque alguns estados têm de 15 a 20% de seu ICMS em combustível.
A solicitação dos Estados é que o governo federal ajude “pelo menos” a equiparar as transferências do FPE com os valores praticados no mesmo mês de 2019, quando não houve um número tão devastador que afetou a coleta.
Na terça-feira, 17, o congressista Pedro Paulo (DEM-RJ), relator de um plano para resgatar estados enviados ao Congresso no ano passado, se reuniu com Guedes para discutir maneiras de ajudar os governos estaduais. Segundo ele, uma possibilidade seria a suspensão temporária da cobrança do serviço da dívida.
De acordo com as estimativas dos Estados, uma isenção da obrigação de pagar as taxas devidas pelo Governo Federal e pelos bancos públicos poderia trazer um alívio de R $ 3 bilhões por mês ao fluxo de caixa dos governos estaduais.
Apesar da demanda dos Estados, Pedro Paulo reconheceu, ainda na terça-feira, que estados em crise, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, já estão protegidos dessas acusações, graças a ordens judiciais no Tribunal. Supremo Federal (STF). Portanto, a medida seria ineficaz no caso, por exemplo, do Rio, que já está em alta demanda em seu sistema de saúde. “Eles (a equipe econômica) simpatizam mais diretamente, de fundo para fundo”, disse o deputado na época. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.