O Senado mantém uma seção que favorece o contribuinte em caso de empate no CARF

O Senado aprovou uma disposição que altera radicalmente as sentenças do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A seção prevê que, em caso de empate nos processos da agência, a decisão será automaticamente favorável aos contribuintes. O texto ainda será projetado pelo presidente Jair Bolsonaro

O dispositivo foi incluído pela Câmara dos Deputados na Medida Provisória do Contribuinte Legal, que trata da renegociação da dívida com a União, e foi mantido no Senado por 50 votos a 28 na terça-feira, 24. Posteriormente, os parlamentares votará no texto. a medida A sessão ocorre virtualmente.

A seção aprovada promoverá um investimento na pontuação em relação aos julgamentos atuais, cujo voto de qualidade corresponde à presidência da Carf, que é necessariamente membro do Tesouro e decide em favor dos recursos. A consultoria do Senado identificou o dispositivo como uma “tartaruga” porque é um assunto estranho para o MP, mas permaneceu.

A decisão em favor do contribuinte foi defendida por senadores ligados à comunidade empresarial como uma trégua durante a crise do novo coronavírus. Os que se opõem ao dispositivo, por outro lado, argumentaram que a mudança poderia comprometer a receita do governo apenas durante a pandemia.

Julgamentos

O Carf é o órgão administrativo ao qual os contribuintes recorrem das autuações do Serviço Fiscal Federal, geralmente em disputas que chegam a bilhões.

Segundo a regra atual, cada classe é composta por oito conselheiros, metade dos quais são representantes do Tesouro, nomeados pelo Serviço Federal de Tributos, e quatro representantes de contribuintes, nomeados por entidades como a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O coordenador do Gabinete do Procurador do Tesouro Nacional em Carf, Moisés Carvalho, defende que o chamado “voto de qualidade” é do representante do governo, porque a decisão de Carf é a última palavra da administração pública. No caso de uma decisão favorável ao contribuinte, o governo não pode recorrer. Empresas ou indivíduos podem recorrer a uma decisão desfavorável na Carf.

Segundo a pesquisa da PGFN, aproximadamente 7% dos casos são decididos por meio de voto. Mas esses são precisamente os casos com maior impacto financeiro. Somente em 2019, foram mantidos R $ 27 bilhões em ações judiciais com avaliações da Receita Federal.

“Os que serão favorecidos com o fim do voto de qualidade são os grandes contribuintes, que têm acesso a teses complexas e planejamento fiscal. A grande massa de indivíduos e pequenos empresários não tem os casos julgados pelo Carf pelo voto de qualidade ”, afirmou Carvalho.

A medida foi comemorada por advogados fiscais. “Quem está acusando e exigindo deve ter absoluta certeza do que está fazendo. Em caso de dúvida, o acusado deve estar certo, quem é o contribuinte ”, disse Rafael Gregorin, do escritório de Trench Rossi Watanabe.

“Com a abolição do voto de qualidade, as decisões serão novamente técnicas e equilibradas. Hoje, o que temos é uma decisão de política de cobrança de impostos ”, disse João Marcos Colussi, do escritório de Mattos Filho. Caro, Carf disse que não vai comentar.

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