Desfazer as políticas controversas de Bolsonaro representará o maior desafio para o novo governo, alertam especialistas.
“Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida”, anunciou Luiz Inácio Lula da Silva na COP27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, no Egito, em outubro.
Durante seu discurso, o presidente eleito do Brasil prometeu desfazer as polêmicas políticas ambientais de seu antecessor, Jair Bolsonaro, salvaguardando a biomassa amazônica, fortalecendo órgãos de fiscalização e sistemas de monitoramento, reprimindo crimes ecológicos e estabelecendo um ministério indígena.
Lula, presidente do Brasil de 2003 a 2010, também convocou as comunidades locais da Amazônia a se tornarem “beneficiárias” do desenvolvimento sustentável da região. Ele retornará para um terceiro mandato em 1º de janeiro.
No entanto, ele enfrenta desafios difíceis pela frente ao tentar reverter a devastação causada por Bolsonaro, que revogou as proteções ambientais e pressionou por mais mineração e agricultura comercial na região.
“A ciência nos alerta que a Amazônia está chegando a um ponto sem volta”, diz Dr. Marcelo Dutra da Silva, pesquisador e professor de ecologia da Universidade Federal do Rio Grande
“O desmatamento está avançando em taxas muito altas e, se nada for feito para impedir a destruição da floresta, podemos perder serviços ambientais que operam em diferentes escalas: produção de água, base econômica extrativa, biodiversidade, sequestro de carbono”, diz ele ao TRT World .
Segundo Lula, os maiores desafios políticos de Lula serão a “resistência de governos locais, empresários com interesses em terras para exploração agrícola, invasores e até grupos locais de indígenas que defendem a exploração da floresta, em detrimento de suas culturas. Portanto, será necessário um grande esforço para estar mais perto de salvar a Amazônia”.
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Desde que Bolsonaro assumiu o cargo há quatro anos, ele desmantelou a maioria das proteções ambientais. e resultou na perda de quase 46.000 quilômetros quadrados de selva tropical, considerada o pulmão do mundo.
O pesquisador e ambientalista Lucas Ferrante diz que Bolsonaro enfraqueceu os direitos dos povos indígenas, bloqueou a legislação ambiental e militarizou os órgãos ambientais e indigenistas.
“As ações de Bolsonaro favoreceram grileiros, garimpeiros ilegais e madeireiros que aumentaram o desmatamento na Amazônia em um ritmo alarmante. Esse é o cenário herdado de Lula, onde não há governança ambiental”, conta ao TRT Mundo.
Dutra da Silva também acredita que, além de fortalecer as instituições e políticas ambientais, Lula deve “restaurar o orçamento para a proteção ambiental e fortalecer o trabalho de fiscalização e controle”.
Ao final do segundo mandato de Lula, em 2010, O desmatamento da Amazônia foi reduzido em 67%. No entanto, foi fortemente condenado em 2007, quando centenas de indígenas acamparam perto do Congresso para denunciar projetos de desenvolvimento. Mais uma vez, em 2010, enfrentou críticas quando cerca de 40.000 pessoas foram deslocadas pela construção de uma hidrelétrica no Pará, afetando comunidades indígenas e locais que dependem de um rio local que secou como fonte de alimento.
“Em mandatos anteriores, o governo Lula cometeu várias violações dos direitos dos povos indígenas. Lula precisa mostrar que agora vai ser diferente. Um teste para isso será se Lula interromper grandes projetos de infraestrutura na Amazônia que violam os direitos dos povos indígenas, como a rodovia BR-319”, diz Ferrante. Lula também deve proibir o cultivo de culturas utilizadas na produção de biocombustíveis que são “extremamente prejudiciais à floresta e geram novos ciclos de desmatamento”.
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Dutra da Silva disse que o mandato de Lula representa uma oportunidade que não deve ser desperdiçada na formulação de políticas e insistiu que “mostramos ao mundo as consequências de um mau governo que não se preocupa com o meio ambiente. Como resultado, perdemos o respeito internacional e nos tornamos párias. Estamos divididos entre os que preservam e os que aceitam a destruição da natureza.
Logo após a vitória eleitoral de Lula no final de outubro, a Noruega anunciou que retomaria os subsídios de proteção da Amazônia, no valor de cerca de US$ 33 milhões que haviam sido congelados durante o mandato de Bolsonaro.
Após o anúncio de Lula de que “o Brasil está de volta” no cenário internacional da COP27, Ferrante diz que a comunidade internacional deve ajudar a “financiar pesquisas de conservação florestal e investir em projetos que favoreçam as cadeias produtivas de comunidades tradicionais, garantindo a conservação da Amazônia e garantindo renda para a população amazônica”.
Alguns mercados, como a Ásia, “estão interessados em produtos naturais, como cosméticos, e a bioeconomia amazônica pode estimular essas cadeias produtivas ao mesmo tempo em que garante a conservação das florestas.
Segundo Dutra da Silva, “a comunidade internacional precisa continuar lembrando o Brasil e a importância que temos no mundo, seja pela nossa capacidade de produzir alimentos, fornecer minerais e outros recursos, seja pela nossa vocação de ser o maior economia do mundo.” . o planeta.”
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Fonte: TRT Mundo See More