O novo plano 5G DSS da Claro, um tipo de tecnologia de transição entre a quarta e a quinta geração de telefonia móvel, chegará às cidades do Rio de Janeiro e São Paulo pela primeira vez a partir da próxima terça-feira (14). A notícia foi anunciada nesta quarta-feira (8) pela operadora.
O 5G DSS (Dynamic Spectrum Sharing) será oferecido em associação com a empresa sueca Ericsson. Claro compartilhará as frequências que já funcionam no Brasil para oferecer à Internet, segundo ela, até 12 vezes mais rápido que o 4G tradicional. Mas ainda não opera nas bandas que serão usadas pelo 5G, que ainda dependem de um leilão realizado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), atualmente programado para 2021.
Para fazer isso, você precisará de um smartphone compatível com a rede, e é altamente improvável que o seu seja. Entre os dispositivos vendidos no Brasil, apenas o Motorola Edge e Edge +, lançado na semana passada, podem aproveitar a novidade da Claro. O preço dos celulares também é uma barreira, já que o mais barato custa R $ 5.499.
Na primeira semana de operação, o 5G DSS da Claro terá cobertura em regiões restritas das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em São Paulo, o serviço pode ser acessado a partir da Avenida Paulista e Jardins, e depois se expande para Campo Belo, Vila Madalena, Pinheiros, Itaim, Moema, Brooklin, Vila Olímpia, Cerqueira César, Paraíso, Ibirapuera e Santo Amaro.
No Rio de Janeiro, o 5G estará disponível em Ipanema, Leblon e Lagoa. Posteriormente, a cobertura será estendida a toda a fronteira, do Leme à Barra da Tijuca. Jardim Oceânico, Joá, São Conrado e Copacabana serão incluídos na rede.
“A Claro lidera, oferecendo uma migração gradual e transparente para o 5G, mesmo antes de as novas frequências dedicadas a essa nova tecnologia serem concedidas no país”, diz José Félix, presidente da operadora.
Alguns dos critérios usados pela empresa para os primeiros locais a receber 5G DSS são:
- Demanda de tráfego, ou seja, cidades que precisam de mais cobertura da Internet
- Infraestrutura modernizada para 4,5 G
- Penetração de smartphones da próxima geração, onde há mais usuários com iPhones, Galaxy S10 e similares;
- Densidade populacional
5G, mas não “definitivo”
A novidade da Claro é o primeiro passo do comercial 5G no Brasil. É uma tecnologia que permite velocidades mais altas do usuário e alguns dos recursos prometidos pela quinta geração de dispositivos móveis, mas esse serviço ainda não pode ser considerado a versão “definitiva” do 5G.
Mas do que é feito esse DSG 5G? É o resultado de alguns eventos recentes.
- Em março de 2019, a América Móvil (empresa proprietária da Claro) anunciou a compra da operadora Nextel. O acordo foi aprovado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em dezembro do mesmo ano. Como resultado, a Claro herdou as bandas de frequência Nextel, como 1,8 GHz e 2,1 GHz;
- A Anatel emitiu a resolução 703 em 1 de novembro de 2018, que aumentou o limite de faixas de frequência que uma operadora poderia usar no mesmo município;
- Em junho deste ano, a equipe 5G também teve seu marketing e certificação permitida no Brasil Após uma atualização dos requisitos técnicos da Superintendência de Subvenções e Recursos, o braço da Anatel.
Para resumir tudo isso: as faixas que a Claro obteve da Nextel começaram a ser usadas para “bombear” seu espectro de frequências com o que chama de 5G SDD. Pode ser considerado um ponto médio entre 4G e 5G, capaz de alterar dinamicamente as frequências de localização para obter mais velocidade de conexão.
“Imagine uma ótima rodovia: você pode fazer uma Ferrari andar em alta velocidade e outro carro na velocidade normal. A Ferrari passa, usa a rede e libera espaço para outros carros passarem no mesmo lugar. É o mesmo com o DSS“, comparado Fiori Mangone, diretor de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, fabricante de processadores e modems para telefones celulares.
É como se o 4G é o 5G se eles se dessem espaço em uma pista de uma rodovia, sem criar congestionamentos, cada um na sua própria velocidade.
A solução da Claro também foi adotada por operadoras estrangeiras. Era tecnologia DSS que tornou possível para o americano ATT expandir, até o final de junho, sua cobertura de 5G para uma área onde vivem 160 milhões de pessoas.
O ponto é que, apesar do mérito do operador, 5G Não se trata apenas de um aumento de velocidade, segundo Adão Boava, professor e pesquisador de telecomunicações da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Seu telefone terá Internet mais rápida, mas essa rede DSS não ajudará em outras situações planejadas para o 5G final.
“O 5G envolve novos conceitos que vão muito além do simples aumento da velocidade. O Real 5G vem para resolver a falta de recursos nas redes atuais para aplicativos de IoT. [internet das coisas em inglês], Indústria 4.0, Big Data e outros “, afirma Boava.
“O 5G usará espectro de baixa, média e alta largura de banda. O DSS pode ser uma maneira de acelerar o acesso ao espectro de baixa e média largura de banda que já está sob concessão, mas não elimina a necessidade de alocar mais espectro para as operadoras móveis para melhorar o 5G. “diz José Otero, vice-presidente da 5G Americas para a América Latina e o Caribe.
Outra questão técnica de 5G ausente em DSS é baixa latência, ou seja, o tempo de reação entre um pacote de dados enviado à rede e de volta ao dispositivo- que é mais um indicador da qualidade da conexão do que da velocidade. Ainda assim, é necessário que os objetos conectados possam ser controlados remotamente quase sem demora, como carros autônomos.
Até a chegada do leilão, a Claro poderá alternar o uso da mesma parte do espectro e permitir conectividade 4G e 5G, quando este último finalmente funcionar no país.
De qualquer forma, o 5G DSS deve coexistir com as redes 5G exclusivas, no Brasil após o leilão ou no resto do mundo. “A arquitetura da rede 5G é uma arquitetura em camadas. Quando tivermos o leilão, as operadoras poderão oferecer velocidade ultra-rápida em grandes centros. A partir deles, a cobertura atinge a frequência de 3,5 GHz.” DSG 5G a 4,5G “, disse Mangone.
O diretor de desenvolvimento de negócios da Qualcomm observa que as operadoras não devem se restringir ao DSS. Pode ser um ponto de partida para o 5G, como a Claro decidiu, ou um complemento ao que começou a ser oferecido em 3,5 GHz ou outras bandas de radiofrequência. Mas é verdade que uma rede composta apenas por 5G DSS não será capaz de fornecer todo o potencial da quinta geração de telecomunicações.
Outros podem surgir, diz Anatel
Presidente da Anatel Leonardo Euler, declarou em maio que existem condições técnicas para redistribuir o espectro usado em 4G; É precisamente esse processo que habilita o DSS.
“Os provedores de serviços de telecomunicações que operam no Brasil são livres para implementar redes com o padrão 5G em qualquer uma das bandas de frequência de rádio já autorizadas para eles. Nesse momento, a Anatel busca manter seus padrões técnicos sempre atualizados, para não certificação e implementação de equipamentos de qualquer tecnologia disponível no mercado “, afirmou a Anatel em comunicado à Inclinação.
A Claro tem a vantagem de ter mais espectro disponível, graças à aquisição da Nextel, mas todas as operadoras brasileiras podem atualizar suas redes para o 5G DSS. Segundo Mangone, as atualizações na infraestrutura de suas redes seriam suficientes.
Segundo na América do Sul
O anúncio da Claro torna o Brasil o terceiro país da América do Sul a ter uma rede comercial 5G disponível. Em abril de 2019, o Uruguai, através da estatal Antel e da Nokia, foi o primeiro país a oferecer o lançamento comercial do 5G no continente, seguido pelo Suriname em dezembro.
Trinidad e Tobago, Canadá e Estados Unidos (incluindo as Ilhas Virgens dos EUA e Porto Rico) são outros países da América do Norte, América Central e Caribe em que esses serviços são oferecidos.