de acordo com o nosso novidades novembro 2022 Alerta, o novo governo brasileiro teve um janeiro bastante movimentado com suas agendas social, ambiental e climática. Em sua primeira semana no cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) iniciou uma grande reestruturação institucional, revogando as políticas do governo anterior e anunciando várias novas orientações políticas. As mudanças destacadas abaixo são significativas, sem precedentes e sinalizam inequivocamente uma ênfase de todo o governo nas questões sociais, climáticas e ambientais em toda a extensão do poder do poder executivo.
Lula nomeou a ex-ministra do Meio Ambiente e ativista Marina Silva para chefiar um agora reformado e renomeado “Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas”. Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente por cinco anos durante o primeiro mandato do presidente Lula. Ela renunciou em 2008 após entrar em conflito com interesses agrícolas, sendo acusada de impedir o desenvolvimento industrial e agrícola e de perder batalhas políticas pela Amazônia.
O pacote inicial de mudanças regulatórias ambientais e climáticas de Lula que reverteu as políticas de seu antecessor, Jair Bolsonaro, inclui:
mudanças estruturais
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Medida Provisória 1.154/2023 estabelece a organização básica da Presidência e dos Ministérios, e suas áreas de competência. Os 31 ministérios e seis órgãos com status ministerial (23 a mais que o governo Bolsonaro) apresentam com destaque ministérios recém-criados dedicados à Igualdade Racial; Mulheres; Povo indígena; e Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
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O Ministério da Igualdade Racial é responsável por políticas de ação afirmativa para combater e superar o racismo, bem como políticas para comunidades africanas (por exemplo, quilombola) e povos e comunidades tradicionais.
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O Ministério da Mulher é responsável por formular, coordenar e executar políticas e diretrizes para garantir os direitos das mulheres, bem como programas de cooperação com organizações nacionais e internacionais e políticas de ação afirmativa para garantir a igualdade de gênero e combater a discriminação de gênero.
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O Ministério dos Povos Indígenas será responsável pelo reconhecimento, garantia e promoção dos direitos dos povos indígenas, bem como pela demarcação, defesa, usufruto exclusivo e gestão das terras e territórios indígenas.
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O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos será responsável pela inovação, simplificação e aumento da eficiência e eficácia das políticas públicas, bem como pela transformação digital, governança e compartilhamento de dados.
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A Medida Provisória também prevê sete órgãos consultivos do Presidente da República, incluindo Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Política Energética e Segurança Alimentar e Nutricional. A medida provisória deve ser aprovada até 2 de abrilDakota do Nortee os parlamentares podem apresentar emendas nos dias 2 e 3 de fevereiro.
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Comunicado Presidencial sobre o CONAMA determina a revisão do Decreto 11.018/2022 do ex-presidente Jair Bolsonaro para eliminar os retrocessos operacionais do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), garantir a ampla participação da sociedade na definição das políticas públicas ambientais do país e propor uma nova estrutura regulatória do Conselho, no prazo de 45 dias.
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Decreto 11.328/2023 cria a Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente no âmbito da Procuradoria-Geral da República (Advocacia Geral da União – AGU).
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Decreto 11.349/2023 define a estrutura e as funções do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, restaura o Gabinete de Mudanças Climáticas. Cria o Departamento de Proteção dos Direitos dos Animais e os Gabinetes de Bioeconomia e Controle Extraordinário do Desmatamento. Marina Silva também anunciou uma Autoridade Nacional de Segurança do Clima, a ser implementada em março de 2023, bem como um Conselho Presidencial de Mudanças Climáticas, que será liderado por Lula e contará com a participação de todos os ministérios do governo.
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Decreto 11.357/2023 define a estrutura e as funções do Ministério das Relações Exteriores. Cria a nova Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente, com departamentos para cada área. Cada departamento será responsável por assessorar o Secretário-Geral de Relações Exteriores nesses assuntos, propor diretrizes de política externa e coordenar a participação do governo em negociações bilaterais e regionais e em fóruns e organizações internacionais sobre assuntos de sua competência.
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Decreto 11.367/2023 cria a Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento. Restaura o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e outros biomas relevantes.
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Decreto 11.372/2023 reestrutura o Fundo Nacional do Meio Ambiente, com mudanças na composição do conselho deliberativo do fundo, e restabelece a participação de organizações da sociedade civil. Presidido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, o fundo gerencia projetos e iniciativas socioambientais.
mudanças regulatórias
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Decreto 11.373/2023 Modifica substancialmente o Decreto 6.514/2008, que desenvolve a Lei de Crimes Ambientais e estabelece sanções e mecanismos de fiscalização. O Decreto 11.373 revive a regulamentação original e revoga as disposições da gestão anterior que alteraram o processo de controle ambiental. Algumas mudanças relevantes incluem: (i) a remoção da fase de audiência de conciliação, na qual o réu deve contestar o auto de infração no prazo de 20 dias ou pagar a multa com desconto; (ii) disposições sobre a disponibilização pública na Internet de arquivos com dados sobre infrações ambientais (multas, embargos, etc.); e (iii) a eliminação da provisão para desconto na conversão de multas ambientais em serviços ambientais para os casos que cheguem ao grau de recurso administrativo.
Citações Relevantes
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Agência Federal do Meio Ambiente (IBAMA): No sábado, 14 de janeiro, Marina Silva nomeou o ex-deputado Rodrigo Agostinho como novo presidente do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis). Agostinho é ex-coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista no Congresso Nacional do Brasil. Ele foi membro do CONAMA durante o primeiro governo Lula, em 2004, e recentemente participou da 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27), como parte da equipe de transição, ao lado de Marina Silva. . Como um dos principais representantes da bancada ambiental da Câmara, Agostinho foi um dos principais catalisadores das discussões do Projeto de Lei 6.120/2019, que propunha a criação de um Inventário Nacional de Substâncias Químicas.
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Ministério da Agricultura: O presidente Lula nomeou Carlos Fávaro como novo ministro. Ex-senador, empresário e agricultor, Fávaro integra a equipe de transição do governo desde novembro como coordenador do grupo técnico de políticas agropecuárias e teve papel fundamental no diálogo entre o Partido dos Trabalhadores de Lula e o setor agropecuário. Para a Secretaria de Defesa Agropecuária, Fávaro escolheu o Engenheiro Agrônomo Carlos Goulart. A engenheira de alimentos Renata Bueno Miranda é a nova secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação. Tanto Goulart quanto Miranda já faziam parte do Ministério da Agricultura.
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Ministério das Relações Exteriores e sua Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente: O presidente Lula nomeou o diplomata brasileiro de carreira Mauro Vieira como novo ministro das Relações Exteriores. Vieira ocupó el mismo cargo entre 2015 y 2016 durante el segundo mandato de la presidenta Dilma Rousseff, y sirvió en la misión de la Asociación Latinoamericana de Integración (ALADI) en Montevideo, en las embajadas de Brasil en Washington, Ciudad de México, París, Buenos Aires, Argentina. Para sua secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente, Vieira indicou André Correa do Lago, até então embaixador do Brasil na Índia, e experiente negociador de questões ambientais em fóruns internacionais em nome do Brasil.
desenvolvimentos ESG
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O Brasil recebeu o Ano Novo com dois grandes desenvolvimentos ambientais, sociais e de governança (ESG). A Organização Nacional de Normalização do Brasil (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT) publicou a Prática Recomendada (PR) ABNT 2030, que fornece diretrizes e modelos de avaliação para implementar práticas ESG. O objetivo do 2030 PR é ajudar e orientar empresas e organizações na incorporação de práticas ESG e critérios de avaliação. A PR 2030 é “inclusiva”, ou seja, aplicável a todos os tipos de organizações, incluindo empresas públicas ou privadas, entidades governamentais e organizações sem fins lucrativos, independentemente de seu porte e setor de atuação. O documento serve apenas como um guia e não é executável, a menos que as leis e regulamentos brasileiros o incorporem por referência.
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Por fim, a Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (RCVM) 59, de dezembro de 2021, entrou em vigor em 2 de janeiro de 2023, seguindo a tendência do país de fortalecer sua estrutura de divulgação relacionada a ESG. A RCVM 59 alinhou as regras de divulgação ESG do país com os padrões internacionais e, entre outras características importantes, reduziu o custo de conformidade ao eliminar redundâncias e simplificar o conteúdo exigido do formulário de divulgação.
O Presidente Lula e a Ministra Marina Silva estão apenas começando e esperamos muitas outras mudanças regulatórias substanciais em breve. Ontem, em Davos, durante sua participação na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial 2023, Marina anunciou a formação de um grupo interministerial formado por 17 ministérios, que terá como foco o avanço nas áreas ambiental, climática, de defesa, social, família e de combate à fome, e implementar mudanças para proteger a Floresta Amazônica em aliança e coordenação com os outros oito países de seu território. Marina anunciou um próximo roadshow ambiental e de mudanças climáticas na América Latina, liderado pelo presidente Lula, para traçar uma estratégia comum para a Amazônia, com foco no combate à ocupação ilegal, preservação de terras indígenas e redução do desmatamento.
© 2023 Beveridge & Diamond PC Revista Nacional de Direito, Volume XIII, Número 20