Notícias falsas: plataformas têm muito poder e não são transparentes, diz Rigoni – 15/07/2020

O congressista Felipe Rigoni (PSB-ES), um dos autores do texto original do projeto de lei 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”, diz que as empresas que administram redes sociais têm “muito poder” e decidem sobre publicações não transparentes.

O discurso de Rigoni ocorreu durante debate nesta terça-feira (14) promovido por Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) em associação com InternetLab (Centro de Pesquisa em Direito e Tecnologia).

As plataformas têm muito poder: descartam conteúdo, marcam-no como inapropriado ou com violação de direitos autorais. Eles não são de todo transparentes a esse respeito, e o texto deve fornecer transparência sobre esse conteúdo. O Senado traz esse ponto positivo e pode evoluir muito na Câmara
Deputado Felipe Rigoni

Para o parlamentar, embora o PL tenha sido associado a notícias falsas, o texto não trata da questão do conteúdo das publicações.

“Devido à quantidade de coisas que aprendemos até agora, algumas delas não ajudam a lei que tenta regulamentar porque, ou ela não funciona, ou gera riscos muito sérios. Os países que tentaram definir desinformação fizeram errado, fizeram errado. e gerou uma série de ações antidemocráticas, a censura. No PL, não estamos preocupados em como lidar com o conteúdo, mas com o comportamento “, diz ele.

Apesar disso, o artigo 12 do texto atual do PL oferece uma lacuna para o controle de conteúdo, uma vez que afirma que a plataforma pode excluir conteúdo sem notificar o usuário em caso de risco de:

  • Danos imediatos que são difíceis de reparar;
  • Informações ou segurança do usuário;
  • Grave comprometimento da usabilidade do aplicativo;
  • Incitamento à violência;
  • Indução suicida;
  • Indução de pedofilia;
  • Deepfake

Para Rigoni, existem vários outros pontos no texto que precisam ser aprimorados, como transparência de plataformas, identificação de robôs, identificação de usuários e rastreabilidade dos dados da mensagem.

“Há coisas que o Senado não colocou, como educação para a mídia e a questão criminal e não criminal de quem produz desinformação. Assim como precisamos saber como rastrear o dinheiro das organizações criminosas que financiam a desinformação. Há discussões suficientes para acontecer”. Ele diz.

Em fundos de educação, ele reclama que o texto do Senado deveria trazer propostas. “No final, eles simplesmente disseram que as multas impostas remontam ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). Isso não parece ter impacto na educação para a mídia. Precisamos incluir isso”, diz ele.

O deputado acredita que a necessidade de manutenção de dados pelas plataformas do país não deve prevalecer no PL, pois acredita que isso não é viável. “Você já tem um problema jurisprudencial, mas também econômico. Se você colocar essas informações aqui para o Brasil, algumas plataformas podem não aparecer por causa dessa regra”, diz ele.

A Câmara dos Deputados iniciou um ciclo de dez debates nesta semana, que ocorrerão às segundas, quartas e sextas-feiras, sobre os mais variados temas relacionados ao tema. Com isso, espera-se que você faça sugestões para as lacunas que permanecem no texto atual.

Outras opiniões

A diretora adjunta da Rede Internacional de Verificação de Dados (IFCN), Cristina Tardáguila, também participou do debate; O diretor do InternetLab, Francisco Brito Cruz; o advogado especializado em mídia e internet Taís Gasparian; e a diretora de Abraji, Natália Mazotte, como moderadora.

“É um caso clássico do Brasil tentando resolver um problema difícil com uma solução fácil”, disse Tardáguila, quando perguntado se é possível combater as notícias falsas com a proposta do PL, já que ele considera o problema “muito mais complexo do que um”. texto legislativo “. . Ela viu em todo o mundo que esse tipo de lei incentiva a autocensura do usuário, citando um caso da Indonésia, onde mães que compartilharam informações sobre um terremoto foram presas.

Francisco Brito Cruz, do InternetLab, comentou o extrato do projeto que determina que serviços como o WhatsApp mantêm, por um período de três meses, os registros de mensagens enviadas em massa para até mil pessoas.

“O WhatsApp não tem uma bola de cristal, então você terá que gravar todas as mensagens para descobrir quais atingirão 1.000 pessoas. A coleção terá que ser massiva, independentemente de haver um mecanismo na lei para registrar apenas o que é necessário.” mais viral “, esclarece Cruz.

Para Gasparian, o debate sobre a liberdade de expressão deve vir antes do debate sobre PL. “No Brasil, não sabemos qual é o papel do Estado para garantir a liberdade de expressão e de imprensa. Queremos um estado que regule a liberdade de expressão ou que se distancie?”, Perguntou.

You May Also Like

About the Author: Adriana Costa

"Estudioso incurável da TV. Solucionador profissional de problemas. Desbravador de bacon. Não foi possível digitar com luvas de boxe."

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *