Nesta quarta-feira, no Mineirão, Cruzeiro venceu Ponte Preta por 3-0 e deixou a zona de queda de Série B. Além de vencer por um placar fraco, o desempenho celestial também foi louvável. O técnico Ney Franco viu uma evolução completa na equipe e descreveu a noite como “perfeita”.
– Nós merecíamos (da vitória). O jogo foi preocupante pela nossa posição na mesa, pela pressão emocional e pelo adversário. Enfrentamos a Ponte Preta, que começou a rodada na segunda colocação, com o ataque mais positivo da competição. Além de trabalhar com o time com posse de bola, ofensivamente fizemos o trabalho de ajuste. Celebramos a vitória e a forma como a alcançamos. Jogamos muito defensivo, ofensivo e com bolas paradas.
“Foi uma noite perfeita. O torcedor sai feliz, esse é o grande desafio. O significado de um clube é o seu torcedor. Demos alegria ao torcedor. Mais do que isso, também nos demos felicidade, internamente, por estarmos trabalhando muito sob pressão” – Ney Franco.
Ney Franco, técnico do Cruzeiro, destacou vitória sobre a Ponte Preta – Foto: Gustavo Aleixo / Cruzeiro
Para o treinador, a exibição do Cruzeiro, nesta quarta-feira, deve servir de referência para as próximas partidas.
– Acho que esse resultado, além da pontuação, vai trazer uma reflexão direta no emocional. Lembrando que é apenas uma vitória. Temos muitas partidas difíceis pela frente, e este jogo se torna uma referência na forma como esperamos ver o Cruzeiro na competição. Esperançosamente temos competição. Eu, como treinador, quero construir times com esse perfil para as próximas partidas, que nossos jogadores comprem a ideia e consigam, durante a partida, ter aquele retorno técnico, físico, tático e emocional de envolvimento com o jogo.
Desafio: aparecer na visão traseira dos líderes no 1º turno
Ney Franco revelou que fez um desafio aos jogadores do Cruzeiro: que a equipe conseguiu encerrar a primeira rodada da Série B aparecendo pelo menos na retaguarda do elenco na liderança da tabela.
– Espero que seja uma vitória que nos coloque em outra direção. Nosso grande objetivo é escalar, e agora estabelecemos um objetivo curto com os atletas. Nestes últimos sete jogos (da virada), temos que terminar esta primeira fase do campeonato perto do G-4. Temos que virar o relógio com as equipes líderes olhando para trás. Temos que ter essa capacidade de chegar mais perto, para que eles vejam o Cruzeiro pelo retrovisor. Esse é o grande desafio.
Jogadores do Cruzeiro comemoram gol contra a Ponte Preta – Foto: Bruno Haddad / Cruzeiro
Para que o objetivo seja alcançado, um bom resultado na próxima rodada é fundamental. Raposa enfrenta o líder Cuiabá, fora de casa, às 22h (horário de Brasília), no próximo sábado.
– Jogo muito difícil. Além da qualidade técnica do rival, Cuiabá lidera o campeonato. É uma cidade difícil de jogar. Todas as equipes que estão jogando lá estão com problemas, principalmente na parte física. (…) Na minha opinião, é um jogo de teste: enfrentar o líder. Estamos enfrentando o vice-líder, agora ele está enfrentando o líder e jogando na mesma competição, para tentar somar o sexto ponto em dois jogos, o que aos poucos nos colocará em melhores condições na tabela.
Outras respostas de Ney Franco
Ramon, Henrique e Sassá ajudam na defesa
– O sistema defensivo fez um jogo muito bem posicionado, com a proteção de Henrique. O Henrique ficou um tempo sem jogar, trabalhou semana passada, fizemos trabalho físico com ele. Esta semana começamos a trabalhar com a bola. Ele deu proteção. Ramón, Henrique, entrada do próprio Sassá, que aperta a marca na frente, o que acaba tendo um reflexo no sistema defensivo, por estar mais protegido. O Ramón já havia entrado no jogo contra o Avaí, muito bem, jogando como meio-campista. Ele é um atleta que conheço das categorias de base do Vitória. Ele tem formação de meio-campista e zagueiro. No coletivo, ele jogou um jogo seguro. Individualmente, tudo saiu muito bem. Outra opção que temos no plantel para as próximas partidas. Ele mostrou não só para os torcedores, mas também para a comissão técnica que temos um jogador que nos auxilia na competição. Lembrando que não construímos uma equipe competitiva apenas analisando os 11 jogadores titulares.
Evolução dos jogos
– (Tínhamos) a capacidade e a paz de espírito para chegar ao último terço do campo, fazer a jogada certa, tomar as decisões certas. Nesta partida conseguimos marcar três gols, como poderíamos ter feito contra o Avaí, que esteve no nosso gol apenas uma vez e teve capacidade para marcar. Acho que nossa equipe evoluiu. Falando dos três jogos em casa: jogamos bem contra o Vitória, conseguimos vencer, jogamos melhor contra o Avaí, mas não vencemos e (contra a Ponte) demos um passo à frente. Além de jogar bem, conseguimos marcar os três gols. (…) Conseguimos traduzir as oportunidades que fizemos em gols em gols, o que mostra que a equipe evoluiu no lado ofensivo.
– Temos que construir essa equipe aos poucos. Foi ótimo terminar o jogo com alguns jogadores com menos de 21 anos. Hoje entrou Caio (Rosa), que estava nos juvenis. Terminamos o jogo com o Maurício, que tem menos de 21 anos, terminamos com o Rafael (Luiz), com o Matheus (Pereira), o Jadsom, junto com jogadores experientes, como o Fábio, o Daniel (Guedes), o Manoel, o Ramón. Aos poucos, vamos construindo essa equipe, dentro da realidade de um clube que não pode inscrever jogadores na competição. Estamos em um momento muito difícil no Cruzeiro, em construção, e essa construção implica na utilização de jogadores de base e no posicionamento de jogadores mais velhos para dar suporte.
Sassá em ação pelo Cruzeiro contra Ponte Preta – Foto: Bruno Haddad / Cruzeiro
Sassá e chances perdidas
– Em relação ao Sassá, a atuação poderia ter sido coroada pelas duas oportunidades de gol que teve. Uma bola que marcamos alto, roubamos bola, fizemos o rival errar, e o Sassá entrou no gol, não entrou. Depois, um pivô que entrou na área, mas ficou perto de um zagueiro. Mas, como eu disse: ele é um jogador que, embora seja da parte ofensiva, ajuda muito a tirar a qualidade da bola do adversário. Marque forte, colida com o defensor, bata, bata. Ele não deixa os zagueiros trabalharem facilmente, penteando a bola. Ele faz essas coisas, trabalhamos muito nisso. Ele descansou bem com a camisa do Cruzeiro, e tenho certeza que é um jogador que vai nos ajudar muito na Série B.
Reflexo do treinamento no jogo
– Contra o Avaí não conseguimos transferir para o jogo o que treinamos. Contra a ponte, nós o fizemos. Treinamos bem, passamos para o jogo. E no jogo, que é o mais importante, fomos competentes em todas as áreas: técnica, tática, emocional, física, para enfrentar esta grande equipe e conquistar esta vitória. Saímos para festejar, porque tem um aspecto positivo no score, mas também tem um impacto enorme no lado emocional do nosso trabalho.