Nelson Pereira dos Santos – Uma vida no cinema, entrevista com Ivelise Ferreira e Aída Marques

Ivelise Ferreira conta como se conheceram

eu fui casada com o nelson por 28 anos Nos reunimos em Brasília, a convite do governador, para montar um cinema. Em 1991, logo após sua posse, tornei-me seu assistente e nunca mais nos separamos. Inicialmente trabalhei como assistente de produção do filme “A Terceira Margem do Rio”, para o qual também desenhei os figurinos. Mais tarde, participei de todos os seus projetos. Foi um prazer trabalhar com ele.

“Era um homem generoso que amava a vida e o cinema em todas as suas fases. Ele escreveu seus roteiros, filmou, editou, produziu…”

ivelis ferreira no documentário

Em 2017, Nelson decidiu se aposentar e eu sugeri fazer um filme sobre ele. A ideia desse documentário nasceu e convidei a Aída para produzi-lo. Inicialmente, Nelson era o narrador de suas próprias histórias, mas logo após terminar um roteiro inicial, ele faleceu e as coisas mudaram. Propus à Aída que fizesse um filme de arquivo baseado nas entrevistas que o Nelson deixou ao longo da sua vida. Não queria um filme com entrevistas de críticos e amigos; apenas Nelson, contando sua própria história, interagindo com seus filmes e com a história do Brasil quando os fazia. Aída entendeu completamente e assistimos a mais de 80 horas de filmagem para este projeto.

Aida Marques

Conheço o Nelson desde os 10 anos porque ele era amigo do meu pai. Mais tarde, tornei-me professor da universidade federal que ele fundou perto do Rio. Ivelise e eu nos aproximamos quando ela resolveu fazer esse documentário. Eu tinha feito uma pesquisa de pós-doutorado sobre o Nelson e tinha muito material: papeis, documentos… A escolha de ter o Nelson como narrador do filme também foi uma decisão muito consciente.

ivelis ferreira

Nelson era um cineasta de vários gêneros. Seus filmes dialogam com a realidade, e o que acontecia politicamente na época de cada filme poderia fazer parte de sua história. “Rio, 40°” (1954), que retrata a pobreza dos moradores das favelas cariocas, é, por exemplo, um marco do cinema moderno brasileiro. “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”, duas adaptações literárias de sucesso, foram as mais premiadas. Como ele mesmo disse, filmes são como crianças, e todos são importantes.

Aida Marques

Gostaria de acrescentar que, além da questão do próprio Nelson, é muito importante que esse filme seja exibido no Brasil neste momento porque simboliza toda a luta cultural de um país onde estamos perdendo nossos direitos.

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