Na Amazônia brasileira, crianças Yanomami desnutridas recebem os cuidados de que precisam

Em um hospital da Amazônia brasileira, meia dúzia de crianças Yanomami cochilam em redes azuis. Alguns sofrem de pneumonia, outros de malária. Alguns até têm picadas de cobra. Todos eles estão desnutridos.

Os casos de desnutrição e malária na região dispararam nas últimas semanas, levando o novo governo de esquerda do presidente Lula Inácio Lula da Silva a declarar uma emergência de saúde.

Das quase 60 crianças indígenas atendidas no hospital infantil Santo Antonio, em Boa Vista, Roraima, três quartos são Yanomami e oito delas estão em tratamento intensivo, segundo dados oficiais.

A grande maioria das crianças sofre de “desnutrição moderada a grave”, complicada por outras doenças como pneumonia, malária e gastroenterite, disse à AFP o pediatra Eugenio Patricio.

“Esses pacientes, devido à desnutrição, não têm o suficiente no tanque para combater a infecção. Então as consequências são muito mais graves e alguns acabam nos cuidados intensivos”, acrescenta.

O hospital San Antonio é o único do estado, localizado na fronteira norte do país com a Venezuela e a Guiana, que pode atender crianças menores de 12 anos.

Para chegar lá, muitos dos pacientes indígenas devem voar de suas remotas aldeias na selva.

A maioria das crianças Yanomami, que geralmente têm oito anos ou menos, tem cerca de metade do peso normal para a idade e, às vezes, até menos, explica Patrício.

“Eles são extremamente fracos quando chegam aqui”, diz ele.

Enquanto o hospital de Santo Antônio atende os casos mais graves, outros jovens e adultos indígenas são atendidos em outra unidade de Boa Vista.

E um hospital de campanha construído pela Força Aérea Brasileira foi inaugurado na sexta-feira no pátio do centro de saúde indígena para ajudar a administrar a crise.

– Mineração ilegal –

Na semana passada, o governo Lula disse que 99 crianças Yanomami com menos de cinco anos morreram em 2022 na maior reserva indígena do Brasil, principalmente por desnutrição, pneumonia e malária.

A Polícia Federal investiga possíveis atos de “genocídio” contra o povo Yanomami, para apurar se a negligência e a falta de acesso à saúde foram dolosas por agentes públicos do governo do ex-líder de extrema-direita Jair Bolsonaro.

As condições na reserva Yanomami tornaram-se cada vez mais violentas, com garimpeiros ilegais matando regularmente moradores indígenas, abusando sexualmente de mulheres e crianças e poluindo os rios da área com mercúrio usado para separar o ouro dos sedimentos, de acordo com denúncias de organizações indígenas.

E o aumento da mineração ilegal na Amazônia alimentou a propagação de doenças como malária, tuberculose e Covid-19, dizem especialistas.

O Supremo Tribunal do país havia ordenado a expulsão dos garimpeiros da área, mas o governo Bolsonaro, que incentivou a mineração e o agronegócio em terras indígenas, nunca cumpriu.

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