O músico Luiz Carlos Justino, de 23 anos, supostamente detido por engano nesta quarta-feira (2) em um atentado a bomba no Centro de Niterói, foi libertado neste domingo (6). após a decisão do tribunal.
A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária informou esta tarde que Luiz Carlos saiu da unidade penitenciária onde estava detido, o Complexo Penitenciário de Guaxindiba, em São Gonçalo.
O jovem é acusado de participação em assalto à mão armada Aconteceu em 2017, mas familiares e amigos dizem que ele estava fazendo uma apresentação em uma padaria na hora do crime.
Luiz Carlos relatou que tinha muito medo de morrer e que não dormia desde quarta-feira.
Ele disse que estava com três amigos quando foi abordado pela polícia em um bombardeio após se apresentar com parte da Orquestra de Cordas da Grota de Niterói nos barcos.
O músico disse que na hora do atentado não tinha os documentos porque eles foram perdidos durante o carnaval.
“Foi um nervosismo total porque não sabia de nada, entendeu? Foi como no escuro porque tanto tempo se passou, eu fiz tanto, tanto trabalho que ser detido e preso de repente é muito difícil ”, disse ele.
Luiz Carlos Justino foi lançado no domingo – Foto: Playback / TV Globo
Em sua decisão, proferida durante a função judicial neste sábado (5), o desembargador André Luiz Nicolitt determinou que o músico faz prisão domiciliar, “e a defesa deve provar ao juízo de primeiro grau o endereço onde o réu cumprirá a medida e poderá ser localizado.”
Ainda no sábado (5), por acreditar que Luiz Carlos estava no Benfica, na Zona Norte, familiares e amigos protestaram em frente à cadeia da região. O jovem, acusado de agressão, foi reconhecido pela vítima por foto, na delegacia, mas A família conta que, na hora do crime, ele estava brincando em uma padaria.
“Do ponto de vista doutrinário, o reconhecimento fotográfico é questionado pela grande possibilidade de erro. A psicologia aplicada tem se empenhado em investigar os fatores psicológicos que comprometem a produção da memória. Nesse ramo, encontramos contribuições que analisam as variáveis que podem interferir na a precisão da memória ”, diz um trecho da decisão.
“Existem muitas objeções que podem ser feitas ao reconhecimento fotográfico. Primeiro, porque não há previsão legal sobre sua existência, o que violaria o princípio da legalidade. Segundo, porque, na maioria dos casos, o reconhecimento fotográfico é feito na delegacia. , sem estar vinculado ao procedimento de ‘supostas fotos utilizadas’ no catálogo, nem informado se houve comparação com outras imagens, nem informações sobre como as fotos dos acusados foram parar no catálogo, o que viola a ideia da cadeia de custódia de a prova. “, explica.
O juiz afirma ainda que “não é possível saber se o autor do ‘reconhecimento’ apontou para o reconhecido, confirmou a opinião de um terceiro, ou mesmo se havia dúvidas se o autor da conduta criminosa era a pessoa da fotografia”.
Justamente sobre o caso, causa perplexidade, pois a foto de alguém primário, com bons antecedentes, sem qualquer passe policial, vai integrar álbuns de fotos na sede da polícia como suspeita ”.
Segundo a polícia, havia um mandado de prisão aberto contra o músico. O crime pelo qual Luiz Carlos é acusado ocorreu na manhã do dia 5 de novembro de 2017, um domingo.
Porém, parentes e pessoas que trabalharam com o músico questionam a versão de que Luiz Carlos participou da agressão. Argumentam que, na época, ele tinha contrato permanente com uma padaria, onde tocava violoncelo, e as apresentações aconteciam sempre nos domingos pela manhã.
De acordo com a ação, o crime ocorreu na Vila Progresso, que fica a 7 quilômetros da padaria onde, segundo testemunhas, o músico tocava.
Família e amigos do músico detido protestam em frente à prisão de Benfica
Na decisão que ordenou a prisão preventiva, a juíza Fernanda Magalhães Freitas Patuzzo afirmou que a detenção era necessária para garantir a tranquilidade da vítima que reconheceu Luiz Carlos na delegacia. Mas não esclarece como esse reconhecimento foi feito. Na época, o caso foi investigado pela Delegacia de Polícia de Jurujuba. O delegado foi Cláudio Ascori.
A Polícia Civil foi questionada sobre como a vítima foi reconhecida, mas a corporação não respondeu. No dia do registro do crime, Luiz não tinha ficha criminal.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) também foi questionado com base em quais provas coletadas na investigação se baseiam na decisão de denunciar o músico, mas não havia respondido até o final da manhã deste sábado (5).
A esposa de Luiz Carlos diz que ele está muito distraído e que já perdeu documentos várias vezes. A família suspeita que o músico possa ter sido vítima de fraude.
“Eu perdia muitos documentos. Perdeu duas ou três vezes. E, quanto a ele, era para ir lá e fazer outro, alguém usava o documento, ele usava para fazer alguma coisa e ficava com o nome gravado lá ”, disse Mariana Soares do Nascimento, esposa do Luiz.
Apresentações na padaria
A publicitária Cristina Guerra conta que foi uma das pessoas que convidou Luiz Carlos para se apresentar na padaria Café Musical.
“Todos os domingos estávamos lá também, porque continuamos criando conteúdo para veicular nas redes sociais. Então, tenho certeza absoluta que neste domingo, 5 de novembro de 2017, eles estavam jogando lá, das 8h ao meio-dia ”, diz Guerra.
Família diz que Luiz Carlos foi preso indevidamente – Foto: Playback / TV Globo
Nesse projeto musical, Luiz Carlos costumava se apresentar com o tio. “Todos os domingos de manhã tínhamos contrato com uma padaria. Até tocávamos lá por mais de dois anos”, lembra Leandro Justino, que também é músico.
“Até agora, estou tentando entender isso [a prisão]. Porque, para uma pessoa acusar a outra, é preciso ter certeza. (…) Como reconheceram, se ele, que eu saiba, não tinha antecedentes? ”
A mãe de Luiz Carlos diz: “Não consigo nem entrar em casa. Estou desde quarta-feira sem comer nada, sem dormir bem. Eu acordo o tempo todo, às vezes ouço ele me chamar ”.
O músico entrou para a orquestra aos seis anos.
Luiz Carlos é o segundo filho de uma família de seis irmãos. Começou a gostar da música aos 6 anos, quando ingressou na Orquestra de Cordas da Grota. O coordenador e ex-diretor o acompanhou desde os primeiros passos.
“Ele sempre estudou e sempre esteve lá, e sempre participou, desde o início das orquestras, e hoje está na orquestra principal”, explica o diretor Márcio Paes Selles.
Ainda criança, apareceu em reportagem e televisão na Alemanha, mostrando as crianças do projeto social.