Ministro da Defesa brasileiro: Os militares não tiveram participação direta nos distúrbios | notícias de Jair Bolsonaro

O presidente do Brasil, Lula, sugeriu que os manifestantes pró-Bolsonaro agiram com a ajuda de dentro do governo.

O ministro da Defesa do Brasil, José Mucio, disse que as forças armadas do país não estavam diretamente envolvidas no ataque de 8 de janeiro à sede do governo em Brasília, liderado por apoiadores do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

A declaração de Mucio ocorreu após uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica na sexta-feira, a primeira reunião desse tipo desde os distúrbios.

“Entendo que não houve envolvimento direto das forças armadas, mas se algum elemento estiver envolvido, eles terão que responder como cidadãos”, disse Mucio a repórteres na sexta-feira.

Ele acrescentou que os prédios do governo não seriam invadidos novamente porque as forças armadas “se antecipariam”.

Sua declaração ocorre quando o governo prometeu responsabilizar aqueles que permitiram ou participaram dos distúrbios.

Uma das figuras atualmente sob investigação é o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, que foi afastado do cargo nas horas seguintes ao atentado. Na sexta-feira, a polícia federal invadiu sua casa e seu local de trabalho como parte de uma investigação sobre sua falha em impedir que manifestantes entrassem em prédios do governo em Brasília.

Durante o ataque, apoiadores de Bolsonaro invadiram o palácio presidencial, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso na tentativa de desencadear uma intervenção militar que eles esperavam abrir caminho para o retorno de Bolsonaro ao poder.

Bolsonaro perdeu por pouco sua candidatura à reeleição para Lula no segundo turno em outubro.

Bolsonaro, um ex-capitão do exército, inclinou-se para a retórica antidemocrática nos meses que antecederam a eleição. Após sua derrota, alguns de seus apoiadores pediram um golpe militar. O ataque de 8 de janeiro incluiu atos de vandalismo e foi amplamente condenado como um ataque à democracia brasileira. Aconteceu uma semana após a posse de Lula.

Cerca de 1.400 dos detidos em conexão com os distúrbios permanecem sob custódia e o promotor acusou pelo menos 39 pessoas até agora.

Lula disse acreditar que os manifestantes agiram com a ajuda do governo e demitiu mais de 50 soldados de sua equipe de segurança.

Bolsonaro, que se recusou a reconhecer oficialmente a vitória de Lula, trocou o país pela Flórida, no sudeste dos Estados Unidos, antes do início dos distúrbios. Ele também está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal por qualquer possível papel que desempenhou nos distúrbios.

O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, também foi preso depois que a polícia descobriu em sua casa um documento que parece ser um projeto de decreto que estabelece as bases para a anulação do resultado da eleição.

A origem e a autoria do documento ainda não foram confirmadas e Torres negou qualquer irregularidade. Torres também havia viajado para a Flórida antes dos tumultos, mas voltou quando o governo ameaçou entrar com um pedido de extradição se ele não voltasse voluntariamente ao Brasil.

Torres servia como chefe de segurança de Brasília quando os tumultos ocorreram e foi prontamente afastado de seu cargo no dia dos tumultos.

Além da batida de sexta-feira na casa e no escritório do governador Rocha, batidas semelhantes foram realizadas em cinco estados brasileiros diferentes, enquanto a polícia federal executa 24 mandados de prisão em todo o país.

Em nota na sexta-feira, a Polícia Federal disse que seu objetivo era “buscar provas para apoiar a investigação sobre a conduta de autoridades públicas que podem ter falhado em sua obrigação de impedir os atos violentos naquele dia em Brasília”.

Rocha negou envolvimento no ataque de 8 de janeiro e não estava presente durante as batidas policiais na sexta-feira. Seu advogado, Cleber Lopes, foi desafiador com os jornalistas.

“Estamos absolutamente tranquilos, não há nada a esconder. Esta incursão é desnecessária e infrutífera”, disse Lopes.

O ministro da Justiça, Flavio Dino, elogiou as investigações sobre o que chamou de “crimes contra nosso país cometidos por golpistas e seus aliados”.

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