O Brasil assumiu na terça-feira a presidência rotativa do Mercosul, uma aliança comercial que também inclui Argentina, Uruguai e Paraguai.
Na sua observações Para os demais Estados membros, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom forte ao abordar as negociações em curso entre o Mercosul e a União Européia para um acordo comercial. Embora as duas partes tenham chegado a um acordo de princípio em 2019, o acordo ainda não foi assinado.
Sob a liderança de Lula, o Brasil, a maior economia do Mercosul, se opôs tanto a uma disposição que permite que empresas europeias participem de licitações públicas nos países do Mercosul quanto a uma carta de acompanhamento enviada pela UE no início deste ano com demandas ambientais adicionais.
Essas novas demandas exigiriam que os compromissos ambientais voluntários assumidos no Acordo de Paris de 2015 fossem aplicados por meio de sanções. Lula voltou a classificar a carta complementar como “inaceitável” na terça-feira. Ele acrescentou: “Parceiros estratégicos não negociam com base na desconfiança e ameaças de sanções.”
O governo brasileiro criticou a postura ambiental da UE, que vê como uma cobertura para movimentos protecionistas para atender a lobbies agrícolas em países como França e Irlanda.
“É imprescindível que o Mercosul apresente uma resposta rápida e precisa” à carta complementar, disse Lula.
Há um mês, Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disseram que ambos esperavam aprovar o acordo de livre comércio até o final do ano, um cronograma que parece cada vez mais difícil.
piscadelas para o Uruguai
Lula também prometeu avançar nas negociações com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura e “explorar novas frentes de negociação com parceiros como China, Indonésia, Vietnã e países da América Central e Caribe”.
Este é um aceno para o Uruguai, um pequeno membro do Mercosul que cresceu inquieto com o que vê como a “imobilidade” do bloco em questões comerciais.
O presidente Luis Lacalle Pou, do Uruguai, chegou a ameaçar assinar acordos fora do Mercosul, violando a regra mais básica do bloco comercial, caso o organismo não dê sinais de liberalização. Seu governo já abriu negociações comerciais com a China.
No início deste ano, durante encontro bilateral com Lula, ele disse: “Somos do Mercosul, mas queremos que seja moderno, flexível e aberto ao mundo”.
Durante a cúpula de terça-feira, o presidente brasileiro disse que “só a união entre Mercosul, América do Sul e América Latina nos permitirá recuperar o crescimento, combater a desigualdade, promover a inclusão, aprofundar a democracia e defender nossos interesses em um mundo em transformação”.