ITU, Estado de São Paulo, Brasil
CNN
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A viagem pelo estado de São Paulo no Brasil é decididamente indefinida, quarteirões e quarteirões de arranha-céus dando lugar a rodovias suburbanas e, eventualmente, colinas suaves. Dificilmente é o cenário onde se esperaria encontrar a salvação climática.
E, no entanto, quando Luis Guedes Pinto subiu em seu poleiro bem acima do céu sobre um trecho recuperado da Mata Atlântica do Brasil, ele explicou que você não precisa ir ao Ártico ou mesmo à Amazônia para aprender a cuidar das florestas da Terra para recuperá-los para a saúde.
“Esse projeto não muda uma grande paisagem, mas mostra que é possível devolver vida, água, biodiversidade ao centro do estado de São Paulo”, disse Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlânticaenquanto aponta para duas milhas quadradas de restauração florestal.
A organização de Pinto é uma organização sem fins lucrativos dedicada à reabilitação da orla da floresta na costa atlântica do Brasil. A própria floresta é o lar de mais de 145 milhões de brasileiros e, como a floresta amazônica, tem sido devastado pelo desmatamento nos últimos anos, cerca de três quartos dela já foram dizimados pelo desenvolvimento urbano e de infraestrutura e práticas agressivas do agronegócio.
“Precisamos plantar e replantar, mas não podemos perder mais um acre”, disse Pinto enquanto conduzia a CNN por um viveiro com mais de 50 espécies de árvores e plantas cuidadosamente cultivadas no que antes era um pasto degradado e propenso à seca. . “Uma floresta que replantamos não vai ser igual a uma floresta que derrubamos. Algumas das florestas que estamos perdendo têm árvores com centenas de anos.”
Estas são as mudas de um renascimento da floresta. Em apenas 15 anos, tornou-se um próspero laboratório ecológico com um lençol freático saudável, árvores, plantas e animais. É uma paisagem completamente diferente das pastagens em suas bordas, onde a grama atingida pela seca supera os hectares do que antes era floresta.
o que Presidente eleito Lula da Silva chega ao poderProjetos como esse estão hoje na encruzilhada da história climática e política do Brasil, país que abriga uma das mais importantes reservas de biodiversidade do planeta.
Por quase quatro anos, o governo do presidente Jair Bolsonaro foi acusado de desfazer o progresso do ambiente de Lula, que serviu como presidente de 2003 a 2010. Dados do Brasil Instituto Nacional de Pesquisa Espacial mostram que a taxa de desmatamento sob a presidência de Bolsonaro aumentou mais de 70% entre 2018 e 2021.
A selva amazônica já está emite mais dióxido de carbono do que absorve em alguns lugares, uma mudança que pode ter um enorme impacto negativo nas tendências do aquecimento global. Y cientistas alertam a bela selva tropical é atingindo um ponto de declínio irreversível e é menos capaz de se recuperar de choques como seca, extração de madeira e incêndios florestais.
O histórico de Lula como ex-presidente mostra que seu governo foi capaz de reduzir drasticamente as taxas de desmatamento até o final de seu mandato em 2010. E sua nova promessa vai ainda mais longe: atingir o desmatamento zero no Brasil. Isso seria substancialmente mais ambicioso do que a meta de seu governo anterior de eliminar o desmatamento ilegal, não o desmatamento de todos os tipos.
Mas os aliados de Bolsonaro, que continuam no controle do Congresso, podem dificultar muito a ação climática nos próximos quatro anos. Um desses aliados é Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e agora legislador recém-eleito no Congresso de tendência conservadora do Brasil.
Em entrevista à CNN, Salles disse que ele e outros estão dispostos a trabalhar com o novo governo Lula nas metas climáticas, mas alertou que isso não deve ser feito às custas do desenvolvimento econômico.
“Fui o único ministro do Meio Ambiente em toda a história do ministério que trouxe essas questões econômicas para a mesa”, disse Salles. Durante seu tempo como ministro do Meio Ambiente, o governo Bolsonaro frequentemente retratou o desenvolvimento e a atividade econômica na Amazônia como vitais para a sustentabilidade de longo prazo, uma abordagem criticada por muitos ativistas ambientais no país.
Salles diz que o Brasil agora terá que trabalhar em estreita colaboração com aliados internacionais para aproveitar os bilhões de dólares em fundos climáticos e créditos de carbono agora oferecidos por governos e empresas em todo o mundo.
Mas os defensores do clima argumentam que nem o Brasil nem o planeta podem arcar com o tipo de compromisso que os aliados de Bolsonaro agora defendem.
“Não precisamos destruir para desenvolver. Podemos fazê-lo em harmonia com a natureza. E são os povos indígenas que ensinam isso”, disse o líder indígena brasileiro Txai Suruí à CNN.
Suruí disse estar otimista de que o governo de Lula cumprirá suas promessas de agir rapidamente, apesar da pressão econômica não apenas dos aliados de Bolsonaro, mas de milhões na Amazônia cujos meios de subsistência dependem de seu desenvolvimento comercial.
“Porque essa agenda, da Amazônia, das mudanças climáticas, do meio ambiente, é uma agenda global”, afirmou. “Se Lula não resolver, não seremos só nós, os povos indígenas, que vamos bater à sua porta, será o mundo inteiro.”
A urgência de se comprometer com esses objetivos não passa despercebida por Pinto, que diz que não é apenas o futuro do Brasil que está em jogo.
“Precisamos entender como nação que é fundamental para o planeta e que as decisões que tomaremos serão importantes para nós, mas também para os outros”, diz.