Em 1995, Michael Jordan cancelou sua aposentadoria para retornar ao Chicago Bulls, “Toy Story” e “Batman Forever” chegaram aos cinemas e a Microsoft lançou um certo sistema operacional para substituir o Windows 3.1. Foi também em 1995 que a indústria de jogos decidiu organizar um evento, realizando a primeira Electronic Entertainment Expo (E3) em Los Angeles.
Desde então, o evento mudou de formato ao longo dos anos, mantendo algumas tradições, abandonando outras e se tornando uma referência para a indústria do entretenimento.
O fim dos jogos na CES
Em 1995, a indústria de jogos ainda era tímida. Tinha menos de US $ 5 bilhões em receita no mercado dos EUA, um número que teria aumentado de US $ 10 bilhões em 2005, segundo o NPD Group. A geração de Super Nintendo e Mega Drive estava chegando ao fim e, pelo menos no Ocidente, empresas e estúdios da indústria não eram favorecidos por feiras de tecnologia, das quais dependiam para apresentar seus novos produtos.
O palco principal para mostrar as notícias foi o Consumer Electronics Show (CES), onde até gigantes como a Nintendo tinham pequenas e escondidas tendas no corredor. Além disso, a maioria do público não estava interessada nos jogos e acabou demorando o tempo dos expositores perguntando, por exemplo, se o Super Nintendo tinha algum botão de degelo.
Com bom planejamento e apoio maciço de estúdios e empresas, foi decidido que, em 1995, entre os dias 11 e 13 de maio, no Los Angeles Convention Center, o primeiro E3 aconteceria. O evento foi um sucesso e teve mais de 50 mil visitantes. Ali já tínhamos anúncios que faziam história.
Nova geração
As entrevistas coletivas, uma tradição que continua até hoje, começaram na primeira edição da E3. Naquele ano, dois nomes se destacaram: Sony e Sega.
A Sega havia anunciado anteriormente o Sega Saturn for the East, com data de lançamento para setembro, mas o CEO da empresa naquele ano, Tom Kalinske, teve uma surpresa. Segundo ele, a demanda pelo novo console era enorme nas terras do tio Sam e, por esse motivo, eles já haviam enviado 30.000 unidades de Saturno para lojas nos Estados Unidos, com disponibilidade imediata para compras.
A estratégia não deu certo devido à pouca comercialização realizada no Ocidente e também ao preço, que chegou a US $ 399, muito mais caro que os concorrentes.
A Sony, por outro lado, realizou uma conferência morna e muitas vezes chata, explicando em detalhes seu console, o primeiro PlayStation. A iniciativa foi vista com desconfiança, pois investiu em CD como mídia e não possuía um animal de estimação carismático como Mario ou Sonic. Crash Bandicoot só pintou na E3 no ano seguinte.
Somente a carta na manga que a Sony desenhou lá ganhou a geração. Em um dos momentos mais memoráveis da história da E3, Steve Race subiu as escadas do palco e disse apenas “299”, que seria o preço de lançamento do console, obtendo aprovação do público. Esse momento definiu a geração da Sony.
A Nintendo anunciaria o Nintendo 64, mas acabou mostrando apenas mais do Virtual Boy, já que seu console foi adiado por mais um ano sob o nome de “Project 64”. O Super Nintendo, que ainda era líder em vendas em todo o mundo, ainda recebeu alguns títulos importantes na E3.
Atari, por outro lado, estava amargamente decepcionado com a Jaguar e lançaria suas últimas fichas na E3 antes de ser vendido a preço de banana. O console de 64 bits foi lançado por US $ 300 e até recebeu vários anúncios de jogos promissores, como “Primal Rage” e “Rayman”, mas ainda não teve um bom desempenho no mercado dominado pelos três japoneses.
Estúdios e Babes
A E3 1995 teve grande apoio de desenvolvedores e estúdios na época. A lista é enorme: 3DO Company, Acclaim, Accolade, Activision, Apple, Atari, Berkeley Systems, Bethesda Software, BMG Interactive, Capcom, Crystal Dynamics, Data East, Disney Software, Electronic Arts, Gametek, GT Interactive, GTE Interactive, Interplay , KOEI, Konami, LucasArts, Microsoft, Mindscape, Namco, Nintendo, Philips Interactive Media, Sega, SNK Home Entertainment, Sony PlayStation, Sony Imagesoft, Square Images, Sunsoft, US Gold, Vic Tokai, Virgin Interactive e Williams Entertainment.
Muitos deles eram pequenos e se tornaram gigantes no mercado, enquanto outros, como LucasArts, Atari e Philips Interactive, perderam a relevância ou fecharam as portas. Naquela época, a Square ainda era uma empresa separada da Enix, até então sua concorrente no mercado de RPG.
Naquele ano, o público de jogos ainda era basicamente masculino, e empresas e estúdios fizeram pouco ou nenhum esforço para diversificar o público. Uma prática que começou lá, nas feiras de automóveis, foi encher os estandes das modelos com roupas provocantes para atrair a atenção do público. Os modelos, conhecidos como “Booth Babes”, ainda existem há muitos anos na E3, e a prática só começou a mudar por volta de 2006, quando os organizadores anunciaram multas para as empresas que promoverem seus produtos no show dessa maneira. .
Jogos que foram bem sucedidos
A PlayStation precisava de bons jogos para aumentar as vendas. Nesse ano, o destaque foi “Twisted Metal”, que hoje é um clássico que ocasionalmente recebe rumores de um título para as novas gerações. Recentemente, foi confirmado que ele estará recebendo uma série de televisão.
A Super Nintendo recebeu pouco mais de um mês atrás “Chrono Trigger”, que seria conhecido como um dos melhores jogos de todos os tempos. Na E3, muitos jogadores do Ocidente tiveram a chance de experimentar pela primeira vez.
A Capcom chegou cheia de novidades, com uma data para o lançamento ocidental de “Breath of Fire II” e também a primeira informação de “Resident Evil”, que se tornaria um dos jogos mais importantes do PS1.
A Sega apresentou vários anúncios de jogos para Saturn. Os reis da arcada “Virtua Fighter” e “Daytona Usa” foram confirmados para o lançamento do novo console.
Outro que foi lançado pouco antes da E3 foi “Mortal Kombat 3”, que arrastou as linhas para o estande da Williams Electronics, que removeu o Arcades do jogo.
Considerado um sucesso e repleto de momentos e jogos que entraram na história, o evento de 1995 abriu o caminho para a indústria até hoje. Mesmo com a relevância caindo ano após ano, com cada vez menos estúdios fazendo grandes shows durante o evento, a E3 continua sendo uma das melhores épocas do ano, tanto para quem quer anunciar algo novo no mundo dos games quanto para Jogadores que acompanham o The News antes, durante e até depois do evento.