Líbios buscam reatar relações com o Brasil

isaura daniel
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São Paulo – Autoridades líbias disseram Instituto Brasil África (IBRAF) O presidente João Bosco Monte quer retomar as negociações com o Brasil e restabelecer os laços com o país latino-americano. A Líbia passou por uma revolução em 2011 e agora é governada por duas forças políticas rivais, uma de sua capital, Trípoli, e outra da cidade oriental de Benghazi.

Bosco (à esquerda) e Eshawish (à direita): encontro em Trípoli

O brasileiro Bosco Monte visitou a Líbia na semana passada e foi recebido por autoridades e ministros de Trípoli, incluindo o vice-ministro da Agricultura e Pecuária, Muhammad Al-Turki. (imagem de abertura) O Presidente da Autoridade de Promoção de Investimentos, Abdulaziz Eshawish.

“Desde a revolução, as conversas desaceleraram e, de forma muito pragmática, eu tinha a intenção de reatar os laços que o Brasil tinha com a Líbia por um tempo”, disse Bosco Monte, que viajou ao país para promover o Brasil África Fórum sobre instituição será realizado em São Paulo de 31 de outubro a 1º de novembrorua.

Antes da revolução, o Brasil tinha uma relação estabelecida com a Líbia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para a Líbia em seu primeiro e segundo mandatos, e o governo líbio enviou vários altos funcionários ao Brasil nos anos 2000. O Brasil costumava ter um embaixador em Trípoli, e construtoras brasileiras operavam no país.

As exportações do Brasil para a Líbia aumentaram de US$ 35,1 milhões em 2001 para US$ 456 milhões em 2010, caíram para US$ 141,4 milhões em 2016 e voltaram a níveis mais elevados no ano passado, de US$ 320 milhões. A embaixada brasileira em Trípoli foi transferida para Tunis, na Tunísia, em 2012, por questões de segurança.

Bosco Monte reuniu-se com autoridades da economia, agricultura, investimentos e transportes da Líbia. “Todo mundo estava pronto para conversar e retomar as negociações com o Brasil”, disse ele, acrescentando que os líbios guardam na memória a relação que o Brasil tinha com seu país.

Bosco Monte visitou a Líbia e a Tunísia

O presidente do IBRAF vê vários caminhos para a aproximação com a Líbia, entre eles a participação do Brasil na agenda de infraestrutura e cooperação agrícola do país árabe. Na agricultura, recebeu demandas para capacitação de pessoas, produção e beneficiamento de sementes e transformação de produtos para agregar valor. Bosco Monte também destacou o desejo das autoridades líbias de que seu país seja um catalisador do comércio do Brasil com a região.

Bosco Monte disse que os encontros visam estreitar os laços entre o Brasil e a Líbia. Ele destaca que não só o Brasil, mas outros países também se afastaram da Líbia e agora estão se reconectando. “Ouvi de muitos que a marca brasileira é uma marca relevante, e acredito que esse é o motor que devemos usar para recuperar nosso espaço, a agenda que tÃnhamos lá e que perdemos desde então. Se não o fizermos, outros o farão”, disse.

Ele disse que viu uma cidade de Trípoli muito diferente do que a imprensa mostra. “O Brasil e outros países estão se permitindo acreditar nessa narrativa de que a Líbia é um lugar inseguro, sem capacidade de investimento. Ao contrário, é um país bastante capitalizado e com reservas que podem ser facilmente utilizadas como garantia de transações”, disse à ANBA. Bosco Monte explicou, porém, que se trata de oportunidades, e não apenas da questão política interna do país.

bate-papo com tunisianos

O presidente do IBRAF também esteve na Tunísia com o objetivo de aproximar e promover o Fórum África Brasil, e viu no país a intenção de atrair investimentos e cooperação brasileira para capacitação técnica em agricultura. Ele disse que visitou uma usina de açúcar desativada que pode ser uma oportunidade de processamento para os brasileiros. Bosco Monte também se reuniu com representantes do Banco Islâmico de Desenvolvimento.

Bosco Monte acredita que há boas perspectivas para as relações Brasil-África e destaca que tanto o chanceler brasileiro Mauro Vieira e Celso Amorim (ex-chanceler e atual assessor sênior da Presidência brasileira) quanto o presidente Lula têm defendido uma aproximação com o continente africano.

Ele acredita que o tema principal do Fórum África Brasil, o comércio, é uma boa agenda como qualquer outra para essa aproximação. O tema do encontro será “Comércio, investimento e desenvolvimento: Brasil e África interagindo com o mundo”. Os palestrantes já listados no site do evento incluem Câmara de Comércio Árabe Brasileira (ABCC) O diretor-executivo e secretário-geral, Tamer Mansour, e o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.

Traduzido por Guilherme Miranda

Fornecido/IBRAF

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