A Fundação Bienal de São Paulo, que administra a participação do Brasil na Bienal de Veneza, anunciou o curador e artista do pavilhão do país na abertura da edição de 2022, em abril. O curador é Jacopo Crivelli Visconti, que também foi o curador principal da 34ª Bienal de São Paulo, e o artista selecionado é Jonathas de Andrade.
De Andrade é conhecido por uma extensa obra que varia entre vídeos, fotografias e instalações, e trata de diferentes histórias e legados do colonialismo e da escravidão no Brasil, bem como seus impactos na identidade nacional e nas práticas trabalhistas. Sua obra mais conhecida é a instalação cinematográfica O Peixe (O Peixe), que estreou na Bienal de São Paulo 2016 e posteriormente expôs no New Museum de Nova York. Essa peça, que não oferece diálogo ou texto, mostra um pescador no que parece ser um ritual de segurar peixes recém-pescados até o último suspiro.
Ele também fez exposições individuais no Museum of Contemporary Art de Chicago, no Power Plant em Toronto, no Museo Jumex na Cidade do México e no Museu de Arte do Rio no Rio de Janeiro. Seu trabalho foi incluído na Bienal de Istambul de 2019, na Bienal de São Paulo de 2010 e em outros locais.
Em nota, a artista afirmou: “Este convite é uma surpresa e uma honra. No entanto, a ideia de representar o Brasil hoje, onde quer que ele esteja, é um grande desafio principalmente por causa da responsabilidade no contexto das complexidades cruciais que o país enfrenta hoje. Tomara que a arte seja capaz de traduzir o nó emaranhado que vive nosso tempo e inspire sonhos que nos permitem desatar esses nós ”.
De Andrade realizará uma nova obra para o pavilhão brasileiro, que responderá ao tema da exposição principal da Bienal, “O leite dos sonhos”. O título da exposição, que alude a um livro da pintora surrealista Leonora Carrington, foi escolhido por Cecilia Alemani, curadora da mostra, que falou da forma como Carrington “descreve um mundo mágico onde a vida é constantemente repensada através do prisma da imaginação, e onde todos podem mudar, transformar, tornar-se outra coisa e outra pessoa ”.
Em nota, Crivelli Visconti, curador do pavilhão brasileiro, disse de Andrade: “Em suas obras, o artista busca a ideia de uma cultura autenticamente popular, em todos os sentidos possíveis, e a complexidade intrínseca desse termo. Toma o corpo -principalmente o masculino- como eixo norteador para abordar questões como o mundo do trabalho e do trabalhador, a par da identidade do indivíduo na contemporaneidade, por meio de metáforas que oscilam entre a nostalgia, o erotismo e o político e o político. crítica histórica “.