Jair Bolsonaro do Brasil aceitará derrota eleitoral em discurso à nação, diz ministro

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro dá um sinal de positivo após votar durante o segundo turno das eleições presidenciais, no Rio de Janeiro, Brasil, em 30 de outubro.PABLO PORCIUNCULA/AFP/Getty Images

O presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, não contestará sua derrota eleitoral e se dirigirá à nação ainda nesta terça-feira, disse à Reuters o ministro das Comunicações, Fabio Faria.

O discurso presidencial pode reprimir protestos de seus apoiadores que bloquearam rodovias em muitos estados brasileiros, junto com caminhoneiros pró-Bolsonaro que o chamam para desafiar o vitória eleitoral do esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva.

Até agora, Bolsonaro não fez nenhum comentário público sobre o resultado da eleição e não ligou para Lula após a votação de domingo.

Os aliados políticos de Bolsonaro, incluindo seu chefe de gabinete Ciro Nogueira, já começaram a fazer contato com o campo de Lula para discutir uma transição. Alguns, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, disseram publicamente que o governo Bolsonaro deveria respeitar o resultado das eleições.

Os caminhoneiros, que se beneficiaram da redução dos custos do diesel por Bolsonaro, são um dos principais componentes do presidente e já interromperam a economia do Brasil fechando estradas.

O lobby supermercadista brasileiro denunciou problemas de abastecimento devido aos protestos e apelou a Bolsonaro para resolver a situação antes que as prateleiras das lojas comecem a esvaziar.

A Suprema Corte ordenou que a polícia removesse dezenas de bloqueios de estradas que bloquearam o acesso a um importante porto de exportação de grãos, fechasse o maior aeroporto do país e começasse a afetar o transporte de alimentos e combustível.

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As rodovias bloqueadas pelos apoiadores de Bolsonaro incluíam as principais rodovias usadas para transportar grãos dos estados agrícolas para os portos, bem como uma rodovia principal que liga as duas maiores cidades, Rio de Janeiro e São Paulo.

A principal via de acesso ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, o mais movimentado do país, foi temporariamente bloqueada por dezenas de manifestantes e 25 voos foram cancelados, informou o aeroporto. Mas o governador Rodrigo Garcia disse que a rodovia foi reaberta na manhã de terça-feira.

“Os brasileiros honestos são contra a volta daquela quadrilha que saqueou os cofres do Estado”, disse o caminhoneiro Vando Soares, contrário à volta ao poder de Lula, cuja presidência de 2003 a 2010 foi marcada pela corrupção generalizada.

“Não vamos nos mexer até que esse bandido seja impedido de assumir a presidência”, disse.

Caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro bloqueiam uma rodovia para protestar contra sua derrota no segundo turno das eleições, nos arredores de São Paulo, Brasil, em 1º de novembro.André Penner/The Associated Press

Outra manifestante, Naiele Souza, disse que achava que Bolsonaro estava esperando para ver como as manifestações correriam antes de se dirigir à nação.

A vitória de Lula marca um retorno surpreendente para o ex-metalúrgico de 77 anos, que governou o Brasil de 2003 a 2010, mas depois passou um tempo na prisão por acusações de corrupção que foram posteriormente anuladas.

Lula prometeu desfazer muitas das políticas de Bolsonaro, incluindo medidas pró-armas e proteção fraca da floresta amazônica.

O juiz Alexandre de Moraes pediu à Polícia Rodoviária Federal (PRF) a retirada de todos os bloqueios de caminhoneiros.

Alguns caminhoneiros postaram vídeos pedindo um golpe militar para impedir a posse de Lula.

A PRF disse que os caminhoneiros estavam bloqueando parcial ou totalmente rodovias em mais de 200 localidades, como parte dos protestos que se espalharam por 21 dos 26 estados brasileiros e pelo Distrito Federal. Eles disseram que mais 192 bloqueios de estradas foram removidos.

Jair Bolsonaro não falará publicamente sobre sua derrota na eleição presidencial do Brasil até terça-feira, disse um ministro, em meio a dúvidas sobre se o nacionalista de extrema-direita aceitará a vitória de seu rival de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Reuters

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