Na segunda-feira, o Ministério Público Federal solicitou uma investigação nos sistemas de dados da Caixa, banco estadual, e da DataPrev, empresa pública que gerencia o banco de dados de todos os aposentados e beneficiários de programas previdenciários.
O objetivo é descobrir onde e como os dados pessoais de milhões de brasileiros estão sendo vazados de órgãos governamentais e foi motivado por uma matéria exclusiva publicada pela o relatório brasileiro em 22 de outubro de 2022.
Documentos obtidos por o relatório brasileiro mostrou que os representantes dos bancos tiveram acesso aos dados privados de milhões de eleitores de baixa renda e lhes ofereceram empréstimos consignados.
Esses empréstimos faziam parte da estratégia de reeleição de Jair Bolsonaro. Como o ex-presidente tentou criar um fator de bem-estar em toda a economia, permitia que os beneficiários do bem-estar tivessem acesso ao crédito, mas muitos economistas alertaram na época que esses empréstimos poderiam facilmente se tornar armadilhas de dívida para estratos populacionais-alvo, já que os beneficiários poderiam comprometer até 40% de sua renda mensal para reembolsos.
Expomos o vazamento de informações privadas pertencentes a pelo menos 3,7 milhões de beneficiários do programa de transferência de renda do Auxílio Brasil aos representantes dos bancos que venderam os empréstimos.
Os promotores pedem agora um cruzamento dos dados entre a lista obtida por o relatório brasileiro e pessoas que receberam crédito consignado durante o segundo turno presidencial.
O caso faz parte do que os juristas consideram a batalha jurídica mais séria que Bolsonaro enfrentará na Justiça Eleitoral: o suposto uso de programas sociais para seu ganho político. Ele já foi declarado inelegível para o cargo por espalhar desinformação sobre o sistema eleitoral.
O Ministério Público dos EUA pediu para ser co-autor em uma ação civil movida pelo Stealth Institute, uma organização de privacidade de dados, buscando o pagamento de danos àqueles cujas informações foram expostas. Ele também está buscando o pagamento de uma indenização a um fundo de direitos civis.
O processo será analisado pela Justiça Federal de São Paulo.
Após o relatório, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados do Brasil também lançou um processo interno para investigar possíveis violações de privacidade de dados pelo governo brasileiro.
A lista de informações mantida pelos bancos incluía o endereço completo das pessoas, números de telefone celular e residencial, data de nascimento, valor dos benefícios que recebem a cada mês, número de registro no banco de dados do banco, NIS do seguro social do governo e sua identificação de saúde pública números.