Horário de atendimento com… Maiani da Silva

Quando ela não está apresentando obras clássicas contemporâneas ou ensinando música para alunos, você pode encontrar a violinista Maiani da Silva lendo livros sobre comportamento humano ou ouvindo gigantes da Motown como Stevie Wonder, Smokey Robinson e The Supremes. A brasileira da Silva admite que se ela tivesse nascido em uma época diferente, ela teria adorado ter tocado algumas das “exuberantes” partes de cordas em algumas dessas lendárias músicas da Motown.

Por enquanto, porém, da Silva está encontrando tanta alegria apresentando novas músicas para os alunos de Yale quanto servindo como artista residente no Morse College. Da Silva, que ingressou no Departamento de Música do Yale College of Arts and Sciences em 2021, também se apresenta como solista e como membro do conjunto vencedor de quatro Grammys Eighth Blackbird.

Na última edição de “Office Hours”, uma série de perguntas e respostas que apresenta os recém-chegados ao corpo docente de Yale à comunidade em geral, ela fala sobre o que a atraiu para a música contemporânea e como um de seus novos projetos está abordando questões relacionadas à crise climática.

Qualificação Professora de música e artista residente no Morse College
interesse de pesquisa música de câmara clássica contemporânea
Começou em Yale 2021

O que você está ensinando em Yale?

Maiani da Silva: Dou aulas de “Interpretação de Música de Câmara Contemporânea” [MUS 238], um curso que se centra na interpretação e percurso profissional dos músicos do nosso tempo. Fazemos de tudo, desde tocar música de Philip Glass, Viet Cuong ou Jessie Montgomery até arranjar instrumentação aberta ou canções pop, até workshops e colaborar com compositores do Yale College em novas obras escritas especificamente para os alunos do meu curso. Também convidamos artistas convidados para falar sobre suas carreiras na música; tivemos a sorte de receber artistas como David Harrington do Kronos Quartet e Mikael Darmanie do Warp Trio. Estou sempre procurando novos alunos para participar da colaboração!

O que inspirou seu interesse pela música contemporânea?

da Silva: Como violinista, com o luxo de centenas de anos de solo e repertório de câmara, encontrei agência artística na nova música. Isso era algo que eu precisava desesperadamente, pois por muito tempo me senti imobilizado pelo medo de não tocar uma peça da maneira “certa”. Em geral, o treinamento no conservatório é tal que sobra muito pouco tempo como jovem aluno para realmente se divertir com o que você quer fazer com música e por quê. Quando mergulhei pela primeira vez na música contemporânea, lembro-me de pensar: “Não há gravação!” Isso foi muito intimidador. Mas, ao mesmo tempo, com os novos trabalhos, eles o incentivam a jogar de maneira diferente de todos os outros: dentro do razoável, não existe uma maneira “correta”. Também achei a relação compositor-intérprete fundamentalmente colaborativa, o que me deu uma outra perspectiva de tocar repertório tradicional: compositores são apenas pessoas, e que maravilha poder fazer uma pergunta e obter uma resposta!

Você acredita que seu instrumento pode ser uma ferramenta para enfrentar desafios globais, como a mudança climática. Como é isso?

da Silva: Com meu novo projeto sincrético Brouhaha, estou conectando compositores com estudiosos da antropologia para conversas envolventes que inspirarão novos trabalhos multimídia encomendados para mim em violino solo. As peças serão baseadas no conhecimento de acadêmicos, mas também em questões filosóficas relacionadas ao nosso papel na crise climática, do ponto de vista das origens humanas. Por exemplo, que papel desempenhou a criação de ferramentas em nossa evolução, tanto biológica quanto cultural? E como isso se parece agora? Este projeto é uma oportunidade de intercâmbio interdisciplinar, onde, acredito, existe um enorme potencial para enfrentar os desafios globais. Tal como acontece com a nova música, não se trata de ter as respostas, mas de ter a oportunidade de fazer perguntas mais profundas, para o seu próprio bem.

Sua herança brasileira influencia a música que você escolhe tocar?

da Silva: Até certo ponto, sim. Um ponto positivo pessoal para o bloqueio pandêmico foi que, em meio à minha tristeza e confusão, recorri à música que sempre me fez sentir mais vivo: a Música Popular Brasileira (MPB). Mas não bastava encontrar conforto apenas em ouvi-lo; desesperadamente necessário jogar ele. Desde então, fiz alguns arranjos de músicas de lendas como Milton Nascimento, Chico Buarque, além de canções tradicionais de trabalho (todas com videoclipes). Como minha formação não foi jazz ou jazz brasileiro, meu foco é definitivamente o de um intérprete de música erudita contemporânea, o que é muito divertido para mim. Espero incorporar esses arranjos como bis e eventualmente gravá-los para um álbum. É um projeto de amor para um futuro próximo, mas já saiu, então vou ter que fazer!

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