São Paulo, Brasil – Após uma moratória de cinco anos na concessão de direitos territoriais aos povos indígenas, o governo brasileiro oficialmente demarcado seis novos territórios indígenas em todo o país.
A demarcação de terras indígenas é um processo que garante a posse da terra e o uso exclusivo de seus recursos naturais aos povos indígenas que a habitam. Durante a presidência de Jair Bolsonaro, defensor da exploração de terras no Brasil para interesses comerciais, o processo de demarcação foi totalmente interrompido.
Em comemoração realizada na capital Brasília no dia 28 de abril com a presença de lideranças de comunidades indígenas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinado decretos de ratificação dos territórios.
No total, o Brasil tem 733 Territórios indígenas em diferentes estágios do processo demarcatório, que juntos somam 612.863,3 hectares (cerca de 1,5 milhão de acres). o mais territórios recentes demarcadas pelo Brasil são:
- a Terra Indígena Arara do Rio Amônia, no Acre, com população de 434 pessoas;
- a Terra Indígena Kariri-Xocó, em Alagoas, com população de 2.300 pessoas;
- a Terra Indígena Rio dos Índios, no Rio Grande do Sul, com população de 143 pessoas;
- a Terra Indígena Tremembé da Barra do Mundaú, no Ceará, com população de 580 pessoas;
- a Terra Indígena Uneiuxi, no estado do Amazonas, com uma população de 249 pessoas;
- Terra Indígena Avá-Canoeiro, no estado de Goiás, com uma população de nove pessoas.
Em suas redes sociais, o presidente Lula falou sobre a importância das demarcações territoriais.
Há cinco anos o Brasil não realizava a demarcação de Terras Indígenas, sendo a última realizada em abril de 2018, quando o ex-presidente Michel Temer assinou o decreto que criou a Baía do Guató Terra indígena no estado de Mato Grosso.
Durante os quatro anos (2019-2022) do governo Bolsonaro, ele não avançou em nenhum processo de demarcação de terras indígenas e liderou uma série de políticas que impactaram negativamente o meio ambiente e os povos indígenas, incluindo o desmantelamento da Fundação Nacional do Índio (Funai ), órgão federal encarregado de proteger os povos indígenas e demarcar suas terras.
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Bolsonaro também corte de financiamento por medidas de proteção ambiental, medida que o isolou da comunidade internacional, e demitido sumariamente defensores dos direitos indígenas e ambientais em organizações como a Funai e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Sob sua supervisão de 2019 a 2021, uma área do tamanho do país da Bélgica foi destruído na selva amazônica do Brasil.
A demarcação das terras indígenas ajuda a aumentar a segurança dos povos que nelas vivem, impedindo o acesso de grileiros e outros forasteiros, exceto as equipes de meio ambiente e segurança.
A Terra Indígena Avá-Canoeiro, demarcada por Lula, é um exemplo dos estragos que a ausência do Estado pode causar. A terra é atualmente habitada por apenas nove indivíduos que sobreviveram aos sucessivos ataques de fazendeiros e garimpeiros que dizimaram a população nas décadas de 1960 e 1970.
Em 1969, cerca de 100 integrantes da comunidade Avá-Canoeiro foram massacrados em um ataque realizado por um grupo de camponeses. Apenas quatro indivíduos conseguiram sobreviver ao terrível episódio e passaram anos vivendo escondidos em cavernas até serem contatados por equipes da Funai que passaram a oferecer proteção a pessoas que estavam à beira da extinção.
Hoje restam apenas nove indivíduos Avá-Canoeiro, mas agora vivem em terras oficialmente protegidas pelo estado brasileiro e a esperança é que possam voltar a aumentar sua população.