FMI ‘apoia fortemente’ as novas regras fiscais do Brasil

Após sua visita anual do Artigo IV ao Brasil, a equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um declaração dizendo que “apoia fortemente” o compromisso do governo de melhorar a posição fiscal do Brasil e alcançar um superávit fiscal primário de 1% do PIB até 2026.

No entanto, o comunicado assinado pela chefe da missão do FMI no país, Ana Corbacho, recomendou também um “esforço fiscal mais ambicioso que continue para além de 2026 para colocar a dívida numa trajetória firmemente descendente, protegendo simultaneamente a despesa social e de investimento”, lembrando que isso pode ser amparado pelo novo quadro fiscal, e também pela “maior expansão da base tributária”, como referência à proposta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de reformar os impostos sobre o consumo.

A equipe do FMI disse que a reforma poderia “simplificar significativamente o regime tributário e aumentar a produção potencial”.

A proposta do governo para um novo quadro fiscal pode ser votada nas próximas semanas. O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado, apresentou na segunda-feira a redação final aos líderes partidários, que inclui disposições um pouco mais rígidas do que a proposta original do Ministério da Fazenda, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falará nesta quarta-feira em audiência pública para convencer a Câmara a votar em uma moção para acelerar o projeto de lei de estrutura fiscal, possibilitando uma votação completa na próxima semana.

A versão final da estrutura restringe o crescimento dos gastos do governo de um ano para o outro a 70% do crescimento da receita se as metas de superávit primário forem atingidas. Mesmo no caso improvável de um boom de receita, o crescimento dos gastos seria limitado a 2,5%.

Ao contrário do atual teto de gastos, que impede o governo de aumentar os gastos além da inflação, a nova regra também dá margem ao estado para fazer investimentos e financiar políticas sociais. De acordo com a minuta, se o governo não cumprir suas metas fiscais, os gastos ainda podem crescer, mas apenas à metade da taxa de crescimento da receita.

Embora apoiando a proposta do governo Lula para evitar que os gastos e a dívida subam vertiginosamente, a equipe do FMI também enfatizou a necessidade de “reduzir a inflação” como um fator crítico “para proteger as famílias vulneráveis, que são as mais afetadas pela alta inflação. A postura do fundo, escreveu a equipe, é “consistente com a redução da inflação para a meta, em linha com o regime de metas de inflação”, o que significa que sua visão é muito semelhante à do Banco Central do Brasil, que repetidamente reafirmou a necessidade de manter alta a taxa básica de juros do país pelo tempo que for necessário para reduzir a inflação.

No entanto, uma recomendação interessante está em linha com a atual política econômica do governo, que é dar mais flexibilidade ao regime de metas de inflação no Brasil. “Para aumentar a clareza sobre a flexibilidade quando os choques atingem a economia e reduzir a incerteza, pode ser considerado o estabelecimento de uma meta fixa de médio prazo alinhada com os pares regionais. Pelo contrário, considerar os objetivos anualmente é uma forma menos eficiente de ganhar flexibilidade”, lê-se na declaração de missão.

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