Adepto da filosofia Vedanta (uma das filosofias espirituais mais antigas do mundo e que segue os Vedas, as escrituras sagradas da Índia), praticante e professor de hatha ioga, Mariana Maffeis – primogênito da apresentadora Ana María Braga com ex-economista Eduardo carvalho (com quem Pedro também tem) – hipnotiza qualquer ouvinte com sua calma e serenidade ao falar.
Casado com uma professora de ioga colombiana Badarik González, com quem está há dois anos e meio, falou com Who seu estilo de vida, suas filhas, Joana, 9 anos, e Maria, de 5, de seu relacionamento com Paschoal Feola, sobre sua mãe, e disse que em um mês se mudará com a família para uma zona rural no interior de São Paulo, bem próxima à fazenda de Ana María em Bofete.
“Vamos nos mudar para um bairro rural. Decidimos dar esse passo e seguiremos com o sonho de sair do grande centro um pouco antes das meninas serem pré-adolescentes ”, afirma, que sempre pode visitar a mãe. “A fazenda da minha mãe fica a 35 minutos daqui. Ele quer plantar café e estando mais perto posso ajudar. A fazenda é seu local de descanso, onde ele se reconecta ”, explica.
Leia a entrevista completa abaixo:
Quando começou seu relacionamento com a ioga?
Pratico ioga há dez anos. E a ioga é muito ampla, o que chega ao Ocidente é mais uma questão física. Mas é por meio do físico que alcançamos a realização da consciência. Estamos em um longo processo de evolução. E o ioga foi um encontro da minha vida em que me identifiquei. Para mim, tudo começou com o vegetarianismo.
Mudando a dieta?
Sim, porque teve um efeito óbvio na forma como lido com o mundo. A mudança climática é um tema central para mim e a prática de ioga é individual e constante, faço isso apenas para vivenciar a mudança no meu ambiente. E o vegetarianismo é uma ferramenta para o ativismo. A produção de carne e o consumo de água, o aquecimento global, tudo que passa pelas grandes indústrias, são assuntos muito delicados, mas são a base da minha prática. Tenho duas filhas e estou preocupada com o futuro delas.
O que mudou em sua vida após a maternidade?
Eu me dedico a eles. A maternidade, para mim, foi esmagadora. Depois que minha filha mais nova completou cinco anos, comecei a ter mais tempo para melhorar na prática. Sempre estive com eles. E eles não insistiam em ir para a escola, então preferi que eles ficassem em casa. Para mim a experiência é mais rica [das crianças] Em familia. Depois que eles cresceram, passei mais tempo estudando ioga, me especializando com professores renomados, e então comecei a dar aulas. Senti que na prática poderia alcançar qualquer coisa.
O que mais você aprendeu com esse estilo de vida?
A ioga me ajudou a ver o quão poderosa é essa mudança individual. Este processo é um refinamento eterno, pois cada pensamento gera um campo magnético. A ascendência desta ciência nos traz uma espécie de caminho para o futuro. O Yoga homenageia os professores e tem aquela coisa da gratidão pra quem não tá mais aí, são muitas transformações. Gosto muito!
Seu marido também é professor de ioga. Como tem sido a quarentena para ele?
Ele é professor de ioga há muitos anos e tem aulas virtualmente. Faça pelo menos duas aulas por dia. Eu só tenho um problema com a mídia. Para mim, WhatsApp e pesquisa são o limite do que eu faço [na internet]. Não podia e não queria dar aulas virtuais, preferi me dedicar ao meu aprimoramento pessoal. Tive que assistir a algumas reuniões, mas dei instruções específicas a apenas um aluno. Tudo normal. Eu entendo que é uma necessidade [a web], mas não me identifico com esta ferramenta.
Você acha que a pandemia acabou “obrigando” a todos a refletirem mais?
Acho que todos passaram por um processo de meditação e estão refletindo sobre seu modo de vida e seus sonhos. Acho que a ioga nesse período é muito benéfica, pois não precisa de aparelho, é uma prática que proporciona muita independência e autonomia. Mas recomendo que as pessoas o façam sob a orientação de alguém com experiência, que possa dar-lhes informações para prevenir lesões. Yoga é um processo de meditação que vai além do corpo físico. As posturas são apenas uma ferramenta que nos auxilia nesse processo.
Como você se descreve como mãe?
Eu os limitei e estabeleci regras e rotinas. Sou muito restritivo com dispositivos de internet e televisão. Eles brincam de casinha e cozinham. Acredito que se deixarmos muitas crianças neste mundo virtual e televisionado, elas perderão uma pequena oportunidade de criar seu mundo.
Você parece muito calmo …
Mas nem sempre sou assim … Eles nos testam o tempo todo. Lembre-se que minha mãe é Ana Maria Braga [risos]. Minha mãe está calma, mas ela também é um furacão. O Yoga me ajudou a me entender um pouco no sentido de: ‘calma, você não é perfeito’. Isso acaba trazendo calma. Mas sou muito enérgico em casa e não muito passivo. A ioga ensina que não devemos nos apegar ao sofrimento ou a grandes alegrias. Pregue a equanimidade. Tenho picos de ansiedade, irritação, mas não tomo nenhuma substância, não uso álcool.
Como está indo a quarentena?
Eu moro em casa [no Alto de Pinheiros, região oeste de São Paulo] e, graças a Deus, eu planto muito, tenho árvores frutíferas, ervas aromáticas. Recentemente fomos para a fazenda da minha mãe [em Bofete, interior de São Paulo], que é um local totalmente isolado, possui plantação de eucalipto. E essa pandemia nos fez pensar muito sobre a nossa estadia em São Paulo.
Por quê?
Decidimos e vamos nos mudar para um bairro rural do interior de São Paulo. Decidimos dar esse passo e perseguir o sonho de deixar o grande centro pouco antes de as meninas chegarem à pré-adolescência. É um privilégio pisar no chão, tomar sol, regar as plantas e saber que as crianças vão subir nas árvores. Temos cães, gatos, tartarugas. Agora, as meninas deram a Badarik um coelho de presente de aniversário. Somos uma pequena chácara no Alto de Pinheiros [risos].
Onde as meninas vão estudar?
No bairro existe uma escola com participação ativa na educação Waldorf [abordagem pedagógica baseada na filosofia da educação do filósofo austríaco Rudolf Steiner, fundador da antroposofia. A pedagogia procura integrar de maneira holística o desenvolvimento físico, espiritual, intelectual e artístico dos alunos. O objetivo é desenvolver indivíduos livres, integrados, socialmente competentes e moralmente responsáveis] e compromisso com a antroposofia. O pediatra das meninas, que é homeopata, segue essa linha e vamos fazer esse experimento.
Você definitivamente vai se mudar para lá?
Então … Estávamos procurando lugares e foi difícil porque ninguém quer sair. Queremos alugar um imóvel inicialmente. Finalmente conseguimos alugar uma casinha e vamos fazer essa experiência. Estamos nos mudando em um mês e faremos uma pintura ao redor da casa para dar um toque de energia.
Como será o contato com sua mãe?
Tem sido difícil ficar longe dela. No início do tratamento [de câncer de Ana Maria Braga] Eu o segui e então a pandemia estourou. Mas minha mãe colocou internet na fazenda e trabalha na televisão lá. Ela quer plantar café e eu quero estar mais perto [o local fica a 35 minutos da fazenda da apresentadora] Posso ajudar. A fazenda é seu local de descanso, onde ele se reconecta. Ele está no Rio há 12 anos, estamos acostumados com as distâncias. E para mim não é a distância física que nos une ou a distância. Essa escolha nossa também tem a ver com o fato de estarmos a apenas 35 minutos da fazenda da minha mãe.
Como é ser filha de Ana María Braga?
É uma maravilha, um privilégio. Além de me ensinar com o exemplo de mulher que ela é, ainda pego seu carinho na rua [risos]. Acabo ficando um pouco conhecido na mesa. Gosto muito de andar na rua, no metrô, tenho um jeito de vida bem simples. Não gosto de carro blindado … No ano passado minha filha estudou em uma escola na Paulista e usamos o metrô todos os dias. Toda semana eu encontrava alguém falando sobre minha mãe. Pessoas que disseram que mudaram suas vidas por ela, outras que agradeceram por sua maneira. Recebo presentes para as meninas de seus telespectadores. Outro dia comprei dois vestidinhos para as meninas, feitos por uma baiana. É um privilégio para mim receber esse amor automaticamente. Minha mãe tem credibilidade e isso acontece comigo e com meu irmão Pedro. Espero que Deus me dê sabedoria para usar isso para um bem maior … Minha mãe é ioga. Está na televisão há 30 anos, nas horas mais selvagens, faça chuva ou faça sol. É aberto, sincero, alegre, de gente.