Em uma repressão de alto nível, as autoridades brasileiras invadiram mais de 200 minas selvagens, conhecidas como garimpo – através da reserva amazônica Yanomami nas últimas semanas, prendendo garimpeiros e confiscando suprimentos. O objetivo é expulsar cerca de 20.000 garimpeiros ilegais que invadiram a reserva desde 2019, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro descartou amplamente as regulamentações que apoiavam a abertura da selva para mineração e pecuária.
Colocando o meio ambiente no centro de sua agenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu deter o desmatamento, punir os que exploram ilegalmente a floresta e reverter os danos causados por seu antecessor.
por que escrevemos isso
O presidente do Brasil está redobrando a proteção da Amazônia, crucial para combater o aquecimento global. Mas ficar de olho nas atividades ilegais pode não ser suficiente.
Apesar da estratégia ousada, cerca de 330 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados nos primeiros três meses do ano. Os observadores dizem que o foco precisa ir além da repressão para incluir a oferta de alternativas acessíveis para aqueles que recorrem a esse tipo de trabalho em primeiro lugar.
“O problema na Amazônia é econômico, e o desmatamento é um sintoma, não a causa”, diz Danicley de Aguia, ativista do Greenpeace Brasil. “Você pode conseguir reduzir a taxa de desmatamento novamente. Mas se não houver outra opção, ao primeiro sinal de enfraquecimento do aplicativo, ele salta novamente.
No início de fevereiro, nas profundezas da Amazônia brasileira, garimpeiros selvagens desceram o rio Uraricoera, através da reserva indígena Yanomami, em três lanchas cheias de barris de gasolina e caixas plásticas de espuma com carne.
Os suprimentos serviriam para abastecer uma mina ilegal de ouro escondida no coração do maior território indígena do Brasil. Mas sua jornada foi abruptamente encurtar. “Todos parem!” um oficial armado gritou quando a polícia alcançou o barco dos homens. Eles levantaram os braços em sinal de rendição.
“Tem muita comida aqui. … Todos esses sacos aqui estão cheios de comida”, disse um oficial mais tarde, enquanto examinava os suprimentos apreendidos por sua equipe. “Enquanto isso, os Yanomami estão morrendo de fome.”
por que escrevemos isso
O presidente do Brasil está redobrando a proteção da Amazônia, crucial para combater o aquecimento global. Mas ficar de olho nas atividades ilegais pode não ser suficiente.
Em uma repressão de alto nível, as autoridades brasileiras invadiram mais de 200 minas selvagens, conhecidas como garimpo – através da reserva Yanomami nos últimos meses, prendendo garimpeiros, apreendendo suprimentos e incendiando máquinas. O objetivo é expulsar cerca de 20.000 garimpeiros ilegais que invadiram a reserva desde 2019, causando doenças, desmatamento, fome e conflitos, e tornando os Yanomami um símbolo da destruição generalizada que assola a maior floresta tropical do mundo.
A ofensiva faz parte de um plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de buscar proteção na Amazônia, após anos de rápida destruição no governo Jair Bolsonaro. Colocando o meio ambiente no centro de sua agenda, Lula, como o presidente é comumente conhecido, prometeu acabar com o desmatamento, punir os que exploram ilegalmente a floresta e reverter os danos causados por Bolsonaro, que apoiou avidamente a abertura da Amazônia à mineração e à pecuária. .
“O compromisso é, até 2030, ter desmatamento zero na Amazônia. E vou perseguir isso com todas as minhas forças”, disse Lula no início deste ano.
Ansioso para enviar uma mensagem clara desde o início, Lula fez da expulsão dos selvagens garimpeiros da reserva Yanomami um de seus primeiros atos importantes desde que assumiu o cargo em 1º de janeiro. Ele prometeu realizar operações semelhantes em pelo menos seis outras reservas indígenas nos próximos meses.
Apesar da estratégia ousada, cerca de 330 milhas quadradas de floresta foram desmatadas na Amazônia nos primeiros três meses do ano, mostraram dados da agência espacial brasileira no início deste mês, marcando a segunda maior taxa de desmatamento já registrada. empenhados na destruição da floresta tropical têm pouca intenção de desistir. À medida que Lula intensifica a proteção da floresta, observadores dizem que a atenção precisa ir além da repressão à mineração ilegal, incluindo a oferta de alternativas econômicas para aqueles que recorrem a esse tipo de trabalho em primeiro lugar.
“Essa mudança de governo é um suspiro de alívio”, diz Martha Fellows, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Mas, acrescenta, “a cultura da destruição ainda persiste. Infelizmente, essa é uma cultura que não desaparece da noite para o dia.”
batalha de décadas
Vista de cima, a reserva Yanomami parece um mosaico de copa esmeralda e vastas crateras cheias de lamaçais lamacentos. Ali, a disputa pela terra remonta à década de 1970, quando madeireiros e garimpeiros começaram a chegar aos poucos.
Na década de 1990, quando as autoridades federais declararam a área como reserva indígena, ela já estava invadida por cerca de 40.000 garimpeiros ilegais, cerca de duas vezes o número que se acredita estar operando lá hoje.
João Moreira veio para os Yanomami no final dos anos 1980 na esperança de ficar rico em uma mina de ouro. Era um trabalho árduo e exaustivo; muitos dos homens que trabalhavam ao lado dele eram pobres e analfabetos, com poucas perspectivas econômicas.
“Quem vem para a Amazônia está passando por dificuldades e buscando oportunidades”, afirma. “E ele garimpo dá a eles a chance de sonhar e progredir na vida. É como se você tivesse ganhado na loteria.”
Ele se lembra de voar da capital do estado, Boa Vista, para a terra indígena em um pequeno avião, sobre a densa floresta, até a pista ilegal perto da mina. “Não tinha nada ali, só selva, selva, selva”, lembra ele em entrevista por telefone do Planalto da Serra, no Mato Grosso, onde mora hoje.
A polícia tentou expulsar o grupo do Sr. Moreira uma vez, mas os homens voltaram quando a poeira baixou. Finalmente, em 1992, as autoridades conseguiram expulsar os forasteiros, inclusive o Sr. Moreira, e devolver a terra às dezenas de milhares de Yanomami que vivem ali há séculos, alguns deles em isolamento voluntário do mundo exterior.
Mas em 2019, quando Bolsonaro agiu para relaxar a vigilância ambiental, garimpeiros ilegais viram uma oportunidade de invadir o território mais uma vez. “O Estado brasileiro tem a obrigação de proteger as terras indígenas”, diz Edinho Batista, coordenador do Conselho Indígena de Roraima, onde fica a reserva Yanomami. “Mas o que vimos nos últimos quatro anos foi exatamente o oposto. Foi assim que chegamos a esta crise.”
Após a última repressão à reserva, muitos garimpeiros ilegais partiram voluntariamente. O próprio Moreira deixou o comércio de ouro há muitos anos e abriu uma construtora. Mas ele duvida que os garimpeiros que estão deixando a reserva agora desistam para sempre.
“Eles vão simplesmente voltar ou ir para outra parte da Amazônia”, diz ele. “Muitos não sabem fazer outra coisa.”
um novo capítulo
Sob Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia brasileira atingiu seu nível mais alto em 15 anos, enquanto invasores encorajados corriam para demolir e queimar partes da floresta. Bolsonaro criticava regularmente as proteções ambientais, argumentando que elas apenas atrapalhavam o desenvolvimento, e despojava as agências dos recursos e pessoal necessários para proteger tanto a floresta tropical quanto as pessoas que dela dependem. Bases locais guarnecidas por agentes ambientais fecharam em toda a Amazônia, deixando um vácuo que os criminosos facilmente exploraram.
No cenário internacional, Lula fez grandes promessas para reprimir o desmatamento, punir os invasores da floresta e tornar o Brasil um líder na luta global para evitar uma crise climática.
“A Amazônia possui uma das maiores reservas de carbono do mundo, o que a torna crucial para a regulação do clima”, diz a Sra. Fellows do IPAM. “Temos que pensar globalmente. … A Amazônia não é relevante apenas localmente para nós”.
O histórico de Lula oferece motivos para esperança: durante seus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010, o líder esquerdista ajudou a reduzir o desmatamento em 80% e fez do Brasil um campeão mundial em conservação florestal.
Desde que voltou ao cargo, ele reviveu um fundo internacional que já financiou projetos de conservação, mas foi suspenso em 2019 em meio ao aumento do desmatamento, congelando mais de US$ 500 milhões em ajuda.
Também reforçou a vigilância. Nos três primeiros meses do ano, as multas por desmatamento dispararam 219%, segundo o Ministério do Meio Ambiente. E na reserva Yanomami, os agentes apreenderam até agora 84 barcaças e barcos, dois aviões, 172 geradores, uma plataforma de mineração e 3.000 galões de combustível.
“Você está enviando a mensagem de que garimpo não será tolerado e, de repente, garimpeiros ilegais começam a pensar duas vezes se isso pode ser ruim para os negócios”, diz Danicley de Aguia, ativista do Greenpeace Brasil.
Ainda assim, os ambientalistas dizem que repressões ousadas podem não ser suficientes. A vigilância efetiva da Amazônia brasileira, que se estende por milhões de quilômetros, é notoriamente difícil e cara. Agentes ambientais podem levar dias, seja de lancha ou por estrada de terra, para chegar às minas e fazendas clandestinas escondidas no meio da selva.
Oferecendo alternativas
Para realmente erradicar a extração ilegal de madeira na Amazônia, diz o Sr. de Aguia, o governo deve desenvolver alternativas econômicas que tornem a preservação da floresta mais atraente.
“O problema da Amazônia é econômico, e o desmatamento é um sintoma, não a causa”, afirma. “Você pode conseguir reduzir a taxa de desmatamento novamente. Mas se não houver outra opção, ao primeiro sinal de enfraquecimento do aplicativo, ele salta novamente.
A Amazônia é uma das regiões mais negligenciadas política e economicamente do Brasil, com milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Com grandes extensões isoladas do resto do país, muitos moradores lutam para ter acesso a serviços básicos como saúde e educação.
Lula defendeu o investimento em empregos verdes e a exploração da floresta tropical em busca de novos ingredientes que possam ser usados em remédios e cosméticos. Ele diz que as comunidades podem ganhar dinheiro com a floresta vendendo frutas exóticas e nozes, mas o plano foi criticado como vago.
“Precisamos de soluções econômicas na Amazônia”, diz o Sr. de Aguia. “É sempre a mão do pobre que pega a motosserra.”