LISBOA, 27 Jun (Reuters) – O Brasil pretende aprovar uma estrutura regulatória para energia eólica offshore e hidrogênio verde até o final deste ano, disse o ministro da Energia do país à Reuters nesta terça-feira, enquanto a maior nação das Américas Latina busca desbloquear novos setores para impulsionar sua transição energética.
O presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva apostou sua reputação internacional ao revisar as credenciais ambientais do Brasil, que foram derrotadas por seu antecessor de extrema direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula e seus assessores adotaram a transição para uma economia verde como foco de suas políticas de desenvolvimento lideradas pelo Estado.
Como parte desses esforços, o ministro da Energia, Alexandre Silveira, destacou um próximo leilão de linhas de transmissão para transportar energia eólica e solar onshore do nordeste do país para usinas no sul. Com um mínimo de R$ 16 bilhões, o leilão pode liberar R$ 200 bilhões (US$ 41,79 bilhões) em investimentos, disse ele.
Atualmente, o Brasil não possui legislação vigente para regulamentar a energia eólica offshore e o hidrogênio verde. No início de janeiro, o governo brasileiro emitiu um decreto que abriu espaço para o desenvolvimento da geração de energia eólica offshore no país. Algumas empresas, como Shell e Equinor, demonstraram interesse.
“Acreditamos que até o final do ano teremos um marco regulatório seguro para usinas offshore para apresentar ao mundo”, disse Silveira, explicando que seu ministério também espera ter uma regulamentação para projetos de hidrogênio verde ao mesmo tempo. quadro.
“O hidrogênio verde é uma possibilidade real para expandirmos muito nossa posição em energia limpa e renovável”, disse ele.
As esperanças de Lula por uma economia verde surgem quando a estatal Petróleo Brasileiro enfrenta desafios para reabastecer suas reservas de petróleo.
Os reguladores ambientais frustraram recentemente as esperanças da Petrobras de explorar perto do rio Amazonas, onde pretendia fazer sua primeira grande descoberta nacional de petróleo em mais de uma década.
Silveira disse que ainda acredita que é importante para a Petrobras explorar a Foz do Amazonas, onde o maior rio do mundo encontra o Oceano Atlântico, desde que a empresa siga as normas ambientais.
Após esse revés regulatório, a Reuters informou que a Petrobras pode olhar para o exterior em busca de crescimento futuro. Questionado sobre sua opinião, Silveira disse que embora a empresa ainda tenha “muito a fazer no Brasil… nada impede que ela também tenha uma visão global quando se trata de sua estratégia internacional”.
Silveira disse que o governo tomará uma decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 neste ano. As obras, orçadas em R$ 20 bilhões, representam um “grande desafio”, disse Silveira, já que o governo deve conciliar a necessidade de segurança energética com custos provavelmente mais altos para os consumidores.
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Reportagem de Catarina Demony e Miguel Pereira em Lisboa, edição de Gabriel Stargardter e David Evans
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