Enquanto o Brasil luta para lidar com os tumultos caóticos de 8 de janeiro, uma figura-chave espreita no processo: Jair Bolsonaro. O ex-presidente está agora na Flórida, onde cumprimenta regularmente seus apoiadores.
MARY LOUISE KELLY, ANFITRIÃO:
No dia 8 de janeiro, abalou o Brasil. Esse é o dia em que milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o gabinete presidencial. Bolsonaro tentou e falhou em sua tentativa de reeleição como presidente. Seus apoiadores alegaram, sem provas, que a votação foi fraudada. As autoridades brasileiras estão agora investigando os eventos que desencadearam os distúrbios. Mas falta um jogador-chave: o próprio Bolsonaro. O agora ex-presidente agora mora na Flórida, onde faz aparições regulares, posando para fotos com apoiadores e mantendo uma distância visível da turbulência do Brasil. O correspondente de segurança nacional da NPR, Sergio Olmos, visitou o bairro da Flórida onde Bolsonaro está hospedado. Olá Sérgio.
SERGIO OLMOS, ASSINATURA: Olá, Mary Louise.
KELLYOlá. Então conte-me mais. Onde exatamente fica na Flórida?
OLMOS: Então você está hospedado na casa de férias de um lutador de MMA brasileiro em um subúrbio fora de Orlando. Fica perto do Walt Disney World. Há algumas dezenas de pessoas que vão vê-lo todos os dias. Havia 40-50 pessoas lá quando eu estava lá na semana passada. Ao vê-lo, há uma mistura de emoções entre a multidão. É como ver uma celebridade ou ir à igreja. As pessoas estacionam seus carros em uma estrada de terra fora deste condomínio fechado. Muitos deles são carros alugados. Eles passam pelo portão de segurança para entrar e esperam pacientemente na calçada do lado de fora de sua casa. E eles estão vestidos, novamente, como se estivessem indo para a igreja, muito bem. Há famílias, crianças. Algumas pessoas trazem bandeiras brasileiras com elas. É um ambiente muito saudável. E tem esse horário informal em que o Bolsonaro sai de manhã e volta à tarde, e as pessoas esperam para ver exatamente a que horas ele sai. E nós o vimos sair, e as pessoas ficaram horrorizadas ao ver o ex-presidente.
KELLY: Me desculpe. Todos os dias ele sai duas vezes por dia e cumprimenta os fãs?
OLMO: Sim. E é informal. Não é garantido. Então, as pessoas estão esperando e conversando, se ele saiu hoje, que horas e coisas assim.
KELLY: Está tudo bem. Então você estava lá uma tarde. Conte-me sobre aquele momento, o que você viu.
OLMO: Sim. A maioria das pessoas lá são brasileiros expatriados. Alguns estão visitando os EUA, são do Brasil e param para ver. É perto do Walt Disney World, de novo, então é como uma atração turística de certa forma. E então algumas das pessoas que vi lá estavam apenas ficando na área. É um tipo de área de resort de férias. E vimos um grupo de pessoas passando e perguntando: quem é esse homem com quem todo mundo está tirando fotos? E ficaram surpresos ao saber que ele é o ex-presidente do Brasil. E eles entraram na fila e também tiraram uma foto com ele. Mais uma vez, tudo é muito informal. Bolsonaro não tem uma grande comitiva ou mesmo segurança oficial. Tem um brasileiro que está agindo como motorista, mandando as pessoas ficarem em fila indiana, ficar fora do trânsito. E o próprio Bolsonaro parece gostar de encontrar e cumprimentar seus apoiadores às vezes. E às vezes, para ser honesto, parece um pouco chato.
KELLY: Você conseguiu falar com eles? Você conseguiu perguntar o que eles acham dos tumultos de 8 de janeiro e outros eventos no Brasil?
OLMO: Sim. As pessoas ficaram felizes em conversar e os tumultos de janeiro não os detiveram. Eles, algumas dessas pessoas que estão em Orlando visitando-o, são obviamente alguns de seus mais fervorosos apoiadores. Eles não veem nenhum tipo de problema em 8 de janeiro. E uma coisa que realmente me impressionou foi conversar com as pessoas sobre sua dieta de mídia, o papel das mídias sociais. Alguns desses apoiadores me disseram que, no momento, obtêm suas notícias quase exclusivamente das mídias sociais, onde, é claro, teorias da conspiração e notícias falsas parecem notícias reais. Isso é o que um seguidor, Lutty Sutton, me disse. Eu estava visitando a Flórida do Brasil.
LUTTY SUTTON: Sim, porque a TV não diz nada.
PESSOA NÃO IDENTIFICADA: Estão mentindo.
SUTTON: Televisão, TV, rádios, jornais, revistas, ninguém fala nada.
PESSOA NÃO IDENTIFICADA: Temos apenas redes sociais.
SUTTON: Apenas mídia social. Você tem que seguir toda a pessoa que você acredita. Instagram, Twitter, Tinder, todos eles.
OLMOS: E vimos isso com 8 de janeiro, como 6 de janeiro aqui nos Estados Unidos, o papel que a mídia social desempenhou no aumento de seguidores e na disseminação de desinformação.
KELLY: Muito interessante. E vou apenas observar de passagem que Bolsonaro está em uma parte da Flórida não tão distante quanto Mar-a-Lago e outro ex-presidente. Aquele é o correspondente de segurança nacional da NPR, Sergio Olmos. Obrigada.
OLMOS: Obrigado.
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