Evite o futebol: os videogames estão na moda nas favelas do Brasil

Pergunte ao adolescente brasileiro Yan Araujo quem são seus ídolos e ele não hesitará. Nem Neymar. Não Vinícius Júnior. “Nobru e Cerol”, diz ele, superstars da crescente cena de jogos nas favelas do Brasil.

Assim como seus heróis, Araújo, de 15 anos, é um jogador inveterado do Free Fire, um jogo multiplayer online desenvolvido para celulares, perfeito para as favelas do Brasil, onde consoles caros são raros, mas celulares são relativamente fáceis de conseguir . de.

O futebol já foi o rei indiscutível dos sonhos das crianças de favela no Brasil, o país que ganhou a Copa do Mundo mais vezes do que qualquer outro: cinco.

Mas um número crescente agora aspira a ter sucesso como jogadores profissionais, inspirados por Nobru, Cerol e outros fenômenos de esports que se tornaram ricos e famosos jogando videogames.

Com a destreza de um violonista virtuoso, Araujo desliza seus dedos longos e finos pela tela de uma favela na periferia da capital, Brasília, jogando o que vê muito mais do que um jogo.

“Tenho o sonho de ter sucesso como jogador de Free Fire, ficar famoso e ajudar as pessoas”, diz ele, vestindo uma jaqueta vermelha e balançando a cabeça ao ritmo do jogo.

Araújo e cinco companheiros da favela P Sul venceram o campeonato Brasília Free Fire no ano passado, organizado pela organização comunitária da favela CUFA.

Free Fire é o que é conhecido como um jogo de “battle royale”: até 50 jogadores saltam de pára-quedas em uma ilha, depois procuram armas para caçar e matar uns aos outros.

O último em pé vence.

Desenvolvido por uma empresa vietnamita, o jogo foi lançado em 2017 e tem feito um enorme sucesso no Brasil.

pago para jogar

“As crianças são loucas pelo Free Fire”, diz Carlos Campos, coordenador da CUFA em Brasília.

O campeonato nacional do ano passado atraiu 80.000 jogadores das favelas.

Cerca de 96% das crianças de favela com 15 anos ou menos querem se tornar jogadores profissionais, com 29% chamando isso de seu maior sonho na vida, de acordo com uma pesquisa de 2021 do Data Favela Institute.

“Muitas crianças têm esse sonho, porque viram que é uma profissão, que as pessoas de seu mundo estão se tornando campeãs, que pode ser uma forma de ganhar dinheiro”, disse Campos.

Imagem do conteúdo - Phnom Penh Post

Os jovens brasileiros estão jogando futebol cada vez menos para jogar videogame, o que pode ter um impacto no esporte de elite brasileiro. AFP

O campeonato nacional de 2021 premiou 100.000 reais (US$ 20.000) para a equipe vencedora.

Os maiores nomes dos games já se tornaram influenciadores e profissionais, como Bruno “Nobru” Goes, que transmite seus jogos online e tem 13 milhões de seguidores no Instagram.

O jovem de 21 anos supostamente ganha cerca de US $ 500.000 por mês com webcasts, ganhando o apelido de “Neymar do Free Fire”.

“Ele realmente é basicamente o Neymar dos videogames. Ele vem de uma comunidade pobre, trabalhava muito, passava muitas horas jogando e olha onde está hoje”, diz Araujo.

Neymar, superestrela do Paris Saint-Germain, até entrou na onda dos eSports: em dezembro, o fanático por jogos assinou um acordo para transmitir seus próprios jogos no Facebook Gaming.

Enquanto isso, grandes clubes de futebol brasileiros, incluindo Flamengo e Corinthians, lançaram seus próprios times de eSports.

mãe convincente

Técnicos de futebol em busca de talentos nas favelas, que produziram estrelas como Vinicius Junior, do Real Madrid, e Gabriel Jesus, do Manchester City, dizem que há menos interesse pelo futebol do que antes.

“Alguns jogadores não aparecem para treinar porque estão jogando Free Fire”, diz João de Oliveira, técnico da academia de futebol da favela de Brasília, Toque de Bola.

“É um pouco cedo para dizer que a maioria prefere o Free Fire ao futebol, mas os jogos estão ganhando espaço a cada dia.”

O companheiro de equipe de Araujo, Matheus da Silva, diz que está treinando para se tornar o próximo “Bak”: o astro do Free Fire Gabriel Lessa, heptacampeão brasileiro.

“Ele é como [Lionel] Messi: sete bolas de ouro, sete campeonatos nacionais”, diz Da Silva.

A mãe do adolescente, Claudia Gomes da Silva, diz que inicialmente desaprovou que ele passasse tanto tempo jogando no celular.

Mas quando seu time ganhou o campeonato em Brasília, ela começou a mudar de ideia.

“É mais do que um jogo”, diz ela.

“Ele pode se tornar um grande jogador e viver disso.”

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