Por Bernardo Caram e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) – Os principais membros da equipe econômica do Brasil disseram nesta quinta-feira que preveem que o banco central tem espaço para cortar sua taxa básica de juros em mais de 25 pontos-base em sua próxima reunião, pressionando ainda mais os formuladores de políticas bancárias para cortar custos de empréstimos.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva há muito pede à autoridade monetária que corte a principal taxa Selic de sua atual alta de seis anos de 13,75%, um nível que o governo vê como um obstáculo ao crescimento econômico.
Com a inflação anual agora em seu nível mais baixo em quase três anos, o banco central deve iniciar um ciclo de flexibilização em sua próxima reunião de política monetária em 1º e 2 de agosto. Mas os economistas ainda estão considerando o tamanho do corte.
“Todo mundo está esperando um corte de juros”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao jornalista da RedeTV, Kennedy Alencar.
Haddad disse que o problema agora é o tamanho do corte, lembrando que espera que haja espaço para que seja maior que 25 pontos-base.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, foi ainda mais enfática, ao dizer em evento no Rio de Janeiro que o Banco Central deve iniciar seu ciclo de flexibilização com um corte de 50 pontos base.
Ele disse que os altos níveis das taxas de juros estão prejudicando o setor de varejo.
O Banco Central do Brasil realizou um dos ciclos de aperto mais agressivos do mundo na tentativa de combater a inflação, somando 1.175 pontos-base de alta entre março de 2021 e agosto de 2022.
Uma pesquisa da Bright Side/Quaest com 94 gestores de fundos, economistas e analistas que trabalham para 67 empresas diferentes no Brasil mostrou no início desta semana que 92% deles preveem que o banco central iniciará um ciclo de flexibilização no próximo mês.
No entanto, eles ainda discordam sobre o tamanho do corte, com 55% dos entrevistados apostando em um movimento de 25 pontos base, enquanto 32% esperam um corte de 50 pontos base.
Na quinta-feira, o próprio Lula renovou os apelos para que o Banco Central reduza os juros. Ele não detalhou quanto, mas disse em um discurso que “não estava pedindo nada absurdo”.
Em sua última reunião em junho, o comitê de política monetária do banco disse que um corte “parcimonioso” da taxa em agosto é possível se o cenário de inflação positiva continuar, embora tenha notado que uma minoria de seus membros defendeu uma abordagem mais cautelosa.
A reunião de agosto será a primeira a incluir Gabriel Galipolo e Ailton Aquino, os dois primeiros indicados de Lula para o conselho do banco central, que devem ajudar a defender o governo a favor de taxas de juros mais baixas.
(Reportagem de Bernardo Caram em Brasília e Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro Roteiro de Gabriel Araujo Montagem de Steven Grattan, Josie Kao e Frances Kerry)