Empresas brasileiras apoiam o governo para mudar sua postura climática – WSB-TV Channel 2

GLASGOW, Escócia – (AP) – Empresas poderosas exortam o presidente brasileiro Jair Bolsonaro a renunciar à resistência de longa data do país em questões-chave nas negociações climáticas da ONU neste ano, argumentando que o Brasil não pode perder a oportunidade de usar sua vasta riqueza natural na luta contra o aquecimento global.

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, que afirma representar as empresas por trás de quase metade da economia do país latino-americano, pediu ao governo que reprima o desmatamento ilegal e alivie sua postura linha-dura nos mercados de carbono.

Esses esforços, que ecoam demandas semelhantes de investidores internacionais e Legisladores americanos, parecia estar dando frutos.

Na semana passada, o Brasil surpreendeu os observadores ao aderir a um compromisso internacional de parar e reverter o desmatamento até 2030. E um discurso do ministro do Meio Ambiente do Brasil na quarta-feira é esperado para ver o país estabelecer uma nova posição nos mercados de carbono que pode ajudar a quebrar um impasse prolongado sobre a questão.

“Temos sinais positivos do governo”, disse Marina Grossi, presidente do grupo empresarial conhecido pela sigla em português CEBDS, que inclui as gigantes da mineração Anglo American e Vale, e as petrolíferas Petrobras e Shell.

Grossi disse que o setor privado brasileiro acredita que o país pode alcançar seu objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2050, uma data que foi recentemente adiada a partir de 2060, protegendo a enorme Amazônia, que absorve carbono.

“É uma grande oportunidade”, disse ele à Associated Press em uma entrevista na terça-feira. “Nosso grande elefante na sala é o desmatamento ilegal.”

O governo brasileiro tem prestado pouca atenção a demandas semelhantes de grupos ambientais. Mas Grossi disse que as grandes empresas podem estar em melhor posição para derrotar o governo de direita de Bolsonaro, que enfrenta eleições no próximo ano.

“O setor privado disse que é bom para os negócios, não é ideológico”, afirmou.

Além de poder aumentar seus esforços de redução de emissões salvando a Amazônia, o Brasil poderia se beneficiar enormemente se os países nas negociações climáticas da ONU deste ano chegassem a um acordo sobre a questão dos mercados de carbono. Conhecido como ‘Artigo 6’, os esforços para resolver a questão iludiram os negociadores por anos, mas as autoridades estão otimistas de que um avanço poderia ser possível em Glasgow.

É provável que o Brasil tenha de abrir mão de suas demandas para manter os questionáveis ​​créditos de carbono que acumulou em um acordo anterior. Mas um acordo que forneça regras rigorosas para os mercados de carbono pode tornar o Brasil um destino importante no futuro para países e empresas que desejam compensar suas próprias emissões excedentes.

Há indícios de que o governo brasileiro abrirá mão de seus direitos sobre os antigos créditos de carbono. Um ministro e um assessor do Ministério do Meio Ambiente envolvidos nas negociações em Glasgow disseram à AP que já foi tomada uma decisão nesse sentido. O Brasil provavelmente buscará alavancar a reversão de sua posição para extrair benefícios, disseram eles. Ambos falaram sob condição de anonimato porque as conversas são privadas e contínuas.

Em um painel de discussão, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, destacou a necessidade de os países em desenvolvimento receberem mais de US $ 100 bilhões em apoio financeiro prometido pelos países ricos para ajudar a alcançar uma transição verde global.

“Dias atrás saiu um estudo de um banco que dizia US $ 5 bilhões por ano, tanto público quanto privado”, disse Leite, acrescentando que o Brasil precisa ter políticas claras e incentivos para promover o desenvolvimento verde.

Mas alguns investidores continuam céticos sobre se o atual governo brasileiro mudará seu enfoque no desmatamento, nas mudanças climáticas e nos direitos dos povos indígenas.

Kiran Aziz, diretor de investimentos do maior fundo de pensão da Noruega, KLP, disse que havia indícios de que “cortinas de fumaça estão sendo colocadas no lugar de medidas genuínas para combater o desmatamento, rastrear cadeias de abastecimento e promover a agricultura sustentável. Que protege os direitos das comunidades locais.”

“Como um investidor global, temos que ser honestos e abertos que o chefe do país está repelindo o investimento estrangeiro em seu caminho para a destruição de suas florestas”, disse ele. “Independentemente do que diga o ministro do Meio Ambiente, Leite, é o Bolsonaro quem toma as decisões”.

___ Relatou Álvares de Brasília. ___

Acompanhe a cobertura da AP das negociações sobre o clima em http://apnews.com/hub/climate

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