Disputa de terras põe em dúvida créditos de carbono na Amazônia brasileira

O Projeto Jari Pará REDD+, uma iniciativa corporativa de conservação na floresta amazônica brasileira, está sob escrutínio por vender créditos de carbono de terras públicas sem autorização do estado.

O projeto abrange cerca de 497.000 hectares, que Verra aprovou para emitir créditos de carbono. A Verra é uma organização líder em certificação de remuneração.

No entanto, uma empresa da Thomson Reuters Foundation A investigação (Context News) descobriu que o projeto operava em disputas de propriedade de terras. Isso cria uma batalha legal e levanta preocupações sobre a credibilidade das compensações para áreas com propriedade de terra em disputa.

A disputa fundiária do Projeto Jari Pará

A maior parte da área do projeto florestal está registrada como terra pública. No entanto, o Projeto REDD+ Jari Pará continuou a operar em terras disputadas, de acordo com uma investigação da Context.

O projeto teve início em 2014 com o objetivo de reduzir as emissões por desmatamento e degradação florestal e proteger a biodiversidade. Mas uma decisão do tribunal estadual de 2012 concluiu que a empresa que afirmava ser proprietária do terreno, a Jari Celulose, não tinha o direito de fazê-lo. Isso resultou no cancelamento da escritura em 2016.

  • Em 2018, o estado registrou a Fazenda Saracura, uma parcela de 386.000 hectares, como propriedade pública e a renomeou como Gleba Arraiolos.

Apesar disso, os documentos de descrição e validação do Projeto Jari Pará REDD+ 2019 listados no site da Verra têm um link para o lote de terra registrado pela Jari Celulose em Sistema Brasileiro de Gestão Territorial (SIGEF). Indica que o título de propriedade foi cancelado em 2016 e é inválido.

Em particular, aqui estão as parcelas do projeto de acordo com o Contexto.

Projeto Jari Pará na Amazônia brasileira
Mapa: Diana Baptista, André Cabette Fábio Fonte: Registro do projeto Verra de 1811, Relatório “Ação contra a grilagem nos cartórios do estado do Pará”, Ministério Público do Estado do Pará, Sistema Brasileiro de Gestão de Terras (SIGEF), Cartório de Registro de Imóveis de Monte Alegre

A legislação brasileira exige que empresas privadas tenham permissão do Estado para operar em florestas públicas. Mas a Jari Celulose afirmou ser a “proprietária legítima” do espólio em documentos de registro arquivados na Verra em 2019.

Impacto na credibilidade dos créditos de carbono da Amazônia brasileira

A venda de créditos de carbono de projetos de REDD+ com base na posse de terra inválida levantou questões sobre a credibilidade das compensações. A Verra iniciou uma revisão do projeto e suspendeu a emissão de novos créditos de carbono em resposta à investigação.

Empresas internacionais e nacionais compraram créditos do projeto Jari Pará para compensar suas emissões de aquecimento climático e proteger as florestas. Grandes nomes incluem Janssen, 3M, CNN e BMW, além de Globo e Bradesco.

Autoridades estaduais e pesquisadores argumentam que o registro da Fazenda Saracura como patrimônio público questiona a credibilidade do projeto REDD+. Cancelamentos e bloqueios contra as reivindicações de terras da Jari Celulose garantem que os créditos de carbono da Amazônia brasileira não possam ser negociados, de acordo com Herena Melo, promotora agrária que liderou a investigação.

Enquanto a Jari Celulose reivindica o direito de operar um projeto de carbono na terra devido a uma decisão do tribunal de primeira instância do estado do Pará em 2021, o caso permanece indeciso.

A venda de créditos de carbono do disputado projeto de posse de terras no Brasil destaca o problema não resolvido da grilagem de terras na Amazônia, e os créditos de carbono tornam a situação mais complexa.

Verra divulgou uma revisão do projeto. Ainda assim, funcionários do estado e pesquisadores argumentam que a grilagem de terras continua sendo um grande problema na região.

A credibilidade dos créditos de carbono do projeto Jari Pará REDD+ na Amazônia brasileira tem sido questionada. Em última análise, isso levanta questões sobre a validade das compensações de carbono de áreas com propriedade de terra em disputa.

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